Primeiros filósofos gregos, os pré-socráticos vivem
entre o séculos VII a.C. e VI a.C. Ele recebem esta denominação
por terem vivido antes de Sócrates (469 a. C.-399 a.C.), que desloca
o foco da reflexão filosófica da natureza para o homem e
o mundo das idéias. A característica comum aos pré-socráticos
é a preocupação com o mundo natural (physis, em grego),
daí serem também chamados de fisiólogos. Ao tentar
explicar a natureza das coisas reduzindo sua multiplicidade a um único
princípio, eles rompem com a forma de pensamento do mundo antigo.
Inauguram uma nova mentalidade baseada na razão e, não mais,
no sobrenatural e na tradição mítica.
Tales (625 a.C.?-546 a.C.?), Anaximandro (611 a.C.?-547 a.C.) e Anaxímenes
(570 a.C.?-500 a.C.), da escola de Mileto, colônia grega na Ásia
Menor, estão entre os primeiros pré-socráticos. Para
Tales, a água é a origem de todas as coisas. Anaximandro
acha que a substância primeira é o infinito ou a matéria
ilimitada, da qual provêm todos os seres finitos e limitados. Já
Anaxímenes acredita que é do ar que derivam todas as coisas,
por causa de seu movimento duplo de rarefação e condensação.
Nascido em Éfeso, outra colônia grega, Heráclito (544
a.C.?-480 a.C.?) defende que as coisas se produzem a partir da estrutura
contraditória e movediça do real e do logos (a razão).
Daí elas existirem em permanente contradição e fluência.
A escola de Eléia opõe-se a essa tese e, com Parmênides
(530 a.C.?-460 a.C.?) e outros filósofos, identifica a existência
de uma verdade imutável e um ser completo, uno e imóvel.
Discípulo dessa escola, Empédocles (493 a.C.?-430 a.C.?)
de Agrigento nomeia como substâncias fundamentais os quatro elementos:
a terra, a água, o ar e o fogo. Sua tese e a filosofia do atomismo,
de Demócrito (460 a.C.-370 a.C.), da escola de Abdera, procuram
conciliar a mobilidade e a multiplicidade do ser, de Heráclito,
com a idéia da unidade e imobilidade, de Parmênides. No lugar
dos quatro elementos, Demócrito acredita que a realidade é
composta de átomos e do vazio. O eterno movimento entre eles e suas
diferentes combinações explicam a formação
dos diversos mundos. Ao apontar como verdadeira substância do mundo
algo imaterial, como a alma imortal e as essências eternas, que constituem
o mundo da harmonia e dos números , Pitágoras (582
a.C.?-500 a.C.?) encerra essa fase, tornando-se o primeiro pensador do
século VI a antecipar o mundo platônico das idéias.