Hiei olhou mais uma vez para o céu estrelado, e de sua posição privilegiada no galho mais alto da árvore aonde estava abrigado àquela noite, ele podia vislumbrar quase toda a abóboda celeste. Um suspiro escapou de seus lábios crispados, pois o que menos interessava a ele naquele exato momento era olhar os corpos celestes. O céu aqui no Ningenkai era diferente do que se avistava no Makai; era menos soturno, mais acolhedor. Menor era a sensação de perigo iminente. Hiei costumava sentir-se tranqüilo quando era obrigado a passar a noite no Ningenkai, geralmente abrigado em alguma frondosa árvore, uma que possuísse bastante copas de folhagens para escondê-lo de qualquer olhar curioso. Para falar a verdade (embora ele jamais admitisse isso) deixar-se ficar em uma árvore qualquer no Ningenkai era por demais relaxante; não havia necessidade de se preocupar com constantes inimigos em seu encalço (pelo menos, não o tempo todo, como acontecia no Makai). Ele podia se recostar... e simplesmente relaxar.
Mas não esta noite.
Havia algo errado com ele, e diabos se ele sabia o que era isso.
Parecia ser algum tipo de doença... talvez ele houvesse contraído algum vírus do Makai, ou talvez até daqui mesmo do Ningenkai. Vindo constantemente aqui, como ele agora fazia com freqüencia, ele ficava exposto involuntariamente a este tipo de coisa.
Hiei ajeitou-se melhor no galho da árvore, e soltou um gemido. Uma coisa era certa: não estava gostando nem um pouco daquilo, fosse lá o que fosse. Vírus ou não, ele precisava se livrar daquilo, mas não tinha idéia do que fazer, ou a quem procurar para pedir ajuda.
Ou melhor, sussurrou uma voz irritante em sua mente; você sabe sim a quem pode pedir ajuda. A única pessoa, aqui ou em qualquer outro lugar, a quem ele poderia jamais pedir ajuda.
Kurama.
Não, não vou fazer isso. É tarde da noite, aquela raposa estúpida já deve estar dormindo, ele e seus elos idiotas com esse mundo medíocre.
Hiei sabia que Kurama estava em época de provas na escola (você sabe tanto sobre a vida dele, disse aquela voz enjoada em sua mente novamente, e Hiei simplesmente ignorou-a) e devia estar exausto de estudar. Já devia estar no mundo dos sonhos há muito tempo, e Hiei relutava em se dirigir imediatamente à casa dele, como fazia com freqüencia ultimamente, e acordá-lo, por causa de um sintoma desconhecido que o estava incomodando-o já há alguns dias. Não, era melhor deixar para lá.
Mas não consigo agüentar mais essa situação...
Hiei remexeu-se novamente, a sensação desconfortável atingindo-o com mais intensidade agora; estranho, ao pensar em Kurama, os sintomas daquela doença desconhecida para ele aumentaram. Ele nem parou para pensar nessa associação, e num rompante ficou de pé no galho da árvore, tocando sem olhar sua katana e recolhendo-a junto ao corpo.
Tomara uma decisão. Se não se livrasse daquilo, ele acabaria enlouquecendo. Podia sentir isso.
Num pulo ele ganhou a noite, em direção à casa
de Kurama.
***
Era um daqueles sonhos. Novamente. Kurama murmurou em seu sono, um leve sorriso tocando seus lábios. Seus braços esguios envolveram um dos travesseiros, e ele apertou-o nos braços, alisando-o delicadamente. Um suspiro escapou de seus lábios entreabertos.
Definitivamente, um sonho agradável.
Ele estava sonhando com um demônio de fogo. Um certo demônio de fogo de três olhos que arrebatara seu coração assim que Kurama pousara seu olhar nele. Um demônio de fogo com um coração frio como gelo, que Kurama sonhava todas as noites em fazer derreter. E essa noite não era exceção.
Mas ultimamente, os seus sonhos haviam ganho um elemento extra.
Desta vez, era um sonho erótico.
Kurama estava sonhando em fazer amor com Hiei. E o estranho: Em todas as suas relações em seu passado como youko, Kurama jamais fora o personagem passivo. Ele tivera incontáveis amantes, de ambos os sexos, e quando se tratara de seu parceiro ser do sexo masculino, era Kurama quem sempre tomava as rédeas da relação sexual, com seu apetite sexual insaciável e incansável de youko.
Mas agora ... Kurama gemeu longamente no sono, virando-se na cama.
Hiei estava tomando-o por trás, selvagemente, violentamente, e embora Kurama estivesse de costas, ele podia sentir o sorriso malicioso e perverso do koorime ao mesmo tempo em que impulsionava-se dentro dele num ritmo compassado, cada estocada profunda arrancando de Kurama um gemido meio de dor, meio de prazer. As mãos de Hiei agarravam seu cabelo, firmemente, machucando um pouco, mas no auge de sua paixão, Kurama mal sentia a dor. Hiei sussurrava frases junto à sua nuca, com a voz arquejante, ao mesmo tempo em que se aproximava ele mesmo do orgasmo.
"Você gosta, não é? Você adora isso, raposa!... Sinta-me, Kurama... Estou todo dentro de você... Quem está te possuindo agora, Youko? Responda!" O tom de voz do koorime era exigente enquanto o ritmo das estocadas aumentava ainda mais. Hiei continuava provocando-o com palavras, o tom de voz rascante, seu hálito tocando levemente seu pescoço, provocando nele calafrios.
"Você, Hiei ... não ...pare... por favor..." Kurama murmurou mexendo-se novamente na cama, muito próximo de ejacular em seu sono. Ele soltou um suspiro e outro gemido, em seguida, seu corpo estremeceu-se levemente, e ele ficou imóvel. O lençol umedeceu-se com seu sêmen, expelido ao mesmo tempo em que no sonho, Hiei gozava dentro dele espetacularmente.
Alguns minutos depois, Kurama abriu pesadamente os olhos verde-esmeralda, suspirando novamente, desta vez parcialmente acordado. Minha nossa, o que foi isso? Sua mente sonolenta indagou. Ele sentou-se na cama lentamente, então sentiu a umidade no baixo-ventre, e levantou intrigado o lençol. Eu gozei durante o sono? Ele pensou, perplexo. Isso jamais lhe acontecera. Pelo menos, não como Shuuichi Minamino.
Kurama levantou-se segurando com uma mão a parte úmida do pijama, e constatou desgostoso que parte do esperma escorrera também para a cama. Como vou explicar isso para kaasan? Ele considerou a idéia de trocar imediatamente toda a roupa de cama; se sua mãe estranhasse isso, pelo menos seria melhor do que se sujeitar a ela descobrir as manchas no lençol, quando o retirasse para lavar. Era realmente uma sorte incrível de sua parte que não houvesse ninguém em casa além dele aquela noite... Shuuichi fora estudar na casa de um amigo e ficara lá para dormir; seus pais haviam ido visitar uns parentes em outra cidade e só estariam de volta no dia seguinte. Não havia ninguém em casa para presenciar aquela sua situação constrangedora, e isso pelo menos era um consolo.
Mas mesmo assim, ele precisava agir. Com rapidez, ele começou a retirar da cama o lençol, e também as fronhas. Iria escondê-los em algum lugar, depois decidiria o que fazer com eles.
Assim como você pode também começar a pensar em quando vai finalmente tomar coragem para falar com ele, afinal de contas, uma voz repentina em sua cabeça acrescentou, e Kurama ignorou-a. Agora não era hora para começar a pensar nessas coisas, não quando ele tinha aquele problema pela frente com que se preocupar: se livrar das "incidências". Ele não pôde reprimir um sorriso, afinal. Aquela palavra fazia-o parecer um criminoso. Mas seu único crime tinha sido se deixar apaixonar-se por um certo demônio de fogo e não havia muita coisa que ele pudesse fazer a esse respeito.
Seu sonho erótico com Hiei começava a desvanecer-se, dando lugar a pensamentos mais práticos. Em poucos minutos, tudo estava resolvido, a roupa de cama toda trocada, restando apenas a questão do pijama. Mas isso era mais fácil de resolver. Um banho seria bom, para começar.
Ele se preparava para entrar no chuveiro quente, afinal, quando batidas leves no vidro da janela de seu quarto o fizeram estancar, suas sobrancelhas franzindo-se levemente de surpresa.
Hiei?...
Era estranha a incrível coincidência... justamente depois dele ter seu primeiro sonho erótico com Hiei, este aparecia, em seu quarto, tarde da madrugada.
Kurama vestiu às pressas o roupão, amarrando a faixa da cintura enquanto saía do banheiro. Hiei olhou-o sem expressão, como de usual, enquanto ele abria a janela, permitindo que o koorime entrasse em seu quarto. Hiei pulou para dentro, e olhou intrigado para as vestes de Kurama, que sorriu para ele em cumprimento, sentindo o rosto em fogo.
"Eu ia ...tomar um banho, agora. ... eu...tive um... pesadelo... " Kurama hesitou ao dizer isso, pois sentia as faces vermelhas ao ter bem à sua frente o objeto de suas fantasias mais secretas. Ele engoliu em seco. Ainda bem que havia pouca claridade no quarto."...e ia tomar um banho para tentar relaxar." ele continuou.
"Hn. Vá em frente, eu só estou de passagem." respondeu Hiei em sua forma carcterística, e Kurama deixou escapar um suspiro de exasperação ao ver Hiei sentar-se na poltrona junto à janela. Era sempre assim. Kurama já pudera sentir, pela aura carregada de Hiei, que este estava com um problema, mas como sempre ele teria que arrancar dele penosamente uma pista do que estava acontecendo.
Kurama sentou-se na cama, de frente para Hiei, que recusava-se a olhar para ele, e preparou-se para a investigação.
"O que houve, Hiei? Tem algo errado, posso sentir."
"Não há nada errado." Hiei afirmou, ainda sem olhar para ele. Diga de uma vez, youkai idiota. Por que está protelando o momento de contar-lhe? Foi para isso que você veio até aqui.
"Hiei, vamos, me diga. Se você veio até aqui uma hora destas, é porque acredita que eu posso lhe ser de ajuda. Diga-me o que é, kudasai." Kurama dirigiu-lhe seu olhar mais suplicante, acompanhado de um sorriso. Hiei indagou-se intimamente por que Kurama era sempre tão gentil com ele. Era a primeira vez que ele pensava nisso...
Você não sabe? sussurrou a voz de sua mente, novamente inconveniente. Realmente não sabe porquê ele é sempre tão gentil com você, mesmo você sendo este idiota teimoso que é? Pense cuidadosamente.
Mas Hiei não queria pensar cuidadosamente, aliás, ele não queria pensar, em absoluto. A sensação angustiante em seu íntimo aumentara terrivelmente e qualquer raciocínio lógico estava se tornando quase impossível. Sendo assim, Hiei enterrou aquela voz insistente no fundo da mente. Depois pensaria nisso. Depois. Agora, era preciso contar a Kurama o que estava acontecendo. Hiei olhou diretamente para o rosto de Kurama, que continuava aguardando sua reposta, infinitamente paciente, como sempre.
Kurama sabia que ele não demoraria a falar, afinal. Hiei continuou olhando para ele, e seu olhar agora se enchera de algo que Kurama jamais pensara em ver nos olhos de seu amado koorime: medo. Seu coração ficou pequeno. O que poderia ser assim tão sério, para fazer aparecer nos olhos de Hiei tanta insegurança e receio?
"Tem algo errado comigo." ele confessou, finalmente, com uma voz muito baixa, e Kurama piscou, sem nada dizer, esperando que ele continuasse. Nada de apressar as coisas. Deixe que ele fale.
No entanto, diversos minutos se passaram sem que Hiei falasse mais nada. Finalmente Kurama arriscou-se a falar: "O que há de errado, Hiei?" Ele indagou suavemente.
Hiei piscou e desviou o olhar.
"Parece ser uma doença." ele murmurou, mexendo-se desconfortável na poltrona.
"Uma doença? Quais são os sintomas? O que você está sentindo?"
Um breve silêncio. De repente, Hiei levantou-se abruptamente. Em um segundo de compreensão instantânea, Kurama viu que Hiei estava fugindo e rapidamente levantou-se e alcançou-o antes que ele chegasse até a janela, segurando-o pela capa da túnica. Num tranco, para se soltar de sua prisão, Hiei com um safanão soltou-se do traje, mas trepadeiras surgidas do nada envolveram suas pernas e ele caiu de joelhos no chão, apoiando-se nos braços.
"Hiei, por favor, não vá embora!" Kurama implorou, agora seriamente preocupado. Hiei não se mexeu de sua posição, parecendo irritado por ter sido impedido com tanta facilidade.
Logo Kurama estava ao seu lado, e liberando as plantas que o soltavam, ele o ajudou a levantar-se. Hiei ficou de pé, e mantinha o olhar baixo.
Kurama olhou para ele, em seguida seus olhos se focalizaram por acaso na parte abaixo da cintura de Hiei. Ele arregalou os olhos, sem conseguir disfarçar a surpresa e o choque.
Hiei estava com uma ereção. E enorme, diga-se de passagem. A ponta de seu pênis parecia querer furar a calça preta, despontando teimosamente para a frente, acusadora. Hiei levantou o olhar para Kurama, se sentindo de repente aliviado por não ter que realmente explicar qual era o problema. Kurama estava vendo por si mesmo, agora que não havia mais por cima dele a capa da túnica para esconder o problema. E a julgar pela expressão em seu rosto, Hiei pensou, esse era um senhor problema.
"Eu não sei o que é isso." Hiei murmurou, apontando com um olhar para o próprio membro, parecendo desanimado. "Cresce e diminui, sem parar. Está me deixando louco. Você sabe o que é isso, Kurama? O que diabos está acontecendo comigo?"
Kurama engoliu em seco, ainda em choque, e com esforço desviou o olhar daquela visão desconcertante. "Kurama?" Agora era as posições eram trocadas, e era a vez de Hiei esperar uma resposta do kitsune, que parecia estar lutando para se lembrar de como articular palavras novamente.
"Sim, eu sei." Kurama conseguiu dizer finalmente, lutando consigo mesmo para não olhar. Ele sentia sua própria ereção começando a ganhar corpo, mas felizmente estava bem coberta e disfarçada pelo robe felpudo.
"O que é? Diga-me logo, Kurama."
"V-você está... está com uma ...hm, uma ereção, Hiei."
Silêncio. Pela expressão de Hiei, Kurama bem que poderia ter dito que Hiei estava com catapora, ou algo parecido. Tanto fazia. O koorime não tinha a menor idéia.
E eu é que vou ter que explicar? Kurama respirou fundo, tentando pensar em um modo de começar a explicar. Hiei continuava olhando para ele, o olhar interrogativo e confuso.
"E o que é isso?" Ele finalmente perguntou, ao ver que Kurama continuava calado.
"Hm... bem, uma ereção... olhe, primeiro, deixe-me fazer uma pergunta, Hiei. Você sabe alguma coisa sobre... sexo?"
Hiei olhou-o por um momento, a testa franzida, depois admitiu: "Não."
Kurama mordeu imperceptivelmente o lábio inferior, tentando acalmar-se. Ele respirou fundo, decidido a acabar com aquele constrangimento logo de uma vez.
"Hiei, não sei muito sobre o sistema reprodutivo da raça de koorimes, mas entre os humanos, quando chega a puberdade, ou seja, quando o corpo está todo formado e apto a ter relações sexuais, o homem é capaz de produzir uma ereção com o pênis. O objetivo disso é fazer com que esse membro do corpo possa introduzir-se no corpo de alguém do sexo oposto para que da união resulte um bebê, ou então, mesmo que o objetivo não seja a reprodução, apenas ...para o prazer."
Hiei piscou várias vezes. Sua expressão era indiferente, embora Kurama soubesse que por dentro ele estivesse ainda mais confuso e curioso. Ele sabia que não estava sendo muito eficaz na explicação ... o problema era o esforço que estava fazendo para manter a calma. Não era nada fácil, tendo em vista a tentação que começava a lhe invadir, de demonstrar imediatamente na prática sobre o que ele estava falando.
"Hiei... acho que não fui muito explicativo..." Kurama dirigiu-se até sua escrivaninha e apanhou um livro de biologia, virando-se então para o koorime. "Venha até aqui, dê uma olhada nesse livro... talvez você entenda melhor, então."
Hiei fez como ele pedira, e ouviu calado uma explicação mais detalhada de Kurama sobre a reprodução humana e a relação sexual, olhando curioso para as páginas ilustradas do livro. Finalmente Kurama concluiu que era o bastante e o fechou, olhando para Hiei, agora sentindo-se mais calmo. Agora que colocara as coisas sob termos mais científicos, sua própria excitação amainara, e ele se sentia senhor de si novamente.
"É isso, Hiei. Entre youkais, não é muito diferente. Você entendeu?" ele perguntou suavemente, solícito. Hiei olhou-o de volta.
"Entendi."
"Bom. O que está acontecendo com você é perfeitamente normal, Hiei."
Hiei lançou-lhe um olhar desconfiado, seu cenho franzido. "Hn. Normal? Pode ser normal para você, kitsune, mas eu não estou achando nada disso normal. Quero me livrar disso. O que posso fazer para me livrar disso?" Ah, aí estava, afinal. Uma pergunta prática e direta.
Ai, ai... Kurama começou a se perguntar se ele teria mesmo coragem de fazer o que sua mente estava lhe sugerindo desde que seu olhar pousara sobre o baixo-ventre de Hiei.
"Bem... para sua ereção sumir... para acabar com ela, você precisa ter uma relação sexual com alguém, Hiei."
Silêncio. Bem, agora provavelmente ele vai perguntar com quem diabos ele poderia fazer isso.
Mas Hiei não disse nada do tipo. Ao invés disso, virou-se para Kurama com um olhar estranho.
"Você já fez isso?"
Kurama quase engasgou. Mas que tipo de pergunta era aquela? Hiei deveria estar se focalizando no próprio problema, e não nele...
"Bem... sim."
"Com alguma das humanas da colégio, eu presumo." Hiei disse, e Kurama franziu as sobrancelhas. Que rumo aquela conversa estava tomando?
"Não, na verdade... eu ainda não tive relações sexuais desde que encarnei neste corpo. Mas como Youko, é claro que sim." Kurama abaixou o olhar, sentindo o rosto novamente vermelho.
Mas o pequeno koorime não parecia estar notando o desconforto de Kurama, aparentemente por causa do problema que o afligia, e Kurama sentiu-se grato por isso. Hiei suspirou e se dirigiu à poltrona perto da janela, sentando-se nela, parecendo desalentado e irritado.
"Continuo não gostando disso. É ...doloroso, e incomoda demais. Não vejo sentido nenhum nisso."
Kurama ficou calado, sem saber o que dizer. Uma idéia se formara em sua mente e não o deixava em paz. Ele sabia que era agora ou nunca. Se sentia atraído por Hiei (droga, ele amava aquele koorime) desde que o vira pela primeira vez, mas nunca tivera coragem de se declarar a ele, por medo de uma rejeição. Preferira ter apenas sua amizade... em se tratando de alguém como Hiei, de certa forma ele poderia até ser considerado privilegiado. Mas agora... a situação que se formara era extremamente convidativa. Sem falar em tentadora.
Kurama não iria perder essa oportunidade. Se não agisse agora, provavelmente Hiei partiria de novo para o Makai e lá era bem capaz de acabar chegando às vias de fato com... Mukuro. Kurama estremeceu com esse pensamento. Não iria perder esta batalha sem ao menos tentar. Se Hiei o rejeitasse... mas não havia maneira de saber a não ser tentando.
Kurama aproximou-se do koorime, sentindo o coração se acelerar no peito, a pulsação martelando em seus ouvidos. Hiei ergueu o olhar para ele, a face sem expressão.
"Hiei... eu posso livrar você disso, se você quiser... mas você tem que confiar em mim."
Hiei olhou-o sem entender.
"Você confia em mim?"
Hiei o encarava com a testa franzida, ainda sem entender, e não respondeu. Se olhar dizia claramente: Eu estaria aqui, para começar, se não confiasse?
Sim, era verdade. Hiei não precisava declarar isto em voz alta. Ele confiava em Kurama. E eu me pergunto se continuará a confiar... depois do que acontecer aqui.
Mas ele tinha que tentar...
Kurama abaixou-se ao lado dele, antes que perdesse a coragem, esperando a qualquer hora que Hiei se levantasse de repente indignado ou algo assim. Kurama aproximou-se mais e suavemente pousou os lábios nos de Hiei. A boca de Hiei estava úmida, e quente, como Kurama sempre imaginara, e o koorime entreabriu os lábios levemente, permitindo que Kurama investigasse com a ponta da língua seu interior. Por quê ele está deixando que eu faça isso? A qualquer momento, sei que ele vai se afastar de mim bruscamente... e partir para sempre.
Mas Hiei não fez isso. Ele deixou-se ficar, rendendo-se totalmente ao beijo de Kurama, para muita surpresa deste. Quando os lábios se separaram, Kurama olhou-o na expectativa, o coração pulando como louco dentro do peito, ainda esperando uma reação negativa. Hiei passou a língua pelos próprios lábios, olhando intensamente para Kurama com uma expressão indescritível na face. Então, sem qualquer aviso, foi a vez de Hiei avançar subitamente para beijá-lo, só que com muito mais ardor e paixão, surpreendendo totalmente o kitsune. Ele aprende rápido...Kurama pensou de olhos fechados, sentindo a língua de Hiei explorar o interior de sua boca com extrema perícia, enviando darjas de prazer por todo o seu corpo.
Mas não que ele estivesse reclamando...
Os lábios se separaram novamente, e Kurama encarou o koorime. Hiei apontou para o próprio corpo, acusador.
"Não adiantou nada. Só piorou." ele se referia à sua ereção, que se intensificara. Kurama engoliu em seco, e não conseguiu reprimir um sorriso.
"Não se preocupe, Hiei. Eu lhe garanto que ela vai embora." Kurama levantou-se e estendeu uma mão para Hiei. "Venha."
"Para onde?"
"Para a cama, é mais confortável lá."
Hiei acompanhou-o sem discutir até a cama, e sentou-se nela, aguardando para ver o que Kurama faria em seguida. Kurama sentou-se a seu lado, e levou uma mão à camiseta de Hiei, nunca tirando o olhar da expressão deste. Com um movimento hábil, ele tirou a camisa de Hiei por cima de seus braços. Hiei continuava indolente, deixando, confiando. Kurama engoliu em seco e ponderou se Hiei continuaria concordando com aquilo se imaginasse o que vinha a seguir.
"Deite-se, Hiei."
Hiei obedeceu, e Kurama puxou abaixo suas calças, e tirou também suas botas pretas. Enquanto era despido, Hiei continuava encarando-o com olhos cheios do que só poderia ser desejo... desejo por ele? Não... desejo por um alívio para o tormento que o invade. É só por isso que ele está concordando com isso. Ele quer o fim de seu tormento. Kurama pensou, e decidiu que não importava. Ele iria até o final... não se importava com as conseqüências.
Kurama ficou de pé para apreciar o espetáculo extremamente sensual de seu amado completamente nu, estirado na cama... (em sua cama, sua mente deliciada gritou-lhe) e com a ereção ainda em riste, apontando para o teto. Ele era exatamente como ele sempre imaginara... um corpo pequeno, mas ao mesmo tempo tão forte, os músculos bem definidos de seu tórax... as linhas firmes e ao mesmo tempo delicadas de seus quadris... e abaixo do estômago, seu pênis, agora explodindo de vida, exigindo uma libertação de seu tormento...Era uma visão por demais sexy mesmo para seus olhos de youko e Kurama soltou um suspiro de satisfação. Oh, Deus... Sua própria ereção tomara corpo de novo, e ele decidiu começar logo a deliciosa tarefa que tinha à frente: fazer Hiei ter seu primeiro orgasmo...
"Feche os olhos." Novamente o koorime obedeceu. Kurama pôs as mãos (e lábios) à obra.
Ele começou pelo rosto de Hiei, com breves beijos que foram descendo até seu pescoço. Hiei continuou de olhos fechados, mas os apertou um pouco, e um leve gemido quase inaudível escapou de seus lábios. Os lábios de Kurama foram seguindo seu caminho pelo pescoço do koorime, até chegarem ao mamilo direito de Hiei, lambendo-o delicadamente, em seguida o esquerdo... depois, com ambas as mãos puxou-os com as pontas dos dedos. Foi recompensado com um breve: "ah.." tão baixo que mal se ouvia.
As mãos de Kurama percorreram junto com seus lábios cada centímetro de Hiei arrancando dele um suspiro mais pronunciado aqui, um leve gemido ali. A cada carícia, Hiei cedia um pouco mais, gemendo mais alto, ou apertando com mais força o lençol com as mãos. Kurama observava a relutância dele em se deixar levar totalmente por aquilo começar a ceder, afinal, e sorriu intimamente. Foi ainda mais cuidadoso para dedicar a cada parte do corpo de Hiei uma atenção especial, em busca dos pontos mais sensitivos de seu corpo.
Quando seus lábios deslizavam pelo estômago de Hiei, este deu uma leve sacudida. Sem parar, Kurama olhou de soslaio para o rosto do youkai, imaginando quantas zonas erógenas ele ainda iria achar no corpo de Hiei. Hiei olhava para ele, como se não entendendo ainda as sensações que lhe assaltavam junto com os lábios de Kurama. Seu pequeno tórax bem definido subia e descia mais rápidamente. Kurama lançou a ele um olhar tranquilizador e beijou levemente a barriga de Hiei, e este relaxou um pouco, fechando novamente os olhos.
Movendo-se de novo na cama, Kurama voltou a concentrar-se nos mamilos de Hiei, sugando o direito delicadamente, em seguida circundando-o com a ponta da língua. Hiei soltou outro "ahn..." e Kurama beliscou o mamilo esquerdo com os dedos, em seguida apertou-o. Hiei mordia o lábio inferior e começou a contorcer-se levemente. Só mais um pouco, itooshi. Deixe-me te enlouquecer só mais um pouco antes do alívio final.
Kurama acariciou o corpo de Hiei enquanto observava o pênis dele endurecer-se mais e mais a cada investida de seus lábios. De propósito, ele não tocou no membro pulsante, e pelo modo com que Hiei arqueava levemente os quadris, embora ele não tivesse uma idéia muito certa do que viria a seguir, institivamente, seu corpo sim, e ansiava por isso, mas Kurama não queria que acabasse assim tão rápido.
Agora Hiei murmurava palavras inteligíveis, e se contorcia mais. Kurama chegou junto ao rosto do koorime e beijou profundamente seus lábios, enterrando a língua sensualmente no interior da boca arquejante. Ele cortou o beijo e abocanhou o lóbulo de Hiei, chupando-o, fazendo o koorime gemer. Kurama mordeu-o levemente, em seguida beijou-o carinhosamente. Quando levantou a cabeça, Hiei olhava para ele com tanto abandono na face que ele sentiu o coração pequeno. Ele não dizia nada, mas seu olhar lhe suplicava para que aquele tormento/prazer chegasse ao fim. O que estou fazendo com ele? Não posso continuar brincando assim.
Finalmente Kurama decidiu que já o provocara o suficiente, e era hora de chegar ao ponto mais crucial. Kurama dirigiu-se para a parte inferior do corpo de Hiei.
Hiei sentou-se na cama de repente, os olhos arregalados de surpresa, ofegando, quando a boca de Kurama envolveu sem qualquer aviso seu pênis intumescido. Hiei olhou-o, a confusão em sua face se mesclando com a nova onda de prazer que atravessava seu corpo. Sempre olhando para ele, Kurama chupou-o languidamente, fazendo círculos com a língua em torno do membro de Hiei em sua boca enquanto uma de suas mãos acariciava seus testículos, massageando-os. Hiei soltou um grunhido rascante ao sentir os dedos de Kurama deslizarem levemente pela parte interna de suas coxas. Kurama sugou-o com toda a habilidade, e provocou-o um pouco, instigando a ponta de seu pênis com a ponta de sua língua, em seguida colhendo nos lábios as gotas de líquido que já se acumulavam na ponta do membro de Hiei..
Hiei deixou-se cair de novo na cama, gemendo mais alto, as costas se arqueando levemente. Sua respiração se tornara ainda mais arquejante, enquanto Kurama aumentava o ritmo com que seus lábios subiam e desciam pelo pênis cada vez mais endurecido de Hiei.
"K-Kurama... " ele gemia, completamente indefeso ante o ataque envolvente da língua de Kurama em seu membro.
Seus quadris começaram a acompanhar o ritmo do sobe e desce, e Hiei apertou mais os olhos, afundando a cabeça no travesseiro. Aquelas sensações todas... estavam deixando-o louco, mas ao mesmo tempo... era delicioso! Nunca imaginara sentir-se assim... como fora que o tormento que o afligia há semanas agora se transformara em algo tão... agradável? Sexo era isso? Ele não conseguia parar para pensar na própria pergunta, ou em qualquer outra coisa... a única coisa presente no mundo naquele momento era seu membro e a boca quente de Kurama, sua língua tentadora, seus lábios provocadores...
Kurama sentiu que Hiei estava muito prestes a gozar agora, e começou a sugar mais depressa, ajudando com as mãos. A respiração de Hiei tornara-se um chiado agora, e ele remexia nervosamente os quadris, suas mãos segurando punhados do lençol, seu corpo já coberto por uma camada fina de suor.
Finalmente Hiei chegou ao clímax, e um gemido mais alto escapou de seus lábios, enquanto seu sêmen enchia a boca de Kurama, algumas gotas escapando pelos lados de sua boca. Kurama continuou bombeando-o, engolindo todo o líquido que saía do membro já murchante de Hiei. Este último ainda sofria espasmos, e sua cabeça afundara-se totalmente no travesseiro, completamente abandonado às sensações que ainda transpassavam seu corpo.
Pareceram-se passar séculos antes que o koorime finalmente abrisse os olhos, e olhasse exausto para Kurama. Este ainda lambia os lábios com satisfação, e seu pênis, ele notou, agora repousava encolhido em sua virilha, não mais uma fonte de sofrimento constante. O sofrimento se fora, e Kurama era o responsável por isto. Hiei tentou falar, dizer a Kurama que ele estava curado afinal, mas descobriu que não conseguia articular nenhum som. Todo o seu corpo ainda parecia estar tomado pelas sensações que o assaltaram tão terrivelmente... mas era como se agora tudo estivesse em paz. Ele fechou os olhos, e sentiu um sono avassalador tomar conta de si, tal como quando soltava o Kokuryhua... mas ele tinha que falar com Kurama... o youko o livrara de uma praga! Ele não podia simplesmente fechar os olhos e dormir! Hiei forçou os olhos a se abrirem, apenas para encontrar o olhar sempre gentil de Kurama agora muito próximo a ele, uma mão sua acariciando seu rosto com indizível ternura.
"Durma, Hiei. Descanse..." Kurama estava dizendo, e seu dedo percorreu o lábio inferior de Hiei, levemente. Hiei não protestou e não tentou dizer mais nada, deixando-se vencer afinal pelo sono, sua face relaxando-se mais ainda. Kurama o observou adormecendo, um sorriso de pura adoração em sua face... um menino que acabou de ter seu primeiro orgasmo... isso era o que Hiei era. Extremamente adorável.
Kurama olhou mais um pouco para o rosto de seu amado adormecido, e soltou um pequeno suspiro. Sua ereção estava dolorosamente amainando... Sim, era verdade o que dissera a ele sobre ainda não ter feito sexo com ninguém desde que nascera como Shuuichi Minamino... mas isso não queria dizer que ele já não tivesse se aliviado sozinho, quando os impulsos hormonais de seu corpo adolescente começaram a se pronunciar... Havia uma forma de se livrar de uma ereção, que não fosse o sexo com alguém, é claro: a masturbação. Kurama fizera isso algumas vezes. Ele evocava algum amante passado de sua vida de Youko, imaginando fantasias passadas para ajudar-se a excitar-se mais e levar a termo a masturbação.
É claro que, de um tempo para cá, uma pessoa tomara o lugar dessas memórias em suas fantasias sexuais: essa pessoa era o demônio de fogo que agora dormia em sua cama, exausto e relaxado.
Ele omitira a Hiei o fato de que ele mesmo poderia ter se livrado disso sozinho, sem a ajuda de Kurama. Mas agora que acontecera isso entre eles, Hiei continuaria a ser seu amigo, a vir visitar-lhe? No que se transformaria o relacionamento deles, agora? Era uma dúvida que o estava preocupando. O koorime no momento dormia e, dominado pela onda de sono que resultara de seu primeiro orgasmo, ainda não tivera tempo de pensar nas implicações do que acontecera entre eles. Quando o fizesse, era provável que Kurama nunca mais o visse em sua frente.
Kurama suspirou mais uma vez, e resolvendo que nada mais havia a fazer, ele deixou o Koorime adormecido em sua cama e dirigiu-se para o banheiro, para afinal tomar o banho que pretendera antes que Hiei aparecesse em seu quarto. Sentindo-se limpo afinal, e já vestido com um novo pijama limpo, Kurama juntou-se a Hiei na cama, esticando-se ao seu lado, puxando o lençol por cima do corpo nu de seu amado, cobrindo-o, e a si mesmo também.
Já era tarde. No dia seguinte, ele tinha uma prova difícil no colégio, e ele precisava descansar. Tudo o que ele podia fazer era esperar para ver a reação de Hiei, de manhã; ou melhor, se Hiei ainda estivesse ali de manhã... era bem provável que ele levantasse antes e fugisse horrorrizado quando se lembrasse de tudo, à luz da manhã. Mas não havia mais nada que ele pudesse fazer. Se não tivesse mais nada, teria pelo menos a lembrança desse breve evento sexual com Hiei... é claro que isso não era o bastante para Kurama, mas era melhor do que nada. E teria que valer a pena pela possível perda da amizade do demônio de fogo.
Aos poucos os olhos de Kurama foram se fechando, e ele deixou-se vencer
pelo sono, afinal.
***
Algumas horas mais tarde, Hiei abriu os olhos lentamente. Seu corpo ainda estava tomado por um estranho torpor e ele tentou sentar-se, sem sucesso. Olhou para o lado e foi surpreendido com a visão de Kurama adormecido. Mas...? Oh, sim, agora lembrava. Kurama o livrara daquela praga que agora ele sabia que tinha um nome: "ereção".
Hiei suspirou e olhou para o teto. Ele não sabia direito o que pensar. Kurama lhe dissera que sexo era feito entre pessoas de sexo diferente... mas Kurama e ele eram do mesmo sexo. No entanto, havia sido uma experiência extremamente... agradável. Se livrar da aflição que o consumia durante essas últimas semanas resultara em algo que ele jamais imaginara.
Ele descobriu que queria aquilo de novo. Mesmo sem entender direito, ainda.
Voltou o olhar para Kurama, observando sua face adormecida. As linhas de seu rosto perfeito tão relaxadas... seus cabelos sedosos espalhados no travesseiro, de maneira tão casual. Era uma visão tão bela que quase tirava o fôlego de alguém. Hiei felizmente sempre se treinara para não se deixar atingir pela beleza pungente de seu amigo, mas havia ocasiões em que ele realmente parava para pensar...Por que semelhante criatura se interessava por ele? Ele era apenas um koorime renegado pelo seu próprio povo... alguém que vivera sozinho a vida inteira. A razão de Hiei não saber nada sobre sexo se devia ao fato que em sua vida jamais houvera espaço para coisas desse tipo. Ele estava sempre muito ocupado em sobreviver.
Cuidadosamente, ele estendeu uma mão e alisou uma mecha do cabelo de Kurama. Sempre imaginara como seria tocar nessas mechas de cabelo ruivo. Extremamente macio... Hiei retirou a mão rapidamente, com medo que ele acordasse.
Porque estava se sentindo assim, de repente? Não, de repente não... na verdade, de um certo tempo para cá, andava tendo uns pensamentos estranhos sobre seu amigo que ele não conseguia entender e muito ao menos aceitar. Preferia enterrá-los e não pensar sobre eles. E havia feito um bom trabalho... até agora.
Por quê Kurama fizera aquilo por ele? Certamente ele poderia ter quem desejasse. Ainda não tive relações sexuais desde que encarnei neste corpo... ele dissera. Por que não? Com toda a certeza, candidatas era o que não faltavam, em seu colégio, dispostas a compartilhar sua cama... bastaria que ele estalasse os dedos e dúzias daquelas humanas cairiam a seus pés como frutas podres de um pomar.
Ele jamais se interessaria por você. Ele só o ajudou por amizade. Só por isso. Hiei irritou-se com essa voz que se pronunciava novamente em sua mente, mas infelizmente sabia que ela estava certa. Não havia motivo para achar que Kurama sentisse alguma coisa por ele.
Hiei interrompeu os próprios pensamentos ao notar que Kurama não estava tendo um sono tranqüilo... Hiei franziu o cenho. Kurama parecia estar tendo um pesadelo... ele se remexia e murmurava palavras inteligíveis, e sua fronte estava brilhando de suor. Soltava gemidos que pareciam ser de dor...
Hiei resolveu acordá-lo, e sua mão estava a meio caminho do corpo de Kurama quando ele estancou, ao subitamente entender uma das palavras que Kurama estava murmurando.
"Hiei..."
Seus olhos se arregalaram. Kurama estava sonhando com... ele? Estranho, ele pensou. Estranho mesmo era que, agora que ele reparava bem, a expressão de Kurama se modificara, ele parecia estar gostando do que sequer que estivesse acontecendo em seu sonho. Seus lábios estavam levemente curvados em um sorriso de satisfação, e ao se remexer mais uma vez, ficando de costas na cama, o lençol foi repuxado e a parte inferior do corpo de Kurama ficou visível para Hiei, deixando-o ainda mais confuso.
A calça do pijama de Kurama estava estufada. Kurama estava com uma ereção.
Hiei avaliou a situação por alguns instantes, a estupefação paralisando-o. Ele tentou decidir o que fazer. Ele não queria pensar em como sua própria ereção voltara, ainda mais intensificada do que antes. Pensaria nisso depois.
O problema crucial aqui era Kurama. Já estava claro que ele estava com o mesmo problema que Hiei... só que durante seu sono. Hiei não sabia que isso era possível, mas pensando bem, havia um monte de coisas que Hiei ainda não sabia. Mas ele sabia que tinha que fazer alguma coisa por aquela raposa.
"Hm... Hiei..." Kurama murmurou de novo, e Hiei finalmente decidiu-se.
Aproximou-se mais de Kurama, olhando-o com uma não esperada antecipação
em seu íntimo. Ele conseguiria?
Isso era bom. Outro daqueles sonhos. Dessa vez, Hiei estava percorrendo seu corpo com a língua, extremamente hábil. Kurama suspirou, e murmurou o nome de Hiei, sem conseguir se conter. Aqui era um Hiei diferente, extremamente carinhoso, muito diferente do último sonho que tivera. Kurama sabia que desejava que aquele koorime fosse das duas maneiras: cruel e gentil. De qualquer maneira ele o deixaria louco, tinha certeza.
Como agora. Hiei estava fazendo coisas incríveis com a língua e lábios, acariciando lugares de seu corpo que ele nem sabia que eram sensitivos. Ele murmurou o nome de Hiei uma segunda vez... e foi aí que o sonho se tornou muito mais excitante.
Hiei estava envolvendo seu pênis com a boca, quase abocanhando-o todo em sua extensão. Kurama deixou escapar um gemido mais alto de prazer ante a sensação da língua de Hiei percorrendo seu membro, dando voltas, seus dentes mordiscando a pele extremamente sensível embaixo deles. Ele sentiu uma mão de Hiei em seus testículos, acariciando-os levemente, os dedos se enrolando em alguns pêlos de sua virilha.
Era demais para ele, toda a intensidade daquelas sensações o assaltando. Uma voz repentina em sua mente o assustou: Isso não é um sonho... Está muito real, as sensações estão muito reais...
Os olhos de Kurama se arregalaram e ele suspendeu a cabeça, acordando totalmente. A primeira coisa que se deu conta era que ele estava completamente nu. Seu pijama fora tirado de seu corpo durante seu sono...e agora repousava no chão ao lado da cama. Mas isso não era a única coisa estranha...
Hiei o estava... Meu Deus, Hiei o estava... ele o estava chupando!!
Kurama enterrou a cabeça no travesseiro, espalhando os longos cabelos ruivos por todo ele. Ele estava todo na boca quente de Hiei, que continuava seu ofício sem se abalar com a expressão chocada de Kurama. Sentia a mão de Hiei em seus testículos, em carícias enlouquecedoras... não era possível! Hiei estava fazendo com ele exatamente o que Kurama fizera com ele anteriormente! E com uma habilidade espantosa!
"Ahnm... Hiei..." Kurama quase não conseguia falar. Hiei o estava enlouquecendo! Como fora que ele aprendera tudo aquilo com tanta rapidez? Kurama tentou sentar-se na cama mas uma mão firme posicionou-se em seu peito, impedindo-o, e ele deixou-se cair novamente na cama. Hiei olhava para ele, os lábios ainda se movendo em seu pênis, para cima e para baixo. Kurama engoliu em seco e tentou falar novamente.
"H-Hiei... eu... aahh..." Mais uma vez sua tentativa foi em vão. Era demais para ele, ter seu amado demônio de fogo fazendo com ele coisas que só em em seus sonhos mais secretos ele jamais pudera fantasiar... Crispou os lábios e fechou os olhos. Talvez, ele ainda estivesse sonhando...
De repente, Hiei abandonou seu membro, e esticou-se na cama, chegando para mais perto de Kurama, que abriu os olhos. A mão de Hiei dirigiu-se para seu peito, e quando dedos quentes tocaram em seus mamilos, Kurama gemeu, sentindo as sensações espalharem-se por todo seu corpo. A língua de Hiei começou a circuncidar um de seus mamilos, deixando-o ereto e úmido.
"Hm.. ahn..." Kurama permitiu-se um total abandono naquele mar de sensações em que seu corpo arquejante se transformara. Ali estava ele, uma criatura sensual por natureza, com um passado de incontáveis amantes, com uma experiência sexual de dar inveja ao mais lascivo youkai de todo o Makai... ali estava ele, completamente nas mãos de alguém que tivera seu primeiro orgasmo há poucas horas atrás... um quase virgem.
Um quase virgem com uma capacidade de aprendizado impressionante, pensou Kurama, sem conseguir conter o sorriso, abrindo os olhos para olhar o corpo de Hiei, ainda nu, ali, ao lado dele, dando-lhe prazer... Hiei era sexy por natureza, também. Kurama via isso agora. Certas coisas que ele estava fazendo agora em Kurama... bem, este não tivera tempo de ensiná-las. Era o instinto que falava mais alto...
Hiei estava ereto novamente. E seu olhar era febril, nunca abandonando o de Kurama, enquanto suas mãos e lábios o provocavam sem piedade.
Estava quase ficando insuportável. Kurama estava em seu limite. Ele queria gozar... mas ele faria com que essa fosse uma ocasião especial.
"Hiei..." Kurama sussurrou, ao notar que o Koorime se dirigia novamente para o interior de suas pernas. "Kudasai..."
"Hn?..." Hiei olhou-o sem entender. Kurama então abriu levemente as pernas, sentindo o rosto ficar vermelho, torcendo para que Hiei entendesse logo, para que ele não tivesse que explicar detalhadamente o que ele desejava que seu amado youkai fizesse com ele...
O olhar de Hiei dirigiu-se para suas nádegas parcialmente abertas. E, incrivelmente, ele entendeu, sem palavras, o que devia fazer.
Eu quero você dentro de mim, Hiei... quero sentir que pertenço a você e a ninguém mais... será meu corpo que você possuirá agora, pois meu coração já lhe pertence há muito tempo...
O pênis de Hiei endurecera-se vigorosamente e Kurama sentiu uma ponta de ansiedade ao imaginá-lo dentro de seu ânus humano ainda virgem. Com certeza haveria muita dor, pois a falta de experiência por parte do Koorime seria um obstáculo... mas Kurama não se importava. Ele queria isso, ele queria que seus corpos se unissem em um só... mesmo que se separassem depois para sempre...
Kurama abriu mais as pernas, e puxou Hiei para dentro delas, com delicadeza mas firmemente. A ponta pulsante do pênis de Hiei roçou em seu reto e o koorime soltou um grunhido abafado de prazer. Mesmo tomado pelas sensações, Hiei lançou a Kurama um olhar inseguro...quase com receio. Ele não quer me machucar... mesmo em meio ao prazer que está sentindo, ele está se preocupando comigo... Kurama sorriu intimamente, e olhou-o de volta assentindo com a cabeça, indicando a ele que ele podia continuar.
Hiei então entrou dentro dele de uma vez só, e Kurama soltou um gemido abafado. Hiei olhou-o de novo, ainda preocupado, e para assegurar de vez que era aquilo mesmo que ele queria, Kurama envolveu com as mãos as nádegas de Hiei, puxando-o mais firmemente para dentro de si.
"A-agora...Hiei..." Kurama conseguiu balbuciar, "Mova-se...comigo..."
Hiei começou a obedecer, e Kurama cerrou os olhos, procurando não pensar na dor. Aquilo estava mesmo acontecendo? Ele estava mesmo ali...em sua cama, com seu demônio de fogo possuindo-o...exatamente como seus sonhos mais secretos? Será que um sonho pode ser tão real assim?...
Kurama sacudiu a cabeça imperceptivelmente, decidindo que isso não importava em absoluto. Nada mais importava agora...a única coisa presente para ele era seu amante... possuindo-o... enlouquecendo-o...
Hiei entrava e saía de dentro dele, com movimentos compassados, cuidadosos. Kurama considerou que, para alguém que não tinha nenhuma experiência, Hiei até que estava se saindo bem. Havia dor...mas aos poucos Kurama foi tomando menor consciência dela...Kurama abriu os olhos surpreso ao sentir subitamente a mão de Hiei em seu pênis. Por conta própria, talvez por instinto, Hiei começara a fazer a coisa certa: ele estava acariciando, estimulando seu membro, que logo voltou à vida nas mãos do koorime. Kurama contorceu-se na cama, emitindo um gemido que agora era impossível de se dizer se de dor ou de prazer. Logo, logo, a dor tornou-se algo quase imperceptível.
Hiei, por seu lado, estava totalmente concentrado em não machucar sua raposa. Sua raposa? "Sua??" De onde surgira aquilo, afinal? Kurama não pertencia a ele! Hiei olhou para a face de Kurama à sua frente, os olhos cerrados, a boca crispada...ao que tudo indicava, acariciar o membro de Kurama realmente funcionara...ele parecia estar suportando melhor a dor. Hiei começou a mover-se mais depressa, ainda cuidadosamente. Estava ficando difícil controlar a própria excitação.
Quando Kurama olhara em sua direção, sem palavras, um pedido na face, as pernas parcialmente abertas para ele...Hiei quase perdera o controle. Ele compreendera imediatamente o que Kurama queria que ele fizesse...e o simples pensamento...a simples idéia de fazer aquilo...aquela visão, aquele convite à sua frente...Era demais. Era demais para alguém que nunca nem parara para descobrir o que sexo era...
Mas de alguma forma, ele conseguira se controlar. E agora, ele se movia junto com Kurama, cada vez mais depressa, enquanto sua mão continuava estimulando o pênis de Kurama, o ritmo aumentando com a velocidade das estocadas. Hiei sentia-se muito próximo de gozar...mas ele queria gozar juntamente com Kurama. E era incrível...Era Hiei quem estava fazendo isso? Kurama parecia prester a chegar ao orgasmo a qualquer momento...e ele seria o responsável por isso?
Kurama apertou as mãos em torno dos quadris de Hiei, puxando-o, querendo que Hiei andasse mais depressa. Hiei aumentou o ritmo. Agora Kurama gemia muito alto, e contorcia os quadris, e gotas de suor acumulavam em sua face contraída. Ele continuava de olhos fechados, seus cabelos ruivos espalhados em todo o travesseiro, os lençois ao seu redor totalmente amassados, de tanto que Kurama se movia em cima deles, no auge de sua paixão. Hiei estava impressionado. Como é que o sempre tão calmo Kurama podia estar naquele estado? Como aquela face tão bela podia estar assim...desse jeito, totalmente entregue as sensações? Eu estou fazendo isso...Diabos...sou eu...que estou fazendo isso... Sua mente repetia sem parar esse pensamento, como se fosse um mantra em sua cabeça...
Finalmente Kurama abriu os olhos e encarou o koorime...e seus lábios se abriram em um sorriso feliz. Sua testa estava molhada de suor, assim como o resto de seu corpo. Seus olhos verde-esmeralda brilhavam vivamente...suas faces estavam muito rosadas...
Hiei nunca vira nada tão bonito antes...quanto a face de seu amante...seu amante... tomado pela paixão, pela excitação do jeito que ele estava agora. Totalmente entregue...
Agora os dois estavam no limite final, e Hiei fechou os olhos, sentindo o orgasmo se aproximar. Não havia nada mais que ele pudesse fazer...era inevitável. Ele não podia se segurar mais. Gomen, Kurama...eu não consigo agüentar mais...
Seu corpo começou a ser sacudido por incontroláveis espasmos enquanto ele gozava dentro de Kurama, e sensações indescritíveis atravessaram seu corpo. Essa vez estava sendo incrivelmente melhor do que a anterior, sua primeira vez. Nem havia comparação! De olhos fechados, Hiei ponderou se alguém poderia morrer enquanto estava fazendo aquilo...por que era exatamente como ele se sentia agora. Como alguém que estava morrendo... e nascendo ao mesmo tempo. Era impossível explicar, e nunca, nunca Hiei sequer imaginara que alguém pudesse se sentir assim. Sons imcompreensíveis escaparam de seus lábios enquanto ele arremetia dentro de Kurama com mais força.
"H- Hiei!..." A voz de Kurama chegou a seus ouvidos, urgente, arquejante, e em meio aos espasmos do maravilhoso clímax que atravessava seu corpo, Hiei abriu os olhos e fitou Kurama.
"Ai shiteru!!!!" Kurama gritou, enquanto sua face se contraía finalmente num explosivo orgasmo, e ele gozou junto com Hiei, os dois sacudidos pelo que parecia ser uma única sensação, um único espasmo...
O pênis na mão de Hiei expeliu jatos de sêmen que se espalharam na barriga de Kurama... Hiei continou masturbando-o, até o líquido esbranquiçado se esgotar, finalmente. Esgotado, Hiei caiu para diante, em cima de Kurama, e deixou cair a cabeça em seu peito, exausto. Aos poucos sua visão foi clareando...era incrível! Que sensação maravilhosa...ele se perguntou se Kurama se sentia da mesma maneira que ele...e com esforço ele levantou a cabeça para olhar para o youko.
Kurama continuava de olhos fechados, ofegante. Mas ele sorria. Enfim, o Youko abriu os olhos e olhou para Hiei, ainda sorrindo.
"Itoshii..." ele murmurou, a voz rouca, estendendo os braços ao redor de Hiei, num pedido que ele deitasse mais próximo a ele. Hiei lentamente deixou-se sair de dentro de Kurama e posicionou-se ao lado dele, ainda estupefato que Kurama tivesse acabado de chamá-lo de seu "amor"...
Mas e quanto às palavras que Kurama gritara no auge do orgasmo? Só podia ser resultado das sensações... só podia ser, é claro. Mas isso não impedia Hiei de estar intrigado com aquilo até agora. Kurama lhe falara "Eu te amo"... será que isso era algo que alguém deixava escapar num momento mais arrebatador de paixão, de excitação? Como é que ele podia saber?
Hiei rendeu-se ao abraço de Kurama e aninhou-se junto a ele, apoiando a cabeça junto ao pescoço de Kurama, apreciando a confortável sensação do calor do Youko junto ao seu. Kurama continuava com o maior sorriso na face e apertou o corpo de Hiei junto ao seu. Meu demônio de fogo. Meu. Ele abraçou o Koorime possessivamente.
Os dois se encontravam totalmente exaustos...completamente sem forças. O incrível ato sexual que os unira os arrebatara para um lugar onde nenhum dos dois haviam estado antes. Um deles, por ser totalmente ingênuo no assunto... e o outro, por sentir que nunca amara alguém de verdade... até agora.
Por vários minutos, eles ficaram apenas assim...abraçados, ofegantes, o suor lentamente evaporando de seus corpos ainda estimulados pelas sensações que amainavam. Aos poucos, sua respiração foi se acalmando, até retomar o ritmo normal. Mas ainda assim eles não se moveram, tão absortos que estavam no contato dos corpos um do outro, na sensação do calor confortante que seus corpos saciados produziam.
Com os braços firmemente envoltos no corpo do Koorime, Kurama começava a sentir finalmente os efeitos do sono que o ato sexual bem feito sempre lhe provocava. Havia muito tempo que ele não se sentia assim. Ele nem conseguia se lembrar mais da última vez em que se deixara levar totalmente assim por semelhante paixão desenfreada. Fazer o papel do sedutor, do controlador...daquele que toma as rédeas da relação sexual...sim, esse papel sempre pertencera a ele. Poucos amantes em seu passado tiveram esse poder, essa capacidade: fazer com que ele perdesse totalmente o controle, que se deixasse entregar-se livremente às sensações sem pensar mais em nada, sem medo, sem restrições.
O demônio de fogo "quase virgem" que se encontrava deitado junto a ele, preso em seu abraço possessivo; ele conseguira incrivelmente o que Kurama nunca acreditara ser possível: acabar com seu autocontrole. Kurama se transformara em um ser arquejante e totalmente rendido nas mãos de Hiei.
Kurama se sentia tão feliz que teve medo de simplesmente explodir.
Estava cada vez mais difícil conservar os olhos abertos e Kurama soltou um suspiro satisfeito. O sono estava vencendo-o...e antes que ele fosse levado afinal para o mundo dos sonhos, Kurama levou uma mão ao rosto de Hiei, numa carícia, passando os dedos levemente por seus lábios, por seu nariz, por suas pálpebras. Movendo a cabeça, ele puxou o rosto de Hiei para junto do seu para um beijo. Hiei incrivelmente ainda se encontrava acordado, e fechou os olhos, permitindo que os lábios de Kurama se juntassem aos seus, em um beijo quente e apaixonado. Quando os lábios se separaram, Kurama olhou dentro dos olhos de Hiei, emitindo um sussurro: "Eu te amo."
Foi aí que tudo mudou.
Sentindo o coração sendo tomado pelo choque e por uma súbita tristeza, Kurama viu a mudança radical nos olhos cor de âmbar de seu amante. E foi aí também que ele percebeu que cometera um erro.
Hiei olhava para ele com uma incrível descrença na face. Meu Deus... o que fizeram a você no passado, o quanto te feriram... para que a menção da palavra amor provoque em sua face tamanho medo...tamanho pavor? Kurama quis perguntar isso a ele, quis lhe assegurar que jamais ele trairia sua confiança, que apesar de sua fama, de seu passado, essas não eram mais para ele palavras para serem ditas à tôa...esse não era mais o Youko-Kurama de antes. Era um novo Kurama, e ele o amava de verdade, e sempre o amaria. Kurama quis dizer que preferia morrer se não pudesse ficar a seu lado para sempre. Tudo isso surgiu em seus lábios mas ficou preso em sua garganta, diante da expressão atônita no rosto do Koorime, uma expressão que dizia que nem todas as palavras, nem a declaração mais sincera seria capaz de fazê-lo acreditar.
Acreditar em seu amor.
Isso era uma coisa que não precisava ser dita com palavras. Kurama conhecia Hiei muito bem. E exatamente por conhecê-lo, lágrimas começaram a encher seus olhos, começando a descer por sua face, quando Hiei soltou-se de seu abraço, evitando seu olhar.
"Eu não estou brincando com você, Hiei. Eu não o estou usando." Kurama ainda tentou começar, mas Hiei continuou sem olhar para ele, e começou a procurar por suas roupas, agindo como se fosse um robô. Procurando controlar-se, Kurama continou: "Eu sei que é difícil para você acreditar...mas, eu...eu..." Kurama engoliu em seco, descobrindo que não conseguiria dizer as palavras novamente... não com a atitude que Hiei estava demonstrando agora. O seu rosto parecia feito de pedra, o seu olhar estava dolorosamente distante.
Ele estava partindo. Nada que Kurama pudesse dizer o faria ficar e ele sabia disso. No entanto, uma esperança insana não o abandonava, esperança de que ele conseguisse de alguma forma fazer Hiei compreender que ele falava sério, com o coração. Fazê-lo compreender que vê-lo ir embora o destruiria.
"Você preferia que eu dissesse que sinto apenas atração por você, Hiei?" Kurama sentou-se na cama com os pensamentos a mil. Eu tenho que fazê-lo acreditar! Eu preciso que ele compreenda... caso contrário, eu sei que o perderei. Se é que já não o perdi.
Hiei não respondeu, e agora abotoava as fivelas do cinto de sua calça. Ele já estava praticamente todo vestido, só faltando calçar as botas, e o tempo estava se esgotando. Tempo...parecia difícil acreditar que há poucos minutos atrás eles tivessem compartilhado o maior momento de paixão que alguém podia experimentar. Todo o prazer, toda a felicidade que invadira Kurama ao viver aquele momento ao lado de seu amado Koorime agora se entingüiam rapidamente, como se fossem uma nuvem de fumaça... como um sonho se esvanecendo no esquecimento. O próprio Kurama se sentia desvanecer... enquanto ele olhava Hiei recolher sua katana da poltrona, e se dirigir para a janela.
Kurama levantou-se num rompante da cama, livrando-se afinal da imobilidade provocada pela dor e mágoa e pegou o roupão, vestindo-o rapidamente. Ele procurou com todas as forças reprimir as lágrimas... embora essa fosse uma batalha perdida. Não havia como lutar contra as emoções que pareciam querer comê-lo vivo por dentro. Hiei estava partindo. Para sempre.
"Hiei, olhe para mim." Kurama pediu-lhe, postando-se em pé no meio do quarto. Hiei já estava posicionado em frente à janela e ficou imóvel, mas não se virou. "Hiei..." Kurama insistiu.
Ele finalmente virou-se e encarou Kurama, com a face ainda sem expressão. Kurama limpou a garganta.
"Eu não estou pedindo que me ame também, Hiei." Kurama disse, olhando dentro dos olhos de Hiei e rezando para uma luz de entendimento penetrar em sua cabeça, neste último momento. "Eu só peço a você que acredite em mim, embora eu compreenda o quanto é difícil para você acreditar... acreditar que eu..." ele forçou-se a continuar, o olhar gelado de Hiei ainda sustentando o seu. "Acreditar que eu te amo. E se eu dissesse que apenas sinto atração por você, talvez você até acreditasse nisso...mas não seria verdade. Eu realmente te amo, e nada vai mudar isso.Aquelas palavras...naquela hora...não foram resultado do calor do momento. Elas foram sinceras. " ele finalizou.
Hiei ainda olhava para ele. Mas sua expressão não se alterara nem um pouco. Alguns minutos de um silêncio desconcertante se passaram, até que Hiei se movesse de novo em direção à janela. Kurama reprimiu um soluço. Ele poderia facilmente impedi-lo, tudo que tinha a fazer era invocar uma planta para se enroscar em suas pernas. Mas ele não fez isso. Ele não o obrigaria a ficar, embora vê-lo partir depois da consumação de seu amor por ele ter acontecido...estar desmoronando-o por dentro. Mas prendê-lo também não seria o certo.
"Eu vou ficar à sua espera, Hiei." Kurama ainda declarou, as lágrimas escorrendo por seu rosto, enquanto Hiei enfiava o corpo pela janela semi-aberta. Ao ouvir isso ele parou e virou a cabeça para Kurama, a expressão tão dura quanto a de um ídolo de pedra.
"Me esqueça." Hiei declarou com uma voz cortante, em seguida como uma sombra ele simplesmente desapareceu na escuridão.
Kurama deixou-se cair de joelhos no chão do quarto, o corpo sacudido pelos soluços. Ele enterrou o rosto nas mãos em total abandono, os cabelos ruivos formando um véu em torno de seu rosto consternado. No silêncio da madrugada, nada se ouvia no quarto de Shuuichi Minamino, a não ser aqueles fracos sons de dor por um amor não correspondido, por uma esperança destruída. Quando as lágrimas finalmente se esgotaram, Kurama levantou a cabeça com um olhar vago, e levantou-se pesadamente, voltando para a cama.
Ele não se importara com as consequências, quisera ir até o fim, arriscando tudo. Ele quisera se unir daquela maneira com Hiei, consumar a união física... mesmo que fosse para se separarem depois para sempre. Cuidado com o que deseja... pois pode acabar conseguindo.
Sentindo-se totalmente esgotado pelos acontecimentos daquela noite,
tanto os bons quanto os ruins, Kurama finalmente adormeceu num sono agitado,
as mãos firmemente agarradas em punhados do lençol que ainda
continham o cheiro de seu amante que acabara de partir. Mesmo inconsciente,
Kurama afundou o rosto no travesseiro, procurando guardar, capturar essa
fragância cujo dono ele nunca mais teria a oportunidade de sentir
junto a si novamente. E mesmo sendo esse um fraco consolo, seu sono tornou-se
mais calmo e ele resvalou para um sono mais profundo, sem sonhos.
****
Sangue.Vísceras. Membros dilacerados de youkais se espalhando ao seu redor. Sim, isso era o que ele queria sentir. Com vários golpes de sua katana, Hiei acabou de eliminar os youkais que ousaram lhe atacar enquanto ele tentava relaxar em uma taberna no Makai. Tolos imbecis...mais uma vez, tentando roubar sua jóia de lágrima. A jóia de lágrima que sua irmã Yukina lhe confiara, sem saber que eram irmãos.
Antes que alguém pudesse dar uma piscadela sequer, Hiei já acabara com todos seus 15 agressores. A taberna virara uma confusão. Demônios serventes e garçonetes corriam de um lado para o outro, youkais se chocavam, com medo. Todos conheciam a fama de Hiei, primeiro youkai de Mukuro... sangüinário assassino e controlador das chamas negras. Ninguém queria ficar na sua linha de ódio, então em questão de minutos, o lugar ficou totalmente deserto, a não ser pelo barman, que se escondia atrás do balcão, mais com medo de ir embora do que de ficar.
Hiei olhou para os corpos mutilados no chão. Imbecis. Tudo o que ele estava tentando fazer era distrair-se um pouco... mas uns idiotas desses tinham que vir estragar tudo. Com um gesto de desdém, Hiei tirou do bolso umas moedas e as jogou em direção ao barman assustado.
"Eu nunca mais volto a esse lugar." Ele declarou, mais para si mesmo, e o barman soltou um suspiro de alívio.
Do lado de fora da taberna, Hiei inspirou o ar úmido do Makai, sentindo a cabeça pesada por causa da quantidade de bebida que ingerira. Mas mesmo o tanto que bebera não fora o suficiente para desviar sua mente do assunto que o afligia há uma semana.
Kurama.
Maldita raposa. Por que ele fizera aquilo? Por que falar em amor? Amor! Essa era uma palavra imcompreensível para ele. Como aquela raposa queria que acreditasse que...acreditasse...
Chega! Chega!!! Ele ordenou a si mesmo, e num salto rápido ele posicionou-se num galho de árvore nos arredores. Não tinha ânimo de voltar ao castelo de Mukuro esta noite. Iria dormir ali mesmo. Tirando sua katana de junto ao corpo, Hiei posicionou-se no galho e fechou os olhos, soltando um suspiro cansado.
O rosto de Kurama imediatamente invadiu seus pensamentos, e ele praguejou intimamente.
Simplesmente não conseguia esquecer o rosto daquela raposa, sua espressão de abandono e prazer, enquanto ele o possuía...o lindo rosto de Kurama lhe revelando...lhe revelando...
K'so! Pare de pensar nisso! Hiei ordenou-se mais uma vez, mas ele sabia que era em vão.
Hiei sacudiu com força a cabeça e deu um forte soco no tronco da árvore, arrancando algumas lascas. Os nós de seus dedos começaram a sangrar e a dor se espalhou por seu braço. Sim, ele ponderou... dor era uma boa coisa. Qualquer coisa era válida para tentar expulsar o rosto daquela raposa de seu pensamento; ele tinha que encontrar uma maneira de desviar sua mente daquele par de olhos cor de esmeralda... olhando para ele...
Mas era impossível. Nada que ele pudesse fazer adiantaria. Ele jamais seria capaz de esquecê-lo. Aquele rosto delicado e perfeito estava para sempre encrustado em sua memória, e não havia como lutar contra isso
Ele estava amaldiçoado.
Ele sentiu mais uma vez sua ereção começar a tomar corpo... agora, mais forte do que nunca. Lembranças daquela noite o invadiram novamente. O toque do corpo do youko... o seu cheiro, seus lábios provocadores, sua língua... Seu rosto enquanto ele revelava que o amava...
Eu acho que estou enlouquecendo.
Ele abriu os olhos.
Não era possível que aquela raposa... realmente o amasse... Era? Como? Como uma criatura como Kurama poderia se sentir assim em relação a ele? Era inadmissível isso.
Era inadmissível esse amor.
Mais uma vez, Hiei acomodou-se melhor no duro galho de árvore. Mais uma vez, ele adormeceu a despeito da volumosa ereção que não amainava. Em sua mente, a face de um humano-youko de cabelos ruivos olhava para ele, os lábios eternamente formando aquela maldita frase:
Eu te amo.
*****
Duas semanas e três dias se passaram desde o incidente no quarto de Kurama, e este começava a perguntar-se se aquilo realmente acontecera. Então, quando a dor em seu peito se tornava insuportável, e tarde da noite, deitado em sua cama, quando nada mais se ouvia a não ser os grilos em sua suave melodia lá fora... era aí que Kurama dizia a si mesmo que aquela noite realmente acontecera. Não era produto de sua imaginação. Ele ainda sentia vividamente o gosto de Hiei nele, o toque de seu corpo, a sensação dele dentro de seu corpo...
Fora real. Não fora um sonho. Mas talvez, se tivesse sido um sonho, Kurama não estaria se sentindo tão deprimido como se sentia agora.
Ele não conseguira esquecer. Ele o tivera e ao mesmo tempo o perdera... ao lhe revelar seus sentimentos. Mas como poderia ser de outra forma? Como fazer amor com ele e agir como se só seu corpo o quisesse? Ele amava Hiei, independentemente do desejo que sentia por ele. Ele continuaria a amá-lo... mesmo que seus corpos jamais tivessem se unido. Mesmo que eles jamais se unissem novamente.
Kurama percorreu o caminho de volta para casa do colégio, o pensamento a milhas dali. Mais precisamente, no Makai, onde Kurama tinha certeza que Hiei estava, agora. Mas ele jamais poderia ir procurá-lo. Não suportaria nunca olhar novamente para aqueles olhos côr de âmbar, cheios de frieza...lhe dizendo sem palavras que o amor que ele guardara dentro de si por todos esses anos... não tinha esperança de ser correspondido.
Ao se aproximar do quarteirão de sua casa, Kurama sentiu subitamente um you-ki familiar por perto, e parou de andar, erguendo o olhar, o coração falhando uma batida.
A sensação logo desapareceu, tão rapidamente quanto tinha surgido.
Kurama suspirou, e recomeçou a andar. Sua mente lhe enganando novamente. Ele completou o percurso, chegando afinal à porta de sua casa. Ainda olhou em volta, a esperança nunca o abandonando... mas afinal, num último suspiro desanimado, ele entrou em casa.
Kurama como sempre desempenhou com perfeição o papel de filho perfeito, de irmão exemplar, embora se sentisse ainda em frangalhos por dentro. Mas sua família jamais poderia imaginar a tristeza que habitava dentro dele. Bem, talvez, Shiori sim, pois conhecia seu filho muito bem... mas tudo o que ela podia ver era uma sombra de tristeza no olhar de seu filho; mas quando perguntava a ele o que o estava afligindo, ele lhe lançava um de seus melhores sorrisos e dizia que estava tudo bem.
Sua mãe não insistia, e Kurama sentia-se grato por isso. Não podia conversar sobre isso com ela. Não podia conversar sobre isso com ninguém, na verdade. Só podia sofrer calado, e esperar que um dia a dor dentro de si, a dor de ter possuído algo e tê-lo deixado escapar... que essa dor amainasse; pois desaparecer, ela nunca desapareceria.
"Eu vou me recolher." Kurama anunciou, pedindo licença da mesa de jantar. Shiori observou que a comida em seu prato estava quase intacta. "Sumimasen" ele se desculpou, e saiu da sala de jantar, seguido por um olhar de preocupação de sua mãe.
"Coma mais um pouco, filho. Você mal tocou na comida!" Shiori ainda tentou, mas Kurama virou-se e sorriu-lhe de novo.
"Arigatou, kaasan. Mas não sinto fome. Preciso fazer o dever de casa."
"Boa noite, oniisan!" disse seu irmão mais novo, e Kurama acenou em resposta, lançando também um cumprimento respeitoso a seu padrasto.
Ele subiu as escadas, em direção a mais uma noite de solidão.
Ou pelo menos, assim ele pensava.
Kurama entrou em seu quarto...e deparou com a visão de Hiei...parado no meio de seu quarto, olhando fixamente para ele.
Por vários minutos, Kurama ficou tão paralisado que se esqueceu até de fechar a porta, enquanto o olhar intenso de Hiei não abandonava seu rosto.
Kurama engoliu em seco, e se lembrando de respirar novamente, ele fechou a porta atrás de si, trancando-a.
"Hiei." ele murmurou, sem saber o que fazer... mas é claro que uma esperança louca já se instalara em seu coração. De tanto medo daquilo ser um sonho, ele não conseguia se mover, preso no olhar fixo do Koorime.
Finalmente Hiei deu um passo à frente, e num gesto rápido, ele despiu a túnica, e como se estivesse voltando no tempo, Kurama sentiu uma sensação de deja-vu ao olhar novamente para o baixo-ventre de Hiei e constatar que ele estava com uma ereção.
"Está vendo isso?" Hiei perguntou-lhe rudemente, ainda olhando-o fixamente.
Kurama assentiu com a cabeça, não confiando na própria voz.
"Você é o responsável." Hiei declarou, levantando o dedo indicador e apontando-o acusadoramente para ele, "Desde aquela primeira vez. Eu não admitia isso...mas consigo admitir agora. Você é o responsável por isto ter acontecido comigo daquela vez...e por estar acontecendo agora."
"Gomenasai, Hiei..." Kurama tentou começar, mas antes que ele pudesse continuar, Hiei num piscar de olhos estava à sua frente, muito próximo agora, os dois corpos quase se tocando, e os dedos de Hiei tocaram seus lábios suavemente, impedindo-o de continuar. Kurama arregalou os olhos, surpreso.
"Você é o responsável, kitsune." Hiei repetiu, numa voz tão baixa que quase não se ouvia.
Kurama estudou a face de Hiei, e o que viu nela aumentou ainda mais sua esperança. Não havia mais frieza naquele olhar. Havia um novo sentimento...mas Kurama não se atrevia a nomeá-lo tão cedo. Ele não ousaria pedir tanto assim. Para ele, já era o suficiente ter novamente seu demônio de fogo diante de si, mergulhar novamente nas profundezas do âmbar de seus olhos alongados... olhos que agora estavam totalmente concentrados nele. Como num sonho enevoado, Kurama observou os lábios de Hiei se moverem, e seus olhos cor de esmeralda se arregalaram levemente ao vê-los formularem três palavras, sem emitir nenhum som.
As três palavras que ele passara duas semanas sonhando em escutar... Hiei acabara de as formular, silenciosamente... mas o olhar que o demônio de fogo lhe dizia que nada no mundo poderia ser mais sincero do que essas três palavras não formuladas... nada poderia significar tanto quanto essa troca de olhares na qual todas as promessas de futuro se encerravam.
Toda a felicidade de volta, e um grande peso retirado de sua alma, afinal.
Kurama piscou, toda a situação ainda não penetrando totalmente em seu cérebro, mas seu coração, já totalmente interado no assunto, parecia querer explodir dentro do peito. Ele se perguntou se o tempo parara...enquanto o olhar intenso de Hiei continuava sustentando o seu, firme, decidido... Hiei afastou os dedos dos lábios de Kurama, deslocando sua mão para seu pescoço, delicadamente puxando sua cabeça para baixo. Kurama fechou os olhos quando os lábios de Hiei se juntaram aos seus, cheios de urgência, cheios de paixão. Kurama finalmente envolveu seu amado Koorime em seus braços, enquanto soluços invadiam seu corpo. Hiei interrompeu o beijo quando constatou com surpresa que lágrimas desciam pelo rosto delicado de sua raposa.
"Porquê está chorando, kitsune?" ele passou os dedos pela face úmida de Kurama, sentindo-se levemente culpado.
"Eu pensei..." Kurama deixou escapar um soluço, "eu pensei que nunca mais veria você novamente." Kurama abraçou seu demônio de fogo com força, como se temendo que ele fosse embora novamente. Hiei deixou-se ficar em seu abraço, sentindo o coração humano de Kurama batendo junto a seu ouvido.
Este era um som que ele passara semanas sonhando ouvir novamente...este era o lugar no qual ele finalmente admitia para si mesmo desejar passar o resto da vida... nos braços de sua raposa. Sua... sim, aquilo parecia certo. Sua raposa. Como que para se assegurar deste novo e incrível fato, ou seja, que esta criatura sensual pertencia a ele, Hiei reforçou o abraço em volta da cintura de Kurama, e escondeu o rosto em seu peito, seus olhos suavemente se fechando. Mas a leve risada de Kurama o fez levantar o olhar, uma sobrancelha se erguendo em confusão.
"O quê...?"
"É engraçado, koibito..." Hiei estremeceu de prazer ao ouvir aquele tratamento dirigido a ele, "pois de um tempo para cá, eu tenho tido o mesmo problema que você..." Kurama afastou-se um pouco e baixou o olhar para si mesmo, e Hiei acompanhou seu olhar, e a contragosto seu rosto ficou vermelho ao notar que Kurama também tinha uma ereção. Kurama não conseguiu reprimir uma risada ao notar a súbita timidez de seu demônio de fogo.
"E o que você faz quando isso acontece?" Hiei quis saber, ainda olhando para o baixo-ventre de Kurama.
"O que eu faço? Bem... eu simplesmente deito na cama e fico esperando que algum demônio de fogo caridoso apareça por aqui..." Kurama voltou a colar seu corpo com o de Hiei, enquanto o brilho malicioso a que Hiei estava começando a se acostumar voltava aos seus olhos ainda úmidos de lágrimas, "...e resolva o meu problema."
"E apareceu algum...recentemente, para resolver o seu problema?" Hiei frisou a última palavra, os cantos de sua boca se torcendo involuntariamente num sorriso que deixou à mostra as pontas de seus caninos.
"Hmm...infelizmente, não." Kurama respondeu, e seu olhar era sem dúvida nenhuma cheio de lascívia, agora. "Mas talvez essa noite as coisas mudem..." Hiei sentiu a ereção do Youko pressionada contra a sua, quando Kurama apertou-o mais para junto de si. "Esse meu problema pode levar horas para ser resolvido, sabe...talvez a noite toda, até..." Hiei sentiu as mãos de Kurama deslizarem por suas costas, até alcançarem suas nádegas, onde repousaram, acariciando-as levemente. Hiei inspirou fundo. "Seria preciso alguém com uma certa habilidade para poder resolvê-lo...eu não sei se qualquer um poderia fazer isso..."
"Hn," Hiei procurou manter a voz neutra mas ela saiu rouca de excitação com o que ele lia nos olhos brilhantes de seu amante. "E você tem alguém em mente, neste exato momento?"
"Sim, eu tenho..." Kurama replicou com um olhar que procurava ser inocente...mas só serviu para acender ainda mais a excitação no corpo do Koorime. "mas eu me pergunto se esse alguém será capaz de encarar um desafio desse tipo, ne..." Kurama aproximou os lábios da testa de Hiei e aplicou um beijo em seu Jagan, fazendo-o estremecer. Em seguida ele olhou para o rosto de seu pequeno amante com um sorriso provocador. "O que você acha, Hiei? Será que alguém esta noite pode resolver esse meu ...problema?"
Como resposta, Hiei puxou uma mecha do cabelo de Kurama obrigando-o a abaixar a cabeça e beijou-o com sofreguidão feroz.
"Eu acho que posso resolver seu problema." Hiei declarou solene, no fim do beijo, os olhos como duas chamas acesas de desejo, e Kurama sentiu seu estômago revirar-se de antecipação. Com um largo sorriso inundando sua face, Kurama num gesto rápido ergueu Hiei em seus braços, se dirigindo afinal em direção à cama.
A noite ainda era uma criança...e na residência dos Minamino,
enquanto o resto da família de Kurama se encontrava adormecida,
um certo humano-youko ocupou-se arduamente em ensinar a um certo demônio
de fogo que as delícias do sexo apenas tinham acabado de começar...
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