A teu lado

Apertei tua mão
Tentando esquivar-me do frio que tomava de teu corpo
A galopes ,vinha a fatalidade sem que nada a pudesse deter

Senti teu fôlego esvanecer-se Vi teu débil coração tentar desesperada E ,inutilmente, manter-se pulsante Percebi tua angústia enquanto as trevas Vinham a teu encontro
Enquanto,exauridos Minha mente e meu corpo tentavam desviar-te De teu destino, Alentecer Teu Karma, Segurar-te aqui, no mundo Do céu azul, Do verde oceano

Tu não eras meu pai,minha mãe,meu filho Eras uma vida que escapava por entre meus dedos Como finos grãos de areia Em uma praia tempestuosa Eras uma criança amedrontada que fugia em Encontro ao desconhecido.
E as limitações graciosamente a mim cedidas Pelo criador, Impediam-me de contornar o certo,fatal.
Pedi para que não fosses embora Mas a natureza, Soberana Ria a meus urros de ignorância
E sob meu tênue olhar de jovem médico A tentar amparar tua débil chama Contra o frio vento da aurora Foste, vagarosamente

E agora, aqui , à beira de teu leito A teu lado Com a respiração curta, Dentes cerrados, Pensamentos amargos
E,tentando esquivar meus sentimentos Do rigor da razão Dos ABCDs da ciencia médica Do ruído dos monitores, Percebo estas lágrimas quentes Arrebentar Contra teu corpo frio, Esvanecido.

Vá em paz meu amigo,meu pai,minha mãe,meu filho Siga o vento rumo ao que não conheces Encontra a razão de tua existência, De tua fé E abraça teu criador
Mas volte no próximo amanhecer Trazendo-me a luz da sabedoria Sendo o sorriso dos desesperados A força de meus conhecimentos O alívio da dor
Pois seguirei aqui A jogar-me contra a tormenta do deconhecido A transpor minhas limitações
Seguirei aqui Entre o humilde e o poderoso
Seguirei aqui À beira de teu leito
A teu lado.




Adriano Leonardi
16/12/98


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