BACANTE

 

Há vinhos que não devem ser guardados

para envelhecer

em profundas adegas

mas sorvidos mal fermentam

para sermos possuídos da luz

de sua embriaguez

São vinhos raros

que desconhecem os entendidos

entregues em seus castelos

a inúteis ocultismos

Vinhos bebidos apenas pelo povo

que o tritura há séculos

em dias e noites infindas

com seus pés nús

São vinhos para nos dar

a lucidez do desejo

e da consciente entrega.

 

                             

                                           [ poesia ]