MAC 802.12 (100VG AnyLan)

As redes 100VG AnyLan (VG significa “Voice Grade”) surgiram na mesma altura que o 100baseT, em finais de 1992. Ao contrário do 100baseT que continua a usar o MAC CSMA/CD, o 100VG utiliza o MAC “Demand Priority”.

O protocolo “Demand Priority” baseia-se um HUBs inteligentes que recebem dos nós, ligados em estrela, pedidos para acesso ao meio de transmissão, podendo indicar a prioridade do pedido. Este método evita as colisões do CSMA/CD e evita o tempo de circulação do token.

O HUB 100VG tem a missão de coordenar todo o acesso ao meio, gerindo a lista de pedidos pendentes. Existem pedidos de prioridade normal e prioridade elevada. Os pedidos de prioridade normal são atendidos porta a porta, mas quando chegam pedidos de prioridade elevada estes serão atendidos antes dos anteriores.

Para evitar que os pedidos de prioridade normal fiquem retidos, é definido um tempo de residência máximo, depois deste ser ultrapassado estes pedidos passam a prioridade elevada.

Este tipo de MAC pode ser configurado para usar tramas 802.3 (Ethernet) ou 802.5 (Token-Ring) (mas não as duas simultaneamente). É deste facto que deriva a designação “AnyLan”.

Nível Físico da norma 802.12

A divisão em camadas do nível físico do 100VG AnyLan é idêntica à do 100baseT (que aliás é idêntica à do FDDI).

Tal como no 100baseT4, são utilizados 4 pares de cabos entrançados (canais 0 a 3) pelos quais os dados são distribuídos. É utilizada uma codificação NRZ o que leva à necessidade de introduzir um bit de sincronismo por cada 5 bits de dados (5B/6B).

Em cada um dos quatro canais são emitidos dados codificados a uma taxa de 30 Mbit/s, o que permite obter 100 Mbit/s de dados não codificados. A utilização do NRZ gera frequências base baixas (30 Mhz) o que permite a utilização de cablagens de baixa qualidade (UTP categoria 3).

Nesta fase, tal como no 100baseT4 não são permitidas comunicações de dados em “full-duplex”, contudo os dados de controlo são emitidos em “full-duplex”. As transmissões de controlo do HUB para o nó usam os canais 0 e 1, enquanto as comunicações do nó para o HUB usam os canais 2 e 3.

A informação de controlo mais importante é a seguinte:

DO HUB PARA O NÓDO NÓ PARA O HUB
InactivoEmitido continuamente indica que o HUB está pronto a receber sinais de controlo.Emitido continuamente indica que o nó não tem nenhum pedido a efectuar.
Pedido de Prioridade NormalPedido de envio com prioridade normal
Chegada de Pacote de DadosIndica que existe a possibilidade de recepção de dados, o nó deve parar de enviar sinais até ordem em contrário
Pedido de Prioridade ElevadaPedido de envio com prioridade elevada
Pedido de Treino de LigaçãoPedido de inicio de teste de ligação.Pedido de inicio de teste de ligação.

Os passos que decorrem durante o envio de uma trama de uma estação A a uma estação B, em prioridade normal, são os seguinte:

  • O nó A envia ao HUB um Pedido de envio com prioridade normal
  • O nó A aguarda que o HUB deixe de emitir o sinal Inactivo (pedido atendido)
  • O nó A envia a trama, ao HUB e volta a emitir o sinal Inactivo

Sob o ponto de vista do HUB e das outras estações:

  • O HUB recebe o pedido e processa-o a devido tempo
  • O HUB deixa de emitir sinais de controlo para a porta de origem e emite o sinal Chegada de Pacote de Dados para todos os outros nós.
  • O HUB recebe a trama, descodifica o endereço de destino e inicia o seu envio para a porta correspondente ao nó B, imediatamente recomeça a enviar para as outras portas o sinal Inactivo.
  • Depois de enviada a trama retoma a emissão do sinal Inactivo para os nós A e B.

O Teste de Ligação é um procedimento de inicialização que testa a qualidade da ligação verificando o seu estado.

Como já foi referido a configuração inicial 4 pares entrançados não blindados, mas existem implementações com 2 pares e 2 fibras ópticas.

Tal como para o 100baseT (principal concorrente do 100VG) estão previstas diversas evoluções, numa primeira fase a evolução para uma taxa de 400 Mbit/s e mais tarde 1 Gbit/s.

A principal desvantagem do 100VG AnyLan relativamente ao 100baseT é a relativa dificuldade de integração com tecnologias preexistentes, principalmente Ethernet. Por outro lado a diminuição dos custos da comutação MAC em redes locais veio dar novos argumentos ao 100baseT.