Artigos Ténicos :

Saab SA-35 Drakken


O Saab 35 Draken faz parte do trio de caças dos anos 50 que eu chamo de Os Aviões Impossíveis, que se não fosse pelo fato de vê-los no ar, eu juraria que não voariam. Os outros dois são o English Eletric (BAC) Lightning e o Lockheed F-104 Starfighter (recentemente, outro avião se juntou a eles, vocês já viram o JSF da Boeing? Que porra é aquilo?  ). 

O Draken foi um passo ousado, porém realizado com êxito pela Suécia. Foi seu primeiro supersônico, e de cara atingia mach 2. O aparelho anterior, o Saab 32 Lansen não era supersônico,e o Draken foi o 3º modelo de caça a jato produzido no pais, em menos de 12 anos. O primeiro Drakem voou em 25 de outubro de 1955, e entrou em operação em 1959. Naquela época, a grande ameaça eram os bombardeiros estratégicos, que deviam ser interceptados antes de terem chance de soltar seu devastador conteúdo, as bombas atômicas. 

Todos os interceptadores da época foram projetados para destruir os bombardeiros, por isso contavam com os primeiros modelos de mísseis, e uma velocidade suficiente para evitar que chegassem às fronteiras dos países atacados. Vários caças americanos eram desprovidos de canhão, sendo projetados quase que exclusivamente para enfrentar os bombardeiros. Era esse cenário que o Draken foi projetado para operar, um ataque de bombardeiros da União da Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Antigos rivais dos suecos, os soviéticos eram uma ameaça que devia ser detida a todo custo, se necessário. 

Mantendo-se fiel a sua política de neutralidade, os suecos viram-se em maus bocados durante a Segunda Guerra, quando dispunham de fracas defesas para enfrentar um ataque. Então, após o término do conflito, rapidamente desenvolveram uma indústria aeronáutica extremamene criativa e competente, tendo o Saab 21, o Saab 29 Tunan e depois o Saab 32 Lansen como seus primeiros produtos, quando a corrida pela velocidade iniciada na última guerra mostrou que os caças dos anos sessenta operariam a mach 2. 

Mach 2 era um número perseguido por todas as forças aéreas daquele tempo, mesmo que isso sacrifica-se outras características do aparelho, como a capacidade de munição (o nº de mísseis, como o Lightning e as primeiras versões do Mig-21). Daquela geração, o Draken era o mais lento, alcançando "apenas" mach 2, sendo que os rivais iam um pouco mais além. Se era o mais lento, era porém um dos mais avançados. Suas características mostram a grande criatividade e ousadia suecas, como a estranha asa de duplo delta, com as entradas de ar ovais colocadas bem próximas do nariz, no bordo de ataque da asa. Trata-se da única asa duplo delta a ser colocada num caça de série, proporcionando ao Draken, grande agilidade e desempenho, e uma característica desconhecida dos caças da época, a decolagem em pista curta. 

Esta é uma característica indispensável para o emprego do avião pelos suecos, fora das bases convencionais. Isso significava também uma manutenção mais fácil, e uma maior robustez por parte do aparelho. Como os suecos logo assimilaram as lições da última guerra, que mostrava que as bases convencionais eram um alvo que defesa anti-aérea nenhuma podia defender com total eficácia (os caças aliados destruíram boa parte da Luftwaffe no solo), eles espalharam os seus caças em centenas de pequenas bases secretas espalhadas pelo extenso território sueco, e depois pelas rodovias do país. 

Isso foi também feito de certo modo pela URSS, pois uma olhada mais atenta no trem de pouso dos Mig e Sukhoi mostra que eles também possuem capacidade de operar de pistas improvisadas. A Suíça também seguiu o exemplo da Suécia, várias das rodovias do país são preparadas como bases alternativas (até a FAB realizou um exercício fora de base, com os T-27 Tucano, em uma rodovia). Como existem as forças armadas especiais, pequenas tropas altamente treinadas para se infiltrar no território inimigo, que podem explodir os aviões em terra (russos e ingleses possuem essas tropas), os caças também contam com proteção especial do exército sueco em terra.

Outra característica da filosofia da Real Força Aérea Sueca ( Svenska Flygvapnet), era de que nenhum caça multifunção poderia ser tão eficiente quanto as variantes especiais do mesmo para cada tipo de missão. Assim, o Draken foi construído nos modelos de caça (Jackt) J-35, ataque (Attack ou Anfall) A-35,  reconhecimento (Spaning ou Span) S-35 e treinamento (Ako) SK-35 (devo confessar que não obtive confirmação sobre a existência do A-35). Com isso, os pilotos eram treinados para serem especialistas em determinada missão, pois a Flygvapnet não acreditava que fosse possível o piloto multimissão. Hoje, porém, com o avanço da eletrônica, não só os pilotos são multimissão como o seu novo caça o JAS-39 Gripen, é descrito como o primeiro caça realmente multifuncional a entrar em serviço (embora desde a 2º Guerra os caças operam em missões de caça e ataque, mas isso é outra história).

Sendo um país com uma população pequena, seria impossível desenvolver todo o avião e seus sistemas. Assim, os suecos sempre utilizaram motores e armamento desenvolvidos por nações amigas. Como os aparelhos anteriores, utilizou-se o motor inglês Rolls-Royce Avon, o mesmo do Lightning, fabricando-o sob licença pela Volvo Elygmotor, sob a designação RM6. O canhão era o também inglês Aden de 30mm. Já os mísseis eram americanos, os Hughes Falcon, das versões AIM-4C de orientação IR (infravermelho, guiado pelo calor), e o AIM-26B de orientação SARH (radar, guiado pelo radar do avião lançador). Na Flygvapnet tinham as designações de RB28 e RB27, respectivamente. 

Além de ser um aparelho sem grandes defeitos, como seus rivais diretos, que o superavam em áreas específicas como a velocidade (F-4 mach 2.2), razão de subida (BAC Lightning, 15.000 m/min.) e manobrabilidade (Mig-21), ele  possuía boas características nestas áreas, o Draken de veria possuir um trunfo que lhe permitisse enfrentar a esmagadora superioridade numérica dos soviéticos, algo que só agora está sendo incluído nos caças de última geração: o datalink. Quem já jogou os simuladores Sef-2000 e F-22 Raptor conhece bem a sua importância.

Quando se perde o datalink, o jogador se vê em uma situação extremamente delicada, em uma hora, tinha-se a localização de todos alvos, e de repente tudo desaparece. Fica-se completamente "cego". A existência de um radar no seu caça não significa que você possa detectar seu inimigo, e naquela época os radares eram muito pouco eficientes. Inimigos cruzando sua frente na transversal dificilmente serão detectados, mesmo estando no alcance do radar. E quando é você que está sendo detectado, o que fazer? Será que não existem outros caças te cercando ? Como saber? Use o rádio ora. Mas, e quando o rádio é "jameado", ou seja, sofre interferência dos aparelhos de guerra eletrônica do inimigo, ou quando a mensagem é interceptada? Nos simladores, isso ainda não ocorre, mas na guerra real sim, e é ai que entra o datalink. 

Desenvolvido no começo da década de 60, para enfrentar a ameaça soviética, o sistema sueco tinha um correspondente americano, usado nos F-106, que acabou sendo abandonado. O sueco, ao contrário, vem sendo desenvolvido desde então. Embora servisse apenas para guiá-lo em direção ao alvo, era uma grande vantagem, pois permitia se aproximar do alvo sem depender dos ineficientes radares da época. Ele funcionava da seguinte maneira: mensagens dos controladores de radar em terra eram mandadas para os caças (experimentalmente nos J-35B e D, e de forma permanente o J-35F), na forma de curtos impulsos que não continham voz, desta forma sendo difícil de o inimigo saber o que significavam, e se realmene eram algo importante, isso se conseguissem interceptar a mensagem. 

No caça, essas mensagens apareciam nos instrumentos, indicando dados sobre o alvo e ordens de como proceder na interceptação do mesmo. Eram mostradas de forma bem discreta, não identificável por quem não soubesse da sua existência. Mesmo que o sinal fosse interceptado e descoberto o seu conteúdo, as ordens eram em código, sendo uma combinação de 3 palavras que apenas os pilotos e controladores sabiam o que significava. Esse sistema foi drasticamente aperfeiçoado, resultando nos mostradores de situação tática que vocês conhecem dos simuladores, e implantado desta forma nos aparelhos posteriores (o Viggen e o Gripen).

Como informação complementar, os números aplicados aos caças suecos: nas laterais do nariz, são da ala (Flottilj), a que pertence a aparelho, e o da deriva, é o número do avião que o identifica dentro de um dos dois esquadrões que formam uma ala. O Draken tambem operou nos seguinte países: Dinamarca, Finlândia e Áustria. Esse excelente avião operou na Flygvapnet até meados da década de 90, quando foi retirado de operação.


Caracteristicas Técnicas
Motores
Empuxo 
Velocidade máxima
Velocidade ascensional
Teto de serviço
Raio de ação
Autonomia de combate como interceptador
Peso
Envergadura
Comprimento
Altura
Superfície alar
Armamento

 
 
Texto sedido por  Clesío Luiz  - Warbid´s Brasil

Duvidas ou comentários click aqui : - )

Return