Francisco Lobo da Costa ( 1853- 1888) - Considerado o maior poeta pelotense e um dos maiores poetas gaúchos, teve uma curta e atribulada existência, vindo a morrer, evadido do hospital, numa sarjeta em uma noite fria de inverno.  Sua obra compreende, entre outras contribuições, os livros de poesias Lucubrações, Auras do Sul, Dispersas e Flores do Campo.

 

O Hospital ( Auras do Sul)

Eis -- mar alto -- a galera... vai sumida
No bojo azul do pélago profundo ;
Nos infectos porões leva a maruja,
Filhos de Deus -- que fogem deste mundo

Os furacões estalam nas enxarcias,
Dobra-se o cabo às iras da tormenta;
Já sem mastros adeja o escuro bojo,
No turbilhão da vaga que rebenta.

Entre a balburdia, a grita da procela,
Fecham-se uns olhos, sente-se chorar;
E depois ... e depois, um baque apenas ...
É mais um corpo que se atira ao mar !

Consolo, meus irmãos! nesta galera
Quanta esperança vai ao mar profundo!...
Ruja a tormenta embora ... Deus bondoso,
Há de salvar-nos dos parcéis do mundo!

 

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