Entendida
popularmente como o estudo do raciocínio correto, a lógica
surge no Ocidente com o filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322
a.C.). Para mostrar que os sofistas (mestres da retórica e da oratória)
podiam enganar os cidadãos utilizando argumentos incorretos, Aristóteles
estuda a estrutura lógica da argumentação. Revela,
assim, que alguns argumentos podem ser convincentes embora não sejam
corretos. A lógica, segundo Aristóteles, é um instrumento
para atingir o conhecimento científico. Só se pode chamar
de ciência aquilo que é metódico e sistemático,
ou seja, lógico.
Na
obra Organon, Aristóteles define a lógica como um método
do discurso demonstrativo, que se utiliza de três operações
da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio.
O conceito é a representação mental dos objetos. O
juízo é a afirmação ou negação
da relação entre o sujeito (o objeto) e o seu predicado.
E o raciocínio é o que leva à conclusão sobre
os vários juízos contidos no discurso. Os raciocínios
podem ser analisados como silogismos, nos quais uma conclusão se
segue de duas premissas.
“Todo homem
é mortal. Sócrates é homem, logo, Sócrates
é mortal”, diz ele, para exemplificar. “Sócrates”, “homem”
e “mortal” são conceitos. “Sócrates é mortal” e “Sócrates
é homem” são juízos. O raciocínio é
a progressão do pensamento que se dá entre as premissas “Todo
homem é mortal”, “Sócrates é homem” e, a conclusão,
“Sócrates é mortal”.
O
matemático e filósofo alemão G.W. Leibniz (1646-1716)
critica a lógica aristotélica por demonstrar verdades conhecidas,
mas não revelar novas verdades. Além disso, a lógica
tradicional sistematiza apenas juízos do tipo sujeito e predicado,
como “Sócrates é mortal”. Já os modernos sentem necessidade
de um método capaz de estudar também relações
entre objetos, como “A Terra é maior do que a Lua”.
No final
do século XIX, o alemão Gottlob Frege (1848-1925) cria uma
lógica baseada em símbolos matemáticos e na análise
formal do discurso, lançando as bases da lógica moderna,
que formaliza os raciocínios, organizando-os numa espécie
de gramática, que pode ser empregada a diversas linguagens, como
a proposicional, que estuda a relação dos juízos entre
si, e a de predicados, que analisa a estrutura interna das sentenças.
Como a matemática, ambas se utilizam de símbolos lógicos
(de negação, conjunção e implicação,
por exemplo) e não-lógicos (que representam proposições,
funções, relações etc.) para criar cálculos
ou sistemas de dedução.
A validade
de um argumento depende exclusivamente de sua fórmula lógica
e não do conteúdo das afirmações. Então,
se no exemplo aristotélico o conceito “mortal” for substituído
pelo conceito “verde” (“Todo homem é verde. Sócrates é
homem, logo, Sócrates é verde”), o argumento permanece válido,
ou correto, embora não existam homens verdes. Válido, porém,
não quer dizer verdadeiro. Para que a conclusão de um argumento
válido seja verdadeira, as premissas têm de ser verdadeiras.
Ao estudar
a estrutura e a natureza do raciocínio humano e reproduzi-las em
fórmulas matemáticas, tornou-se possível, por exemplo,
a criação de uma linguagem binária, que é a
base de funcionamento do software para o computador.