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                         Três grandes enchentes ficaram registradas na história do Vale do Itajaí: a primeira em 1855, a segunda em 1880 e a terceira em 1911.
                   Mas a mais danosa para o Município foi seguramente a de 1880. Conta-nos o Desembargador Fontes que essa enchente, na história de I tajaí, passou a ser um marcador do tempo." 'Antes da enchente grande... ', 'no tempo da enchente grande...' ' depois da enchente grande :.. lá se ouvia, nas conversas, outrora."

      Pela madrugada de 21 de setembro de 1880, desabou sobre a cidade um temporal medonho. "Era como que o despejar de catadupas, pesadas bátegas que fortíssima lestada jogava contra o litoral", noticiava o "Novidades" rememorando o acontecido.
      Por outros três dias continuou o quase dilúvio; no día 25 a chuva cessou. Quando todos já respiravam aliviados, à tarde, chegou uma notícia apavorante: o rio Itajaí-mirim, represado pelo Itajaí-açu, ganhara novo leito seguindo pelo
traçado da hoje rua Brusque em direção à Vila.
      A triste nova pegou a todos de surpresa e a população às polvorosas tratou de se pôr a salvo.
      Às cinco horas do dia seguinte, a torrente passou por detrás do primitivo cemitério tomando o rumo da atual rua Olímpio Miranda Jr. para lançar-se no rio. As águas inundaram por completo as ruas do centro da Vila, conservando-se assim até a madrugada do outro dia quando começaram a descer. Naqueles tristes dias a cidade era como uma minúscula Veneza e podia ser percorrida de canoas ou outras embarcações pequenas.
      Os redemoinhos d'água cavocaram o chão da Vila formando crateras de até 40 palmos de profundidade, além de derrocarem dezenas de casas.
      A tragédia comoveu a comunidade catarinense e a nacional. O próprio Imperador Dorn Pedro II e a Imperatriz fizeram especial oferta em dinheiro ao Presidente da Província para fazer frente às despesas com a reconstrução de todo o Vale semi-destruído.
      Cruz e Souza - o insigne poeta catarinense ofereceu à Sociedade Dramática "Fraternal Beneficente", do Desterro, a poesía "Saudação", por ocasião do espetáculo dado em favor das vítimas da inundação de Itajaí.

      A lira sentida do grande vate assim se expressava sobre a nossa tragédia, na abertura do poema:

"Ontem, grande desgraça
Que ao povo se abraça 
D' Itajaí em gera!
Ontem, o cetro divino
Que, se tornando ferino,
Tudo esmaga afinal!" 

Fonte: A PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d'Ávila

       

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Última revisão: Maio 26, 2000.


                                        

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