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As primeiras ocupações humanas

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As primeiras tribos e civilizações

Introdução

        O crescimento da complexidade regional das populações da península na Idade do Ferro (900-400 a.C.) leva a sua identificação em tribos. A maioria delas é conhecida pelo nome a elas dado pela mais destacada delas, a dos latinos.

        Do ponto de vista linguístico, a distribuição de falares na Itália na Idade do Ferro era a seguinte:

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Principais grupos étnico-linguísticos da Itália:

  • Ramo desconhecido

1. Reto
2. Etrusco
3. Corso e sardo

  • ramo celta

4. Galo-lepôntico
5. Lígure

  • Ramo balcânico

6. Venético
7. Messápico

  • Ramo itálico

8. Osco-umbro
9. Latino-falisco

  • Ramo helênico

10. Grego

 

As comunidades de origem linguística desconhecida

Os retos

        No nordeste da península, viviam tribos réticas, povos da Cultura de Fritzens, tirolesa. As principais tribos dessa gente são os retos, aos quais se juntaram as tribos gaulesas dos isarcos, estoenes, venostos, anaunos, trumplinos, bellunos, camunos e carnos.

        A língua dessas gentes é de origem desconhecida. Decerto é um dialeto lígure, com elementos das culturas do norte dos Alpes e dos galos que se estabeleceram no norte italiano.

Os etruscos

        No domínio cultural etrusco viviam as tribos dos friniatos, apuanos e os faliscos (de língua indo-européia). Além, é claro, das várias tribos dos etruscos.

Os corsos e sardos

        Na Sardenha, os sardos e iolenses eram os únicos grupos existentes. De igual modo, na Córsega só estavam os corsos.

        Já a Sicília dividia seu território entre os colonos gregos, os sicânios, os sículos, os élimos e os mamertinos.

 

O grupo de falantes de línguas celtas

Os galo-lepônticos

        A região norte da Itália, onde viviam os paleo-lígures da Cultura Golasecca, foi sendo invadida, pacificamente às vezes,  a manu militari em outras, por grupos de origem celta, os gauleses do norte da França. Da mescla com os retos surgiu o grupo etno-linguístico dos celto-lígures, como os lepôncios, e o grupo dos celto-réticos, como os camunos. No Fríuli se estabeleceram os celto-réticos da tribo dos carnos.

        A língua dos galo-lepônticos já era falada na região lacustre do norte da Itália entre 700 e 400 a.C. e durou até a chegada dos galos senones, por volta do século IV a.C., fruto de um segundo e mais poderoso movimento de tribos celtas em direção ao Mediterrâneo.

        Nessa segunda onda, até a região padana foi tomada por levas de gentes gaulesas. Os senones, por exemplo, se estabeleceram em território piceno.

Os lígures

        Os lígures viviam no noroeste da Itália, nos vales do noroeste dos Apeninos, em parte dos vales pré-apeninos e a oeste do rio Pó. Pouco se sabe desse povo pré-indoeuropeu que vivia no sul da França e noroeste da Itália. Com o advento dos povos dos Campos de Urnas, os lígures foram pouco a pouco  perdendo sua identidade como povo e assumindo a cultura indo-européia. O golpe de misericórdia sobre os ligures como povo aconteceu quando os gauleses se moveram da região do Danúbio para o norte da França para o sul e dali para o norte da Itália em fins do século V e inícios do século IV a.C.

        O estágio final da língua dos lígures certamente apresentava muitos elementos das línguas dos galos que com eles se mesclaram.

        As principais tribos desse grupo foram o medúlios, lepôntios, orumbóvios, anamaris, segóvios, salasses, vediântios, veitúrios, bagienos, insubros, cenomanos e libicos.

O grupo de falas paleo-balcânicas

As tribos paleo-vênetas

        Povos de origem proto-ilírica, indo-européia, chegaram ao nordeste da Itália em princípios do século X a.C. e substituíram a antiga cultura dos euganeus, resultando o povo dos paleovênetos.

        As tribos vênetas conhecidas são as dos vênetos e arusnatos. Também certamente estava nesse grupo as dos histros, iápodos e liburnos (da antiga Iugoslávia).

        Eles tinham em seu panteão a divindade de nome Rétia, protetora dos castellieri.

        A língua vêneta ainda não é bem conhecida. Deles ficaram umas poucas inscrições.

As tribos messápicas

        Nos séculos IX a VIII a.C., todo o sul da península abaixo do Garigliano, exceto a Apúlia (de cultura afim à ilírica) e a região metapontina (sede da cultura enotria), podem ser consideradas dominada pelos povos da cultura das Sepulturas de Fossa, de origem indo-européia. Essa gente é também denominada pelos cientistas de paleo-itálicos ou povos da Cultura Ausonias.

        Os povos ilíricos seguiram influenciando os povos da costa oriental da Itália e as tribos resultantes receberam denominações regionais: picenos, frentanos, apúlios, iápiges, marrucinos e peucetianos (estes também conhecidos como messápios).

        Da tribo dos iápiges teria vindo o topônimo Iapígia>Iapília>Iapúlia>Apúlia.

        Aqui ficavam as cidades como Histonium, Buca, Hortona e Anxani no país dos frentanianos. Chieti, no dos marrucinos. Atina, Fucino, Lucca e Muria no dos mársios. O historiador Gellianus afirmou que a cidade mársia de Archippe, fundada pelo comandante lídio Marsyas, e que afundou no lago Fucino. Amiternum, Correse, Fidenae, Ferano, Norcia, La Mentana, Riete, Trebula Mutuesca, Trebula Suffena, Tivoli e Taranono país dos sabinos.

        No século VIII a.C., a aldeia de Valesio tinha cerca de 40 cabanas e uma população estimada de 200 habitantes, espalhada numa área de cerca de 7 hectares, cercado por muralhas de 4 metros de altura. Dentro do perímetro murado, apenas 60 por cento da área era ocupada por edifícios públicos, ruas e casas. O restante ficou livre para usos agrícolas ou pastoris. Por ser vila marítima, a pesca certamente desempenhou papel importante na alimentação do seu povo.

        Tinam contatos com os povos vizinhos e o achado de cerâmica coríntia faz supor que também comerciavam com portos estrangeiros.

        A cidade messápia de Egnazia floresceu entre os séculos VII e VI a.C. Nela havia um porto evila_Egnazia.jpg (13601 bytes) muros defensivos. As sepulturas, artes e defesa expõem o caráter dos messápio. As tumbas messápicas são de fossa (ou pseudo-sarcófago), geralmente reunidas no fundo de contrafossos maiores, de semi-câmara ou de câmara. Esses dois útimos tipos de sepulturas geralmente são rebocadas e pintadas.

        Em Cavallino, afloram muros de blocos grossos de pedras. No interior, uma enorme praça na qual se encontram casas e lojas ou oficinas. Em uma dessas oficinas se encontrou enfileiradas às paredes uns recipientes grandes, que parecem ter sido utilizados para guardar grãos. Numa outra, há restos de tijolos de uma fornalha e escórias do trabalho com o ferro.

        Outro centro messápico foi Roca Vecchia. Numa gruta de Poesia estava sobre a parede uma inscrição em língua messápica, grega e latina. Nas proximidades de Otranto, foi recentemente descoberto o hipogeu de Torre Pinta, escavado em rocha vulcânica.

        No século I a.C., as áreas das covas de Egnazia foram ocupadas por uma necrópole de incineração. Mas os restos dos séculos III e IV d.C. mostram a volta do rito de inumação.

        Os messápios plebeus eram sepultados na terra, tanto em área interna quanto externa ao burgo. As tumbas eram simples, com seis lajes de pedra e sobre a tampa vinha às vezes gravado o nome do defunto. Já os membros das elites eram iumados em hipogeus, como os de Lecce, Rudie ou Vaste.

        Das inscrições tumulares foi possível conhecer antroponímicos messápicos: Dazimas, Nalohias, Kantorres, Molon, Morhodias, Poxas, Praxsidias. Num disco de bronze encontrado em Valesio, estava o nome de um homem, Avithas, provavel escravo da senhora Zara Baleia.

        Numa ânfora romana do século III a.C., estão gravados os nomes de seus artífices: Accius, Lucius Anionus, Dyonisius, Lucius Fannius, Mena, Sotericus.

        Textos gravados em pedras foram achadas em Valesio e mostram a vida religiosa na cidade, fazendo referência à sacerdotisa Demetra. Um altar datado do século IV ou III a.C. tem uma dedicatória ao deus Taotor.

        A língua messápica deixou poucas fontes para que pudesse ser melhor estudada.

         Os contatos frequentes com a civilização grega levaram à helenização dos povos indígenas do Salento ainda no século VI a.C. A cerâmica típica da Idade do Ferro é substituída por aquela produzida por torno veloz, segundo padrões gregos de formas e decorações. A produção ateniense chega à região no século seguinte.

Os povos de falas itálicas

O grupo dos povos de fala itálica

        As populações de fala itálica tinham a cultura Villanova, um horizonte cultural amplamente difundido no centro-sul italiano, com exceção da península da Apúlia, no território de Novilara e nos territórios gregos.

        As gentes de fala itálica são usualmente distribuídas em dois grupos e alguns subgrupos, acomodados segundo as características de suas línguas, talvez a única forma de classificação conhecida no momento.

        Esquematicamente,

grupo

subgrupo

tribos

Osco-Umbro

Médio-adriático

umbros, sabinos e picenos

Sabélico ou itálico-central

samnitas (pentros, carecinos, hirpinos, caudinos), marrucinos, frentanos, campanos, sidicinos, auruncos, alfaternos, apúlios, lucanos, bruzos, marmetinos, vestinos, équos, marsos, pelignos, hérnicos, volscos e

Latino-falisco Latino latinos, prenestinos
Falisco faliscos
Sicano sículos, enótrios, ópidos

Características linguísticas dos povos itálicos

 

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        Além da língua assemelhada, os dois grupos têm um conjunto de divindades muito semelhante nessa fase histórica. Os principais são:

    Kerres - Cerere
    Vezkei
    Evklui
    - Mercúrio ou então Ade, irmão de Júpiter
    Futrei Kerriiai - Perséfone, filha de Demetra
    Anter Statai - a Stata Mater dos mársos
    Ammai Kerriiai - Demetra
    Diumpais Kerriiais - as ninfas das nascentes
    Liganakdikei Entrai - divindade ligada à vegetação e aos frutos
    Anafriis Kerriiuis - as ninfas das chuvas
    Maatuis Kerriiuis - deusa itálica que protege as lavouras das geadas
    Diuvei Verehasiui - Júpiter Virgator
    Diuvei Regaturei - Júpiter Pluvio
    Hereklui Kerriiui - Hércules
    Patanai Piistiai
    Deivai Genetai
    - Mana Geneta
    Pernai Kerriiai
    Fluusai
    - Flora protetora da germinação

        Em alguns santuários, sacrifícios eram oferecidos sobre piras sagradas.

As tribos osco-umbras

        Nesse grupo se encontram uma miríade de tribos, como se vê no mapa acima, com seus nomes latinos. Eles têm provável origem nos Bálcãs centrais e norte.

        As línguas desse grupo são as mais inovadoras e conservam o fonema /p/ onde as demais línguas itálicas usam o /kw/, fenômeno semelhante ao que ocorre nas línguas celtas britônicas e goidélicas. Dessa forma, a palavra quis (quem) latina assume no osco e no volsco a forma pis, no umbro a forma pisi.

        Um traço comum às comunidades desses grupos é o festival arcaico conhecido como Primavera Sacra ou Ver Sacrum. Quando uma comunidade sofria alguma calamidade, como epidemias, enchentes, secas ou quebra de colheita, as famílias sacrificavam seus primogênitos machos nascidos no período primaveral para acalmar ou agradar o deus Mamerte. Não era um sacrifício sangrento. Os jovens dedicados ao deus eram associados a um animal selvagem. Cresciam já sabendo que na puberdade seriam chamados para as festividades, que constavam de música, danças e jogos. Ao final do período de festa, eles eram presenteados com bens e o gado nascido no ano. A seguir, convidados a deixar o grupo e formar uma nova comunidade alhures.

        A partida acontecia depois dos ritos mágicos realizados no lago sagrado de Cutilia. Os jovens procuravam um animal ao qual foram consagrados (um boi selvagem, um cervo, um lobo) e perambulavam atrás deles até achar um local que a juízo deles tivesse sido indicado por Mamerte. Ali se estabeleciam e procuravam mulheres para o casamento.

        A Ver Sacrum teve provável origem indo-européia e parece manifesta nas migrações estacionais gregas. Dela certamente deriva o uso de peles de animais nos pendões e roupas dos soldados, como se vê em estelas da Espanha e da Inglaterra. Dessa maneira os historiadores explicavam a multiplicidade de tribos desses grupos.

        Outra instituição religiosa amplamente praticada por essa gente era a Lex Sacrata, um rito que vinculava os homens numa determinada tarefa, principalmente política ou bélica, consagrando em conjunto suas famílias e patrimônios a uma divindade.

        Quando os gauleses chegaram à região central da Itália, no século IV a.C., troxeram consigo ritos druídicos que começaram a ser praticados também pelos nativos, quiçá mercê da mesclagem pelo casamento entre as duas etnias. Os pedriscos talhados, como o de Sepino, são típicos dessa cultura.

        Os principais grupos humanos dessa gente eram, sem dúvida, os umbros, samnitas, sabinos e volscos.

Os umbros

        Os oscos ocupavam os territórios hoje chamados de Marche e Abruzzo.

        Falavam língua da família indo-européia, com traços comuns ao latim e ao osco.

        Os gauleses iapuscos e senones se estabeleceram no território a partir do século IV a.C.

Os volscos

        Os volscos se estabeleceram no vale do médio Liris e nas regiões sudeste das colinas Alba. Suas principais cidades foram Sora, Arpinum, Atina, Privernum, Ecetra, Antium, Circeii, Anxur (hoje Tarracina, talvez derivado do etrusco tarrakina), Velitrae, Satricum (tomada em 488 a.C.) e,talvez, Pometia.

        Os escritores latinos os descrevem como gente feroz e semi-bárbara que, à falta de estratégia militar nas guerras, atacam com ferocidade e força bruta.

        Os volscos entraram em luta contra os latinos e, em certa altura, a própria Roma ficou ameaçada. Um tratado entre latinos e volscos durou de c. 493 a.C até 431 a.C., quando os primeiros os derrotaram os équos e submeteram os volscos.

        Eles falavam uma língua estruturalmente assemelhada à dos oscos.

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Os samnitas

        Os samnitas viviam originalmente na Sabine Amirenum, área apenina de Molise e Basilicata, mas no período que vai de fins do século VI a inícios do século IV a.C. expandiram seus domínios ao incorporar as Fontes Sagradas e ali estabelecer suas lavouras e impor sua língua às populações nativas.

        Seus habitantes chamavam a região de Safinim e a si mesmos de Touta Safíneis (povo do Safinim). Segundo a tradição oral, eles eram imigrantes do território sabino e em sua chegada deslocaram ou submeteram os oscos ópicos que ali viviam. Dessa ocupação, segundo as mesmas tradições, se organizou uma nova etnia: a dos oscos (op+sci) ou a dos samnitas (*safnitas).

        Os samnitas eram, na realidade, um agregado de tribos, a saber: pentros, carecinos, caudinos e hirpinos. Esses grupos, com a associação dos frentanos, formaram no século IV a.C. a Liga Samnítica.

        Os pentros eram o coração dessa etnia. Tinham seus habitat nos vales entre as cadeias montanhosas de Mainardi (ao norte) e Matese (ao sul). Sua capital era Aesernia (hoje Isernia) e a ela estavam ligadas as oppida de Aufidena, Alliffae, Bovianum, Fagifulae, Saepinum, Terventum, Arpae, Luceria e Verrafrum.

        Outra tribo samnítica era a dos carecinos. Seu território estava ao norte do Samno e sua população era a menos numerosa das tribos samnitas. Suas principais cidade foram Cluviae e Juvanum.

        A terceira tribo do grupo era a dos caudinos, cujo território ficava no oeste samnino. Por essa razão, ela ficou muito exposta às influências helenizantes das colônias gregas da vizinha Campânia. Os caudinos viviam entre as montanhas que delimitavam a planície campana, a saber, os montes Taburno e Trebulani. Viviam nas cidades de Caudium, Cubulteria, Telesia, Trebula e Saticula, ou em seus arredores.

        Os hirpinos viviam na parte sul do território, também em contato próximo com os gregos de Cumae e Neapolis. O nome da tribo deriva de hirpus (lobo, em osco) e eles eram chamados de homens-lobo, seja pelo costume dos guerreiros de vestir pele de lobo sobre a cabeça e ombros, seja por ter sido esse animal o guia na Primavera Sacra deles. Suas cidades principais eram Abellinum, Aeclanum, Compsa, Trevicum e Maleventum (cujo nome foi mudado pelos romanos para Beneventum).

elmo_samnita.gif (119171 bytes)        Premidos pela expansão demográfica e necessidade de novas terras para suas lavouras e gado, eles migraram maciçamente para as terras férteis do litoral da Campânia nos anos 450-420 a.C. Em 438 a.C. dominaram a vila de Capua e em 421 a.C. a de Cuma. Ao lado, imagem de um elmo samnita. Eles conquistaram a Lucânia c. 420-390 a.C.

        A explosão populacional deve ter detonado o processo expansionista, que teve impacto em todo o sistema geopolítico da península, pressionando as colônias gregas e a jovem república romana.

        As tribos dos samnitas eram governadas por um chefe a quem entitulavam meddix. Os romanos falam de uma Legio Linteata, dedicada a Linteus, composta de um seleto grupo de 60.000 soldados, voltada sob juramento ao sacrifício supremo para defender seu povo.

        O escritor Lívio cita uma dessas cerimônias que aconteceu em 293 a.C., na qual os soldados prestavam juramento de obediência cega ao comandante, sob pena de ser entregue à vingança de Júpiter.

        Havia, em realidade, duas tropas, que se diferenciavam pelo metal que incrustavam em seus escudos: uma usava o ouro e a outra a prata.

        O panteão samnita é grande e eles não mantinham templos exclusivos a um só seus. Em agnone, por exemplo, uma tábua ali encontrada cita dezessete deuses venerados no local.

        Nem todos os deuses eram comuns a todas as tribos, mas os principais eram Júpiter, Marte (ou Mamerte), Mercúrio, Diana, Apolo, Dioscuri (Castor e Pólux), Dionísio, Ceres (em diversas formas, inclusive como ninfas) e Hércules. É evidente nessa lista a influência grega no panteão dos samnitas proto-históricos.

        Os samnitas falavam uma língua que guardava semelhanças estruturais com o latim.

Os lucanos

        Os lucanos, segundo a tradição, eram fruto de uma Primavera Sacra samnita acontecida no século V a.C. Eles originalmente estavam estabelecidos na cidade de Eburun (hoje Éboli, próximo a Salerno). Contando com uma força militar de respeito, expandiram seu território cruzando as montanhas ao longo do rio Sele e ocuparam a cidade de Vulceium (atual Buccino) e Ursento. A seguir, dominaram Numistro, fundaram Abella e conquistaram Bantia.

        Dali, tomaram o rumo do curso do rio Tanagro e fundaram as cidades de Atella e Teggiano. Fundaram, então Sontia (a atual Sanza) e tomaram a cidade de Grumento, às margens do rio Agri (Basilicata). No rumo norte, os samnitas se espalharam nas atuais províncias de Avellino, Salerno e Vigorito. Seu território tirrênico ia do rio Sele ao Laos.

        Acredita-se que também avançaram sobre o território enótrio de Montepruno (Roscigno) e Phasis (Sant'Angello a Fasanella). E pela faixa central de Basilicata chegaram à região do Metaponto. No ano de 400 a.C. tomaram a cidade grega de Poseidonia (hoje Paestum).

        Apareceram nas proximidades do rio Laos por volta de 390 a.C., onde derrotaram a tribo dos trúrios. A seguir, avançaram pelo interior da Calábria (c. 356 a.C.), deslocando para o oeste as tribos brúzias que ali viviam.

        Suas tumbas nos assentamentos de Madonna del Carmine, Cupa, Moio e Marrota guardam sinais desse caráter militar dos governantes da comunidade. Na necrópole de Contrada Vecchia (Piano delle Pere), em Agropoli, costa da Campânia, a poucos quilômetros ao sul de Paestum, se encontrou uma câmara de inumação com os corpos de um casal. As paredes da câmara são pintadas, como era costume entre os lucanos, com cenas de partida ou chegada de guerreiros, identificados por suas lanças, escudo, elmo e couraça, ou de jogos (duelos ou corridas), homenagens póstumas ao finado. Os vasos ali deixados tinham paredes de verniz negro ou pintados com figuras vermelhas.

        No século IV em diante, mercê da influência cultural grega, a produção local, essencialmente cerealista, passa a se basear na cultura das vinhas e oliveiras.

Os campanos e brúzios

        Outros grupos que surgiram das Primaveras Sagradas teriam sido os campanos (século V a.C.) e os brúzios (séc. IV a.C.).

Os marrucinos

        Esse povo se denominava Touta Maruca, povo da deusa Maruca. Vivia nas costas adriáticas da Itália central, no interior ou nas vizinhanças das arces de Marrucinae, Ortonum e Busa.

        Uma tábua metálica encontrada em Rapino fixam as regras da prostituição sacra. Essa população celebrava a Mãe Maiêutica, aquela que mostra o filho no colo, associada ao despertar da Natureza, entre abril e maio. Em Rapino, a prostituição sacra consistia na venda pelas famílias de jovens a um colégio interno, onde ficava à disposição da divindade Ceria Giovia (de hipotética origem pelasga), em nome e por conta de todo o povo marrucino. Para candidatar-se ao colégio, a perfeição física e moral era essencial.

        As jovens não eram escravas nem serviam à força, pois a tábua declarava que a lei era sagrada (aisos pacris),lavrada para toda a comunidade (totai maorucai lixs). A admissão era administrada por uma regena iovia, para garantir a justiça do preço. A arrecadação era acrescentada ao tesouro da arx. Elas eram instruídas por uma sacaracinirix ou prostibulastrix.

        Essa atividade era altamente prestigiosa, só exercida nos maiores santuários do Mediterrâneo.

Os sabinos

        Para o poeta Catão, o nome de sabinos derivaria do nome de seu deus Sabo.

        Estrabão dizia que dos sabinos provieram os picenos, samnitas e lucanos. Essa explicação não foi comprovada arqueologicamente. Assim, os sabinos eram um dos povos de cultura Villanova da Itália central. Embora geograficamente vizinhos dos latinos, tinham a mesma origem dos sabélicos, a cujo grupo linguístico pertenciam.

        Os historiadores antigos dizem que provinham dos vales do Aterno e do Nera, nas vizinhanças do Gran Sasso, nos Apeninos abruzzianos. Uma de suas cidades era Testruna, perto de Amiternum (hoje nos subúrbios de l'Aquila).

        Premidos pelos vizinhos (ou talvez em uma Primavera Sacra), se espalharam pelo vale do Velino na Idade do Ferro (X-VIII a.C.), conquistaram Cotilia. Da bacia retiana, passaram a ocupar os vizinhos montes Sabini quando passaram a extrair minérios na região. Transpuseram os montes Sabini e se espraiaram pelos territórios à margem esquerda do Tibre, entre os rios Nera (ao norte) e Aniene (ao sul).

        Na parte, onde hoje fica Arci, em Passo Corese, o chefe sabino Modius Fabidius fundou a vila de Cures Sabini, que passou a ser a mais importante cidade da região.

        No século VI a.C. já estavam firmemente estabelecidos nas margens esquerdas do rio Tibre, onde os vilarejos passaram da fase proto-urbana, sem proteção de muros, para a fase urbana e o território vizinho foi se organizando politicamente. Essas cidades se colocavam nas vias que usavam para tocar o gado, para a circulação das mercadorias e para controlar o movimento de tropas de guerreiros.

        A sociedade sabina sustentava uma classe de guerreiros, pois nas sepulturas dos homens dessas gentes se encontram espadas, punhais e lanças, de produção local ou importada.

        A cerâmica da época arcaica era produzida no local. Tinha  forma oval e decoração com formas geométricas simples ou figuras de vegetais e animais (principalmente cavalos). Vez por outra, figuras humanas estáticas compareciam na decoração. A confecção era típica da área falisca: incisão ou impressão com estiletes.

        Já no período urbano se encontra cerâmicas de origem etrusca ao lado da produção local. Também importavam da Etrúria (Vulci e Orvieto) objetos de bronze. Da costa adriática traziam punhais, pingentes e objetos trabalhados em âmbar.

        Na área norte do território sabino surgem as cidades de Poggio Moiano, Poggio Mirteto, Poggio Sommavilla, Fara in Sabina, Otricoli (na atual Úmbria) e Magliano Sabina. Ao sul, além de Cures, surgem os embriões de Fretum, Eretrum, Trebula, Mutuesca e Forum Novum. A sociedade sabino-tiberina se enriqueceu e seus habitantes copiavam o fausto e refinamento dos etruscos.

        O povoado de Cures está datado do século IX a.C. Até o século VII a.C., tinha um núcleohabit_cures.jpg (12483 bytes) habitacional que ocupava cerca de um hectare de área. No período seguinte, entre o fim do século VIII e inícios do século VII a.C., passou à fase proto-urbana e o núcleo habitacional cresceu para algo entre 25 e 30 hectares. Essa teria sido a época de nascimento de Numa Pompílio. De Cures teriam vindo os reis de Roma Titus Tatius (que reinou junto com Rômulo) e o dito Numa Pompílio.

        No século VI a.C., começou a fase urbana de Cures. Fossos foram cavados e muralhas erguidas em volta do povoado. Sua vizinhança vivia do cultivo de oliveiras e videiras e prestava vassalagem à cidade.

        Ao lado, a reconstrução de uma vivenda típica da era urbana de Cures.

        Pensa-se que pelo século V a.C. os sabinos e latinos já tinham relações comerciais bem estabelecidas. Desse período teria acontecido o famoso caso do rapto das sabinas. Vamos a ele.

        Os habitantes da oppidum de Roma necessitavam de mulheres para povoar a cidade. De má-fé, convidaram os vizinhos de Cures para festejar com eles.

        Enquanto a festança corria noite adentro, a um sinal de Rômulo, jovens armados de punhais puseram os homens em fuga e sequestraram algumas mulheres jovens.

        Na manhã seguinte, os sabinos voltaram, em maior número e comandados por Tito Tatius, rei do oppidum de Cures. À porta de Roma, os sabinos seduziram a escrava Tarpea com a promessa de dar-lhe o que tinham no braço esquerdo. Vendo as braçadeiras de ouro, a jovem não pensou duas vezes e abriu aos sabinos os portões da cidade. Os guerreiros sabinos, entretanto, mataram a moça sob o peso dos escudos de ferro que levavam no braço esquerdo, sem quebrar a promessa a ela feita.

        Os sabinos lançaram-se contra os romanos, mas tão logo a refrega começou, as mulheres sabinas aos gritos fizeram-na parar. Não queiram se tornar viúvas ou órfãs e manifestaram sua concordância em ficar com os maridos romanos.

        O panteão sabino era comandado por Vacuna, identificada com Diana ou Ceres, protetora dos campos e da natureza silvestre. Ou com Vênus e, em seu caráter belicoso, com Minerva e Bellona. Também cultuavam Velinia e as Linfas Commotiae (ou Commotiles), primitivamente associada à romana Vitória. O culto a eles estava associado aos bosques, águas (lagos e correntes).

        Anualmente a ilha de que havia no lago de Paterno (lacus Cutiliae). Uma cabeça de homem era jogada nas águas em louvor a Jovis (Jovis Optimus Maximus) e a Saturno, enquanto as vísceras eram ofertadas a Apolo como um sacrifício. Tais ritos cessaram quando Hércules fez substituir o homem por um boneco de cera.

        Outra deusa festejada era Feronia, ligada à agricultura e à fertilidade. A área de sua adoração ia de Rimini a Terracina e seu principal santuário (Lucus Feroniae) ficava além-Tiber, perto de Fiano Romano. Por fim, também se conhecem os deuses Sanctus e Pater Retainus.

        As tribos sabinas foram romanizadas antes do final do século III a.C.

        Sobre a língua dos sabinos, pouco se sabe, em função da precoce romanização, junto com os mársios, équos, hernices e o grupo apenínico vizinho.

        No interior do Abruzzo viviam os vestinos, paelignos e marsos, talvez ligados aos sabinos.

Os picenos

        A tradição diz que os picenos eram uma tribo de camponeses e pastores sabinos, da vasta cultura Villanova, que rumaram a leste e estabeleceram suas lavouras e pastos na costa adriática nos estertores do século VIII a.C., principalmente na atual área do Marche e do Abruzzo, entre os rio Foglia e Pescara, tendo os Apeninos como limite ocidental de seu território. O nome do grupo viria de pinus sacrus, o totem tribal.

        Eles não construíram cidades e seus assentamentos guardam as características de sua sociedade rural. A língua dos picenos é conhecida por algumas inscrições deixadas.

        É possível identificar três fases na sociedade picena. A primeira, balcânico-danubiana, é continuação da sociedade sabina da qual se destacaram. Num segundo momento, entre os séculos VIII e VII a.C., os etruscos exerceram forte influência sobre eles, que também travaram contato com os helênicos egeus do empório de Numana. Por essa época, a sociedade picena começou a se hierarquizar e os guerreiros assumiram importância social. Uma caracterítica própria dessa sociedade picena são os túmulos dos chefes, homenageados com estelas funerárias, tumbas monumentais, estátuas e profusão de acompanhamentos mortuários. Deduz-se dos achados nessas tumbas, que eles costumavam realizar um banquete fúnebre na ocasião dos sepultamentos.

guerr_piceno.jpg (4314 bytes)         O túmulo da Regina di Numana reflete essa característica. Trata-se de uma tumba de fins do século VI ou início do século V, onde o corpo da senhora vinha sepultado sob dois carros, um de combate e outro de transporte, acompanhada de jóias e uma rara taça de ouro.escudo_piceno.jpg (19053 bytes)

        Em Matelica foi encontrada uma outra tumba, onde ao lado dos restos de um jovem príncipe guerreiro, estavam sua lança, espada e bainha.

        É característica dos sepulcros de corpos masculinos o acompanhamento de armas, que são atualizadas constantemente. Desde espadas antigas de bronze a punhais de ferro da fase subsequente. E as armas variam de acordo com a vizinhança da tribo: antes da submissão definitiva aos romanos, ocorrida no século III a.C., eles usavam espadas do tipo celta.

        Na área do Marche são raríssimos os sinais de construções ou monumentos sacros, enquanto no Abruzzo já se vêm alguns. Essa ausência de locais de culto coletivo é atribuída à hierarquização da sociedade picena, que privilegiava o culto particular e doméstico. Nas tumbas há indicação de que cultuavam uma Deusa Alada e um totem de cabeça antropomorfa.

        Tinham contatos comerciais com povos egeus, balcânicos e etruscos, sem que isso tivesse mudado a base da economia local. A introdução do torno no século VI a.C. e a produção local de objetos de bronze, ferro e âmbar foram as grandes inovações tecnológicas.

arte_piceni.jpg (15155 bytes)         A última fase cultural dos picenos foi marcada pela influência dos celtas que se estabeleceram na Itália. Quando os gauleses senonos e siceliotos chegaram à região central italiana, no século IV a.C., trouxeram elementos da cultura deles às sociedades picenas.

        Salvo uns poucos traços do rito funerário de cremação, a maioria das tumbas picenas é de inumação e são poucas as tumbas monumentais. Mas os locais de rito religioso coletivo são mais numerosos. Alguns deuses retratados nas peças de bronze lembram os greco-romanos Júpiter, Minerva, Hércules e Marte.

        O território piceno não era habitado por uma só etnia. O grupo setentrional de Novilaria falava uma língua estranha aos demais dialetos itálicos conhecidos, em particular do proto-sabélico do sul do Piceno.

O grupo dos latinos

        As comunidades proto-latinas do grupo sicano-latino são da cepa Villanova e língua indo-européia, fruto da miscigenação dos lígures da região com os povos indo-europeus que chegaram à Itália. Eles habitavam a costa tirrênica central e do sul. As principais tribos desse grupo eram as dos latinos, faliscos, sículos, ausonos e enótrios.

        Entre os séculos VII e V a.C., o sul da Itália já estava helenizada e influenciava a população paleo-itálica. O impacto maior das colônias gregas se deu sobre os povos paleo-itálicos ocidentais e os povos da Etrúria, resultando na estratificação social, que em pouco tempo desembocaria nos fenômenos de urbanização e na formação de uma aristocracia. Enquanto isso, na região da Apúlia e enotria se assiste a uma evolução rumo ao sedentarismo e ao proto-urbanismo.

        No Lácio e Campânia se destacam populações de latinos, prenestinos e faliscos. A oeste, hernos e équos. A língua dos latinos era muito próxima à dos prenestinosfaliscos

Os prenestinos

    Sabe-se quase nada sobre os prenestino. Eles viviam em Preneste (hoje Paletrina).

    Tudo leva a crer que a língua deles não passava de um dialeto do latim.

Os faliscos

        Os faliscos viviam no território linguístico etrusco desde a expansão toscana do século X a.C. Suas principais cidades eram Civitá Castellana (então Falerii Veteres, ou Faléria Velha), Giunone Curite, cujo patrono era o Deus Pai Sorano (uma outra denominação para Apolo), Blera, Ferentinus, Nepeta, Statonia e outras.

        Eles continuam a população Villanova que deixou uma aldeia em Montarano datada da Idade Final do Bronze. Nos séculos VIII e VII a.C., as aldeias se ampliaram e a comunidade alcançou seu esplendor por volta do século V a.C.

        Algumas poucas inscrições dão conta que eles tinham Mercúrio, Ceres, Libero, Apolo e Minerva em seu panteão.

        Plínio fala de uns grupos familiares, os Hirpos, que viviam no Ager Faliscus. Eles, durante as celebrações anuais a Apolo no monte Soratte, caminhavam sobre brasas com os pés descalços, sem queimá-los. Por isso, com base em uma lei do senado, estavam dispensados do serviço militar e de outras obrigações.

Os sículos

        Outra tribo do ramo foi a dos sículos. Pressionados pelos enótrios da tribo dos ópidos, se moveram para o sul, ocupando partes da Calábria e da Sicília.

        Eles construíram vários vilarejos nos Campos Flegrei (nas vizinhanças de Nápoles), um deles perto da aldeia de Capella e outra, talvez, sobre Monte.

        O centro político dessa gente, isto é, a cidade mais importante e poderosa, era Cuma. Depois que os egeus estabeleceram empório nessa vila, por volta do século IX a.C., trazendo para ela inúmeras famílias, ambas as etnias se fundiram numa só sociedade, altamente estratificada, onde os gregos e as famílias sículas mais tradicionais, geralmente associada ao estamento dos guerreiros, formavam a aristocracia. A plebe, por seu turno, era composta dos camponeses e artesãos, de estirpe sícula.

Os enótrios

        Também dessa mesma estirpe eram os enótrios. Eles, segundo Dionísio de Helicarnasso, teriam vindo das terras da Ilíria até a costa da Calábria e dali, pelo interior, chegado às costas do mar Tirrênico. No entanto, os achados arqueológicos mostram assentamentos estáveis na região durante o Período Final do Bronze até os primeiros contatos com os navegadores micênicos, no século XI a.C. Além disso, o repertório cerâmico enótrio da Idade do Ferro (composto de jarros e bacias com formas geométricas pobres) é bem distinto daquele relativo ao período proto-histórico. Por isso, é mais razoável concluir que os enótrios eram povos da Cultura Villanova que já no Período Médio do Bronze (séculos XVI a XIV a.C.) viviam entre o sul da Campânia, norte da Calábria e faixa central de Basilicata.

        Ao entrar em contato com os micênicos, os enótrios se aculturaram, como mostram as influências estéticas representadas nos vasos enótrios do século VII a.C.

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        Na necrópole de Guardia Perticara, datada do século V a.C., também foram encontrados vasos onde se vê as figuras de Hércules, Hermes Mensageiro e Nike, ao lados de outros personagens da mitologia grega.

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Os sicanos

        O espaço geográfico dos sicanos se estendia até a Sicília. Há quem veja neles um estoque anterior ao indo-europeu. Thucydides atribui a eles uma origem ibérica.

        Uma inscrição sicana foi achadas em Sciri, perto de Caltagirone (Sicília), datada do século VI a.C. e era escrita com 58 letras gregas. Nelas foram lidas  palavras como nendas, tebeg, pra arei, pagosti kealte, inrubo que o cientista Giacomo Devoto define como externa ao universo léxico indo-europeu.

 

O grupo dos helênicos

        Por volta de 1.400 a.C., dois sítios italianos (Scoglio del Tenno e na liha de Lípari) apresentam cerâmica micênica, que talvez possa ser atribuída a inovação nativa, pois não há traços de populações helênicas antes dessa data.

        Nos princípios do século VIII a.C., povos oriundos das cidades-estados gregas começaram a estabelecer entrepostos comerciais, os empórios, ao longo do Mediterrâneo. Com o florescimento dos negócios e a necessidade de uma administração mais cuidadosa da empresa, muitos se mudaram com as famílias para os empórios. Estabeleciam entrepostos no sul da Itália e ilha da Sicília, num território que viria a ser conhecido como Magna Grécia (Grande Grécia), local estratégico por ficar no coração do Mediterrâneo.

        Primeiro vieram os aqueus, povos de origem dória. Os locrianos e calcidianos de Eubea seguiram os aqueus e fundaram Naxos (Taormina), Zancle (Messina), Cuma (na Campânia) e Metaponto (Basilicata). Os coríntios fundaram Siracusa e os megários estabeleceram entrepostos em Megara Hyblaea (no golfo de Augusta, na Sicília). Os fócios se estabeleceram em Elea (Velia, na Campânia).

        Na região ao sul do rio Silaro e nela foram erguidas várias cidades portuárias, que se desenvolveram com o comércio marítimo: Paestum (chamada Poseidonia pelos gregos), Elea (hoje Velia), Buxentum (a Pyxos dos gregos), Blanda ...

        Outras importantes colônias gregas eram as de Neápolis (literalmente, cidade nova, embrião de Nápolis) e Pithekusa (a moderna Ischia).

        Já no século V a.C., a cultura grega já dominava completamente a Sicília e parte da Campânia, Calábria, Basilicata e Apúlia.

        Os gregos geralmente evitavam conflito com os nativos e se colocavam em locais vizinhos e desocupados. A superioridade de sua civilização se impunha naturalmente. No século VI, a população da Calábria e Lucânia costeira já era fruto da miscigenação de helênicos e nativos.

        Quando a civilização grega se impôs sobre os Campos Flegrei, incorporando os nativos da etnia opídia à sua plebe, o porto de Cuma se tornou o principal da costa tirrênica. Dessa colônia sairia o alfabeto adotado por etruscos e por eles difundido por toda a zona central e norte da península. Também aí os etruscos vieram aprender a estética e cultura helenística que permeou a cultura toscana e, por ela, a latina.

        O poderio comercial e cultural grego começou a definhar quando lutas entre as cidades-estados na Grécia enfraqueceram o poderio das colônias na Itália e no resto do Mediterrâneo. As colônias gregas na Itália caíram em mãos de samnitas, brúzios, lucanos e, por fim, dos romanos.

        Em 339 a.C., cartagineses tomaram a banda ocidental da Sicília. Durante a Segunda Guerra Púnica, Siracusa se aliou aos cartagineses e sucumbiu em 211 a.C. ao cerco dos romanos.

        Os brúcios subjugaram diversas colônias gregas na fértil costa da ilha, mas eles próprios se helenizaram um pouco. Anos depois, a região foi tomada à força de armas pelos romanos, em represália ao apoio dos brúcios a Pyrrus. Quando os brúcios deram seu apoio ao cartaginês Aníbal, os romanos voltaram e os escravizaram, acabando com a nação dos brúcios. Em 71 a.C., Spartacus, seguindo o exemplo de Aníbal, elegeu o território brúcio para suas operações.

 

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