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As primeiras manifestações artísticas ficadas nos registros
históricos da cidade foram as poesias satíricas de Agostinho Alves
Ramos.
As sátiras, recolhidas pelo provisionado portobelense Mendes
Rodrigues é incluídas nos seus "Alfarrábios", revelam o
bom poeta, crítico mordaz dos homens e coisas da época. Embora se
saiba que Agostinho Alves Ramos não tenha cultivado somente este
gênero poético, não se guardou mais nada da sua produção, nem o
que se tem das sátiras é muito extenso.
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Na verdade, a literatura nos seus
diversos gêneros foi a arte que mais encantou os itajaienses e fez de
muitos conhecidos e festejados aqui e lá fora. Cabe assim destaque para
Arnaldo Brandão, Jayme Vieira, Guedes Júnior, Eduardo Tavares, Reis Neto,
Arno Miranda, Lausimar Laus, Marcos, Adolfo e Victor Konder, Lauro Müller,
Henrique da Silva Fontes, Max Tavares d'Amaral, Gaspar da Costa Moraes,
Juventino Linhares, Cônego Fontes, Rachel Liberato Meyer, Alexandre Konder;
os quais fizeram nome como poetas, romancistas, contistas, ensaístas,
gramáticos, trovadores e oradores.
No campo das letras, a
consagração maior de um itajaiense foi a eleição de Lauro Severiano
Müller para a Academia Brasileira de Letras na vaga aberta com o
falecimento do acadêmico Barão do Rio Branco. Lauro foi empossado a 16 de
agosto de 1917, constituindo-se no primeiro catarinense a fazer parte do rol
dos imortais brasileiros.
O teatro foi a segunda grande
paixão da gente de ltajaí. O nascimento do nosso teatro se deu pelas mãos
de Manoel Marques Brandão, a quem se deve a abertura da primeira sala de
espetáculos, a sala de visita da sua própria casa, isto em 1897. Manoel
Marques Brandão, senhor de cultura invejável e biblioteca escolhida, ainda
entendia de pintura e música. No pequeno teatro que montou em sua
residência, era ensaiador e cenógrafo, tendo pintado lindos cenários e um
magnífico pano de boca com a reprodução da entrada da barra, vendo-se o
morro da Atalaia. Do primeiro corpo
cênico faziam parte os filhas João, Apolinário e José Marques Brandão,
além de Henrique e Eurico Fontes, João Nóbrega da Silveira, Carlos Serapião
Gonçalves, Lázaro Bastos.
A arte cênica em ltajaí,
logo após, adquiriria significativo desenvolvimento com a fundação dos
corpos cênicos das Sociedades Guarany e Estrela do Oriente.
Na década de quarenta,
reanimar-se-ia o teatro em nossa cidade com a fundação do "Teatro
Amador de ltajaí'; iniciativa de três entusiastas: Mário Uriarte, Emílio
Gazaniga e Ary Mascarenhas Passos. No entanto, a falta posterior de uma casa
de espetáculos, com a demolição do antigo Guarany, novamente esmoreceria
a arte cênica na cidade.
A música teve em muitos
itajaienses bons cultores, os quais fizeram época em nossas bandas musicais
e orquestras; e na instrumentação individual. Como compositor a
referência maior cabe a Edmundo de Souza Cunha, autor de inúmeras marchas
e chorinhos, infelizmente perdidos após o falecimento do autor. |
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Antiga sede da Sociedade Guarani -
Arquivo da Fundação Genésio Miranda Lins
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O itajaiense mais destacado
nas artes plásticas foi José Brandão, familiarmente conhecido por Dídi -
pseudônimo artístico que então adotou. Herdou da família o amor às
artes e foi aluno da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Lá,
na exposição levada a efeito na escola, obteve o seu primeiro prêmio, em
1953. Foi incluído pelo Ministério da Educação e Cultura no seu
"Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos", em 1974, o que
atesta o reconhecimento nacional à arte de Dídi Brandão.
Dentre as associações
criadas em ltajaí e voltadas para o bem cultural, a primeira foi o
"Grêmio Três de Maio". "Sociedade Literária e
Patriótica" fundada a 3 de maio de 1900, o Grêmio 3 de Maio dispôs
da primeira biblioteca aberta ao público itajaiense.
"Edelweiss",
"Estudantina das Magnólias" e "Estudantina Iracema"
foram outras associações culturais surgidas na cidade e reunindo
principalmente moças, com o fim principal de cultivar a música. A segunda
possuía uma orquestra de cordas que contava com violões, guitarras,
violinos e bandolins.
Em 5 de dezembro de 1941,
um grupo de itajaiense, tendo à frente o pernambucano Ângelo Cibela,
fundou o "Centro Cultural de ltajaí" destinado a reanimar a
atividade cultural. O Centro, cuja existência chegou até bem perto de
nós, dispunha de bem montada biblioteca e promoveu concorridas
conferências, recitais e editou diversas publicações.
Igualmente destacável é a
arte popular em nossa terra. A cultura popular dos itajaienses é, à
semelhança da catarinense, resultante de contribuições várias, máxime
açoriana.
Entre a gente de ltajaí
são comuns as manifestações folclóricas que envolvem a música e o canto
(ternos-de-reis, bandeiras-do-Divino e Rondas lnfantis) e a dança (boi-de-mamão,
fandango de S. Gonçalo e carnaval.
Na área plástica as produções populares são restritas à confecção de
utensílios e objetos de madeira, corda, palha, cipó e taquaras, destinados
ao uso pessoal, à cozinha. e à pesca. A cerâmica nunca foi muito
desenvolvida entre nós.
Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof.
Edson d'Ávila
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