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As primeiras ocupações humanas |
| O Período Neolítico (6.000 -1.800 a.C.) |
O Neolítico ibérico
A seguir veio o período Neolítico ou Idade da Pedra Polida (6.000 a 1.800 a.C.).
As técnicas de confecção de cerâmica, cultivo de cereais (principalmente trigo e cevada) e criação de animais (gado, cabras, porcos e ovelhas) alcançou a Península Ibérica depois de 6.000 a.C. É aceito que ondas de grupos humanos vieram do Oriente (Síria e Turquia) e se estabeleceram nas costas valencianas e catalãs, vindo pelo mar. Talvez sejam os ancestrais dos ligures, um grupo estranho à família dos indo-europeus que se estabeleceu no sul da França e noroeste da Itália. Trouxeram para a península a cultura batizada de Cultura das Cavernas.
Ao que tudo indica, esse povo não penetrou para o interior da Península Ibérica, mas provocou uma onda de choque cultural península adentro, atingindo Navarra.
Eles deslocaram ou absorveram grupos de habitantes da região costeira da Catalunha. Cavernas e sítios convenientemente localizados para a prática da caça, como as de Montserrat (Barcelona, Espanha), La Sarsa (Valência) e Carigüela(Granada, Espanha) foram ocupadas por grupos e bandos.
Fenômeno diverso ocorreu em Portugal e sudoeste da Espanha, onde o período Neolítico chegou bem depois, entre 4.500 e 3.800 a.C. Pelos anos 4.000 a.C., os grupos locais contruíam os primeiros túmulos coletivos nas rochas. Pelos anos 3.500 a.C., os primeiros megalitos, enormes monumentos funerários, eram levantados no Alentejo (Pavia e Reguengos de Monsaraz) e em Extremadura (Portugal), bem como na costa atlântica lusitana.
Os indivíduos e tribos deslocadas de misturaram às pré-existentes em outras regiões sem provocar grandes marolas porque se tratava do mesmo estoque humano, a chamada raça pirenaica descendente dos Cro-Magnon.
Os arrivistas conheciam rudimentos de tecnologia agrícola, razão pela qual se expandiram ao longo dos rios.
Eles conheciam a técnica de moer grãos entre pedras e o cozimento pela colocação da farinha sobre pedras quentes. Do favo de mel extraíam não apenas como doce, mas também a cera para rituais mágicos. Além disso, fabricavam o hidromel (25% de mel e 75% de água).A cerveja provavelmente veio com eles e com a cevada.
Também a cerâmica veio com os orientais. Seu impacto foi tremendo, pois pela primeira vez se abria a possibilidade de coleta, transporte e armazenagem de líquidos. As pessoas podiam afastar-se mais das fontes de água. Também grãos, farinha e sementes podiam ser estocados em vasos de cerâmica.
A agricultura trouxe consigo a fabricação de tecidos rústicos, de ramas, que evoluíram para a lã, o linho e o cânhamo. O cachorro se tornou um animal doméstico, pois ossos deles são encontrados nessa era. Os javalis já eram, como os leitões da atualidade, cevados para o consumo.
No norte da península viviam grupos da
Cultura Asturiense, cuja característica mais marcante é a coleta de moluscos e caracóis
para a alimentação, assim como a escultura de pedras.
Pelas estimativas dos especialistas, Navarra teria umas mil pessoas, espalhadas por duas
dúzias de tribos.
No Neolítico Médio (3.500 a.C. a 2.500 a.C.), a cerâmica alcançou ampla utilização, mas, por motivos desconhecidos, a agricultura desaparecem em algumas regiões da Espanha. Nesse mesmo período ocorreram migrações em massa pela Europa, algumas dirigidas à península ibérica.
Tribos de origem provavelmente síria, de cultura egéia que, mesclada com a dos autóctones do Levante, foi batizada como Cultura Almeriense e, mesclada à dos nativos do sul (região de Antequera e de Carmina), foi chamada de Cultura do Vaso Campaniforme.
Eles se estabeleceram no sudoeste da Espanha e sul de Portugal. Não foi uma invasão maciça, mas membros da colônia iam e vinham dali para o Oriente e tais fluxos se prolongaram por séculos, alterando a cultura e a língua dos povos predecessores. Uma das características dessa cultura era a construção de dólmens para o sepultamento dos mortos.
Simultaneamente, chegavam à Catalunha povos da Suíça e norte da Itália, cuja economia era baseada na agropecuária. Sepultavam seus mortos em caixas de pedra feitas no solo escavado, ficando por isso conhecidos como povos da Cultura dos Sepulcros de Fossa. Como todos os sepulcros ficavam longe das montanhas, fica fácil concluir que eles não as usavam.
Na Catalunha, essa cultura tomou o lugar da cultura das Cavernas ao norte do Ebro. Não chegaram a ocupar Navarra, onde não existem traços de tais sepulcros. As tribos dessa cultura eram muito homogêneas, pois as fossas seguiam um mesmo padrão. Como há inúmeros sepulcros desse gênero, conclui-se que eles vieram em grande número. Estudos indicam que tinham origem extrapeninsular, mas certamente não eram aparentados aos povos de cultura almeriense.
Essa dupla pressão empurrou autóctones para o sul e para o centro da península.
No Neolítico Final (2.500 a 1.800 a.C.), a chegada de novas levas de colonos orientais introduziu mudanças na cultura almeriense, que evoluiu para uma cultura megalítica e se expandiu rumo ao norte, onde chegou a substituir a cultura asturiense, e rumo a Navarra. Essa nova cultura passou a ser conhecida como dos Millares (ou Almeriense, fase II). Essa gente era hábil na metalurgia.
O advento da tecnologia do cobre e a mineração desse metal em alguns pontos da península, causou o adensamento de grupamentos humanos, como forma de criar escala e, com isso, economicidade na produção. Nesses locais, as vilas cresceram. A sociedade parece ter se estruturado de modo mais complexo já pelos anos 3.200 a.C. Focos de desenvolvimento material são identificados no sul e sudoeste de Portugal e da Espanha. Em particular, os sítio de Los Millares (Santa Fé de Mondújar, Almeria, Espanha), com superfície de dois hectares e protegida por três linhas de muros de pedras, com torres de observação em espaços regulares. Extra mura, um cemitério onde foram encontradas mais de 70 tumbas. Modestas edificações são vistas dentro do vilarejo. Uma construção maior era usada como oficina para fusão e trabalho do metal.
| Sítio arqueológico de Los Millares (Santa Fé de Mondújar, Almeria, Espanha) |
Nas colinas vizinhas, outras 10 ou 15 citadelas fortificadas guardavam o vilarejo. A segurança na Península provavelmente decaiu em virtude da multiplicação dos assaltos para pilhagens, como se conclui da proliferação de fortes e vilarejos fortificados.
Pouco a pouco, os grupos vão sancionando diferenças sociais e hierárquicas dentro da comunidade. A estratificação social decorrente da especialização do trabalho e sua diferente valoração social pode ser vista numa caverna galega, onde uma pintura mostra um homem com algo na cintura (talvez uma clava), com aspecto de chefe ou sacerdote do bando, disparando uma flecha sobre um possível condenado. As pinturas indicam, também, o surgimento de proto-sacerdotes, mistos de feiticeiros, sábios e astrônomos. Crê-se que eles aprendiam e difundiam as técnicas novas, observavam os costumes dos animais para facilitar sua captura ou aprender suas técnicas, e provavam os vegetais.
Em tal sociedade eram estimuladas assembléias, mormente para as cerimônias religiosas ou para tomar decisões políticas.
Uma terceira vaga penetrou profundamente na península pelo norte, sudoeste e oeste, onde se desenvolvia a cultura megalítica da qual ficaram mais de duzentos dólmens, e no centro, onde persistia a Cultura das Cavernas, eco da primeira leva de orientais.
As tribos tinham escaramuças frequentes, que não evoluíam para o status de guerra pela falta de habitações ou cidades que servissem de intendência ou centro de poder, bem como pela ausência de grandes cabedais a serem disputados. Geralmente as brigas giravam em torno de terrenos de caçada, rapto de fêmeas ou aprisionamento de inimigos valentes das tribos inimigas para sacrifícios religiosos.
Na zona pirenaica, a cultura megalítica chegou da Cantábria e se estabeleceu no norte, criando uma fronteira com aquela cultura ali introduzida pelos primeiros orientais (a das Cavernas). A população de Navarra na época devia girar em torno de duas mil pessoas.
Muitas vilas da Idade do Cobre foram abandonadas por volta de 2.000 a.C. e outras ocupadas por sociedades que tinham no bronze sua economia metaleira. Essas novas vilas muitas vezes ficavam a poucas centenas de metros das vilas antigas Os topos inacessíveis das colinas eram os preferidos, por sua defesa natural. No sul da Espanha e Portugal, o costume dos povos do sul de sepultar seus mortos dentro de casa substituiu as práticas coletivas das sociedades da Idade do Cobre.
A estratificação social está bem identificada nos vilarejos de El Argar e El Ofício (Almeria, Espanha), onde os sepulcros das mulheres ricas mostram que elas eram enterradas com diademas de prata, enquanto os homens levavam para a tumba espadas de bronze, machados e cerâmicas polidas. No sítio de Fuente-Álamo, também na Almeria, há indícios de que a elite vivia afastada da vila, em casas quadradas de pedra, situadas nas proximidades de cisternas e silos. E, com menos frequência, na Meseta sul, onde povoados fortificados (motillas) dominam a planície. No leste e norte da Espanha não há traço de gente vivendo em vilas, mas apenas em minúsculos povoados ou em fazendas familiares isoladas (como em Moncín, Saragossa, ou El Castillo, Frías de Albarracín, Teruel, ambas na Espanha).
Nas regiões mais chuvosas da Espanha e Portugal, a costa atlântica, dominam os castros, minúsculos povoados fortificados com um fosso profundo e muros de pedra, com uma indústria cúprica florescente, ligada à Bretanha e à França. Neles, os cadáveres vêm acompanhados de ferramentas e armas de metal.
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Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva