Com
adultos o problema é sério, mas é encarado com frieza, com objectividade e,
apesar de tudo, com alguma segurança: a segurança na nossa precaução. Mas o
problema é muito mais grave, quando se coloca ao nível dos nossos filhos. Como
preparar uma criança para conviver numa situação destas? Partilhar o banco da
escola, os quartos de banho, os pratos da cantina, as brincadeiras, os
materiais escolares...?
Apesar de
tudo, a informação clara e objectiva, a prevenção, o esclarecimento e a
formação serão as únicas formas de afastar os medos para, estabelecido o
conceito do seguro e do preocupante, podermos ? num futuro, que esperamos o
mais longínquo possível ? aprender a caminhar juntos para a adversidade.
Mas
estarão a comunidade escolar e a sociedade em geral preparadas para assumir
essas situações sem desencadearem atitudes de fobia e segregação? Inspirará a
sociedade, aos mais próximos dos alunos infectados, o á vontade e a segurança
suficientes para declarar a condição dos seus educandos? Terão as escolas possibilidades
de adoptar medidas eficazes de prevenção só porque no seu seio há alunos
seropositivos? Terão meios para isso? Estarão preparados educativamente para
neutralizar possíveis situações de marginalização que forçosamente iriam
surgir, fomentadas pela franja dos cerca de 17% que não admite a integração? O
exemplo de que temos conhecimento (Fronteira) diz-nos que não e que sim.
Que não,
porque houve (há?) discriminação, medo, fobia do contágio, tomadas de posição
radicais.
Que sim, porque afinal, melhor ou pior, a integração
acabou por se concretizar e a escola soube apetrechar-se com os meios que
considerou suficientes para evitar o contágio. Mas, quantos estarão dispostos a
enfrentar 17% da comunidade escolar que advoga a existência de sidatórios,
perante a passividade tácita de mais, pelo menos, 16%?