O Rio Frio

Pelos carreiros da herdade, outrora uma das maiores e mais produtivas herdades agr�colas do pa�s, as pegas e as lavercas esvoa�avam por entre cardos e arbustos e iam empoleirar-se nas silvas mais pr�ximas, em busca de algumas sementes. Pousados nos postes da veda��o, os papa-moscas cinzentos, competiam num coral de bem cantar enquanto um bando de perdizes, aves raras por estas paragens, assustadas, levantava voo para os lados do campan�rio onde um casal de cegonhas rec�m chegadas ensaiam gestos de rara ternura, perante a az�fama habitual das gentes do campo, das gentes que se deitam cedo e cedo est�o acordadas.

O Palácio do Rio Frio

As vacas, os porcos, as galinhas, os coelhos e a terra, s�o tudo o que t�m para al�m do orgulho de quem trabalha e vive por prazer numa das mais belas localidades da Freguesia de Pinhal Novo: Rio-Frio. Terra de tradi��o, terra de vinho, de toiros, de pal�cio, terra de isto e mais aquilo. Um confim de terra que junta a serenidade, marcada pela forte tradi��o vitivinicola do in�cio deste nosso s�culo. Hoje, representa um encontro marcado com o outro lado do tempo.

Ir a Rio Frio e n�o ir ao Pal�cio � como ir a Roma e n�o ver o papa. O edif�cio foi mandado construir por Ant�nio Santos Jorge, sobrinho do maior latifundi�rio portugu�s do s�culo passado: Jos� Maria dos Santos. Quis o destino que o rico propriet�rio n�o tivesse filhos, a sorte da fortuna acabou por bater � porta dos seus sobrinhos. Maria de Lurdes Lupi D'Orei, neta de Ant�nio Santos Jorge, � a actual propriet�ria da casa senhorial constru�da no nascer do S�culo XX e transformada para turismo de habita��o nos anos noventa. Se existem d�vidas sobre a autoria do projecto da casa, certa � a autoria dos pain�is de azulejos que envolvem a casa: Jorge Cola�o, nome grande da azuleijaria portuguesa.

Todo o espirito da casa est� ligado � agricultura, onde se destaca, na sala de jantar, a magn�fica representa��o do ciclo do vinho e em redor os retratos do quotidiano da vida das pessoas de Rio Frio, um passaporte com destino marcado ao outro lado do tempo.

A Lagoa do Rio Frio

Do lado de l� do tempo sabemos que fora uma das maiores e mais produtivas herdades agr�colas do pa�s. Havia escola, hospital e sociedade recreativa para quem l� trabalhava, e eram muitos. Herdade que chegou a perfazer uma �rea de 16 mil hectares onde Jos� Maria dos Santos mandou plantar seis milh�es de videiras, numa altura em que a produ��o estava em crise. Ganhou a aposta mas aquela que fora a maior vinha do mundo foi dando lugar ao montado de sobro, a imagem que ainda permanece. Francisco Garcia, o propriet�rio actual, adquiriu a Herdade h� dez anos com inten��o de formar um complexo agro-industrial. Organizou a Casa Agr�cola e a Sociedade Agr�cola de Rio Frio. A vinha voltou � Herdade e grande parte dos vinhos da Regi�o de Palmela s�o produzidos nas castas de Rio Frio, para orgulho dos 150 trabalhadores que trabalham e vivem na Herdade.

O Palácio do Rio Frio

Rio Frio sabe que n�o pode viver s� da produ��o agr�cola. O povo se calhar, tinha essa vontade, mas os tra�os futuros passam pelo turismo. Para j�, a localidade oferece apenas atractivos naturais, continuando a ser um dos locais preferidos das gentes do concelho para a realiza��o de piqueniques. As cavalari�as e os seus magn�ficos exemplares lusitanos, ferro Rio Frio, s�o outras das atrac��es do s�tio, visitado regularmente por grupos de turistas na sua maioria estrangeiros. Adivinha-se mais mudan�as… do Aeroporto falam com medo, com o receio e com uma tristeza miudinha. De uma poss�vel eleva��o a freguesia… poucos acreditam que seja poss�vel nos pr�ximos tempos. Est�o mais preocupados com o que o campo vai produzir, com a qualidade do vinho, com a preserva��o do sossego. A tarde desca�a l�mpida. Na vasta c�pula do c�u, penachos de nuvens alvejaram, im�veis. Acesas naquela explos�o rubra do ocaso, as arestas dos campos franjavam-se de p�rpura e ouro, na decora��o m�gica dos poentes. Come�ava a cair sobre a aldeia a larga paz tranquila dos crep�sculos, e uma quieta��o dulc�ssima e vagamente melanc�lica entrava para adormecer a natureza para o grande sono reparador da noite.

Paulo Jorge Oliveira in Jornal do Pinhal Novo, Ano 1, N�1

 

 

O Pal�cio de Rio Frio

O Pal�cio de Rio Frio foi mandado construir por Ant�nio Santos Jorge, sobrinho de Jos� Maria dos Santos um dos maiores latifundi�rios portugueses do s�culo XIX. Como este rico propriet�rio nunca teve filhos, acabaram por ser os sobrinhos os seus leg�timos herdeiros. � assim que os av�s de Maria de Lurdes Lupi D'Orei, actual propriet�ria da casa, mandaram edificar este potente espa�o, no in�cio do s�culo. N�o � conhecida a autoria do projecto da casa porque um inc�ndio destruiu parte do arquivo de Palmela, mas ainda assim a sua propriet�ria suspeita que ter� sido obra de Raul Lino. Certo � o autoria dos pain�is de azulejos, de Jorge Cola�o, um dos nomes mais importantes do azulejo em Portugal. Este elemento decorativo est� presente em toda a casa.

Hall Interior

A sala de estar apresenta uma cena de ca�a, onde os personogens representados s�o reais, desde o propriet�rio da casa, Ant�nio Santos Jorge, at� ao feitor e aos criados, que s�o antepassados de alguns dos actuais. Estes pain�is apresentam uma colora��o (acastanhada) e um estilo pouco comuns em Portugal.

Na sala de jantar uma magn�fica representa��o do ciclo do vinho, com azulejos azuis, bem ao estilo portugu�s.

 Pequeno Almoço

Todo o esp�rito da casa est� ligado � agricultura. Jos� Maria dos Santos mandou plantar naquela zona a que era na altura considerada como a maior vinha do Mundo. Mas n�o era s� o vinho; tamb�m a corti�a e os cavalos faziam parte das actividades que ligam este local a outro tempo.

UMA H�SPEDE IILUSTRE CHAMADA CATHERINE DENEUVE

A casa manteve-se inalterada ao longo do tempo, sofrendo apenas uma mudan�a de cor nos tectos das salas de estar e jantar, de modo a que estas ficassem menos sombrias.

A casa foi aberta ao turismo de habita��o apenas h� seis anos. "Era uma pena estar fechada", refere a propriet�ria, confessando que deste modo incentiva a que se mantenha a conserva��o. "Recebendo h�spedes n�o d� para adiar as pequenas obras porque � preciso manter a casa no melhor estado poss�vel."

Sala de Estar

Desde ent�o, h�spedes j� ter�o sido cerca de mil. Alguns deles bastante ilustres, como a actriz Catherine Deneuve, que esteve na casa em Agosto de 1997.

A maior parte dos frequentadores s�o estrangeiros, um pouco de todas as nacionalidades. Portugueses, apenas cinco por cento.

MONUMENTALIDADE DE INTERIORES

O Pal�cio de Rio Frio tem para oferecer quatro quartos com casa de banho, dos quais se destaca uma vistosa suite que integra al�m do quarto, uma salinha de estar e uma ampla casa de banho, com os acess�rios originais (de notar uma antiga e bem conservada banheira de quatro p�s). A zona dos quartos mant�m a distancia devida aos aposentos de estar de modo a que seja salvaguardada a m�xima privacidade.

Sala de Jantar

As salas de estar e jantar, logo � entrada, esclarecem de tudo o resto que se pode encontrar, dada a sua monumentalidade.

A sala de jantar, que exibe magn�ficos pain�is de azulejos alusivos ao ciclo do vinho, tem uma mesa para trinta pessoas, de ar senhorial e magn�nima.

Depois das salas de entrada um hall interior com uma escadaria de acesso ao piso superior, que antes abre num espa�o com lareira e poltronas. Ainda outra sala que antigamente era a sala de bilhar e que agora est� transformada num misto de sala de televis�o e jogos de mesa, que por sinal, goza da especial prefer�ncia dos h�spedes.

A zona de estada termina com um orat�rio, onde se pode contemplar um quadro de Vieira Lusitano.

Hall Interior

Para al�m, naturalmente da casa e do sossego que oferece, os h�spedes procuram ali passeios pela zona envolvente que podem prolongar-se at� Lisboa, atrav�s dos barcos no Montijo que fazem a travessia em apenas 30 minutos, ou atrav�s da nova ponte Vassco da Gama.

 

OS DONOS DE RIO FRIO

Um dos esplendorosos pain�is presentes na casa representa a figura de Ant�nioSantos jorge numa ca�ada, que mandou construir o palacete em 1909, em terreno herdado do tio Jos� Maria dos Santos, um dos maiores latifundi�rios do final do s�culo passado e in�cio deste.

Em 1892, a propriedade tinha 6000 hectares de vinha, que se estendiam desde Pinhal Novo at� Poceir�o. Jos� Maria dos Santos era ent�o dono de toda esta �rea e foi ele quem converteu uma charneca sem nenhuma cultura espec�fica na que era considerada, para a altura, a maior vinha do mundo. Em 1904, conseguiu-se uma cultura de 16.500.000 litros de vinho, empregando-se tr�s mil trabalhadores.

in Nova Gente, Especial Casa & Campo, N�7

Localização Geográfica do Pinhal NovoTa Na Hora

�ltima actualiza��o: Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999