O núcleo de dramaturgia da emissora reforçava-se bastante com a chegada de José Wilker em sua direção, no final de 1986. Em março de 1987, o mesmo Wilker integrava o elenco de "Corpo Santo", novela policial ambientada na capital fluminense. Uma nova revelação da Rede Manchete surgiu em abril de 1987. No elenco do infantil "Nave da Fantasia", Angélica surgia com apenas 13 anos de idade no universo da televisão brasileira e ganhava cada vez mais destaque na programação da emissora.
Em julho de 1987, uma nova crise abala o andamento da Rede Manchete, demitindo cerca de 100 funcionários. O resultado foi visto na desativação da linha de shows da emissora, composta por musicais e humorísticos. A partir daí, Adolpho Bloch, já decepcionado com o andamento de sua rede de televisão, confirma a intenção de vendê-la em um futuro próximo.
Crises à parte, o ano de 1987 rendeu bons frutos para a apresentadora Angélica, que veio a apresentar no segundo semestre daquele ano o novo "Clube da Criança", programa anteriormente apresentado na emissora por Xuxa. Inicialmente em companhia de Ferrugem, Angélica comandava as diversas gincanas e brincadeiras que fizeram parte do programa, também recheado de desenhos animados.
O ano de 1988 iniciava-se com uma notícia desagradável para a direção da emissora, referindo-se ao ponto de vista econômico. O saldo de dívidas que há dois anos registrava cerca de 23 milhões de dólares havia saltado para 34 milhões, um quadro que se tornava cada vez mais agravante diante de tantos prejuízos acumulados. Apesar de enfrentar este quadro de uma forma bastante discreta, a Rede Manchete comemorava os seus 5 anos de existência na condição de terceira maior rede de televisão do Brasil. Contornada a crise, a situação melhora em julho de 1988, quando a emissora chegou a transmitir as Olimpíadas de Seul. Neste período, vale destacar também a reabertura da linha de shows da emissora. A partir daí, surgem 19 novos programas, destacando o humorístico "Cadeira de Barbeiro", com Lucinha Lins e Cacá Rosset e o "Sem Limite" com Luiz Armando de Queiroz, que trouxe de volta o tracidional formato de programa que fez bastante sucesso nos primórdios da televisão brasileira: o de perguntas e respostas.
No final de 1988, a Rede Manchete investia bastante em jornalismo. O fato era visto em um notíciário chamado "Repórter Manchete", que ocupava um bom pedaço das manhãs de segunda a sexta-feira. Ainda neste período, destacaram-se na Manchete a cobertura das eleições para prefeito e a promulgação da nova constituição brasileira, um dos mais importantes fatos históricos da política nacional. Ainda neste período, chegaram na tela da Manchete diversos live actions, como "Jaspion" e "Changeman", por exemplo, que já conquistavam um público fiel infantil nas suas primeiras semanas de exibição dentro do "Clube da Criança" de Angélica.
Em 1989, cada vez mais se recuperando das crises, surgiam novas oportunidades para a produção de mais novelas. No mês de julho ia ao ar "Kananga do Japão", protagonizada por Christiane Torloni e Raul Gazolla. Nos destaques infantis, a emissora aproveitou o grande sucesso do lançamento de live-actions japonesas no ano anterior e trouxe novos super-heróis orientais para o seu público infantil. Nos esportes, eram vistas as transmissões ao vivo dos jogos da "Copa Rio". O jornalismo ganhou mais destaque na emissora com o lançamento do "Documento Especial: Televisão Verdade", um dos melhores programas de reportagem da televisão brasileira. Apresentado por Roberto Maya e dirigido por Nélson Hoineff, o "Documento Especial" tratou-se de um jornalístico altamente explícito que abordava temas polêmicos como drogas, violência e sexo. Ainda em 1989, a Rede Manchete ganhou muito destaque no humorismo, lançando o "Cabaré do Barata", um verdadeiro retrato da política nacional em forma de bonecos que contracenavam com o seu apresentador, o humorista Agildo Ribeiro. Falando em política, a Rede Manchete não mediu esforços e cobriu as eleições de 1989, a primeira eleição direta para presidente após mais de 20 anos de ditadura militar.
O ano de 1990 representou um notabilíssimo avanço na área de dramaturgia da emissora com o lançamento de "Pantanal", uma das melhores novelas já produzidas no Brasil. Consagrando-se como o maior trunfo da Rede Manchete, "Pantanal" revolucionou a linguagem da teledramaturgia brasileira investindo bastante em cenas de externas, com o objetivo de exaltar um dos mais belos cartões postais de nosso país. Em termos de audiência, tornou-se um fenômeno: atingiu a marca máxima de 40 pontos e constantemente derrotava a liderança da Rede Globo em pleno horário nobre. Outro grande motivo que levou "Pantanal" ao grande sucesso foram as fartas cenas de nudez vistas nos constantes banhos de rios de suas personagens. Outras grandes sensações do núcleo de dramaturgia da emissora foram algumas minisséries produzidas e exibidas no horário das 22:30.
Ainda em 1990, a Copa do Mundo da Itália não deixou de ser transmitida pela emissora, que novamente colocava a sua equipe em campo, seja nos jogos ou nos diversos debates. Da mesma forma que na Copa passada, a Manchete não alcançou grandes colocações em audiência, mas fez uma boa transmissão, sempre disposta a mostrar o lado cultural do país-sede em sua "Copa Total". A última partida do mundial, novamente disputada entre a Argentina e a Alemanha esteve presente na tela da Manchete, que também mostrou a conquista do título pela seleção alemã.
No ponto de vista econômico, a Rede Manchete enfrentou uma situação delicada em julho de 1990, vista no embargo de seus bens pelo Banco do Brasil para garantir o pagamento de 60 milhões de dólares que a emissora tinha com aquela instituição bancária. Problemas à parte, naquele mesmo ano, a emissora faturou cerca de 120 milhões de dólares, um excelente resultado para uma empresa que já amargava alguns prejuízos e cada vez mais acumulava dívidas. Este elevado faturamento deve-se em primeiro lugar ao estrondoso sucesso da novela Pantanal.. Também merecem destaques no ano de 1990 a cobertura das eleições e a chegada de novas live-actions dentro de seus programas infantis. Uma luz no fim do túnel brilhava cada vez mais forte no final daquele ano. Em dezembro, ia ao ar a novela "A História de Ana Raio e Zé Trovão", valorizando os diversos locais que ainda passaram despercebidos pela dramaturgia nacional.
Em 1991, o "Cinema Nacional" ganhou destaque na programação da Rede Manchete, exibindo produções das décadas de 70 e 80, em sua maioria. Ainda prestigiando a cultura nacional, prosseguiu com a sua proposta de produzir e exibir minisséries, destacando-se algumas adaptações de obras famosas. Na surdina e distante da tela, houveram rumores de que a emissora estaria sendo vendida no mês de agosto para o empresário e deputado federal Paulo Octávio, amigo do então presidente da República, Fernando Collor de Mello. A proposta não foi concretizada.
Uma grave crise tomava conta da emissora no início de 1992, tornando-se cada vez mais visível no fracasso da novela "Amazônia". Com exceção desta, o resto da programação da Rede Manchete não demonstrava a situação crítica pela qual se passava nos seus bastidores. Naquele mesmo período, entrava no ar "Almanaque", programa de variedades apresentado por César Filho e Tânia Rodrigues. Nos bastidores, ganhavam cada vez mais êxito as negociações de venda da Rede Manchete para o Grupo IBF, empresa ligada à fabricação de formulários e à impressão de loterias instantâneas, capitaneado pelo empresário Hamilton Lucas de Oliveira.
Em maio de 1992, uma notícia chamava bastante a atenção nos bastidores da televisão brasileira. Concretizava-se a venda da Rede Manchete de Televisão para o Grupo IBF. O grande empreendimento que o empresário Adolpho Bloch tanto apostou ganhava um novo dono e encontrava-se em estado lamentável.