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          O escritor catarinense Almiro Caldeira de Andrada certa vez afirmou que a história de Lauro Müller, sem ser fabulosa, é fascinante. O fascínio da sua vida, segundo o mesmo testemunho, decorre da grande força de vontade que superou os obstáculos de quem, sendo filho de imigrantes duma Província pequena, conquistou um a um os ideais que acalentara.
  
      Na pequena Vila do Santíssimo Sacramento do Itajaí, recém emancipada, à rua Municipal (que hoje leva o seu nome), a 8 de março de 1863, nasceu Lauro Severiano Müller; sétimo filho do casal Pedro Müller e Ana Michels.


Lauro Severiano Müller

        Seu pai integrara a leva de alemães que se estabeleceram na colônia São Pedro de Alcântara em trabalhos agrícolas. Não tendo sucesso lá, Pedro Müller, a mulher e os primeiros filhos se mudaram para Itajaí, onde o chefe da família se estabeleceu como comerciante de fazenda e armarinhos. Sua casa, embora modesta, era um ponto de referência na Vila. Nela se hospedavam as pessoas graúdas e as autoridades que passassem por ltajaí.
        Foi neste ambiente de colono germânico, lojista, boticário e compadre de todo mundo que o pequeno Lauro recebeu os primeiros ensinamentos da sua educação sadia. A primeira escola que freqüentou foi a do professor público Justino José da Silva, na própria Vila Natal. Não demorou muito para que a inteligência incomum do menino superasse os rudimentares ensinamentos daquela escola de desemburrar. Freqüentou depois a escola alemã de Itajaí e foi aluno do professor alemão Bruno Scharn, em Blumenau.
        Quando se tornou moço, o pai quis fazê-lo agrimensor, mas e!e preferiu seguir para o Rio de Janeiro e iniciar-se no comércio com um parente. A breve experiência como
caixeiro não lhe agradou e a carreira de comerciante foi abandonada.
        Aos 19 anos assentou praça no Exército, decidindo-se pela vida militar. Matriculou-se a seguir na Escola Militar e, em 1885, foi promovido a alferes-aluno; em 1889, a segundo tenente, com o grau de bacharel em matemática e ciências físicas; chegando enfim ao posto de general.
        Na Escola Militar, onde fervilhavam as idéias positivistas e a propaganda republicana ia acesa, fez-se discípulo achegado de Benjamim Constant, o patriarca da República. Não admirando que, proclamado o novo regime, a 2 de dezembro de 1889 fosse Lauro indicado para governar o seu Estado; tinha então 26 anos!
        A sua administração, embora curta, foi extremamente hábil e proveitosa. Não demitiu ninguém e, sem traumatismos, fez adaptarem se ao novo regime todos os serviços públicos. Presidiu as primeiras eleições republicanas, dando mostras já da sua habilidade política e qualidades de chefe.
        Afastado do Governo do Estado, cumpriu três mandatos de deputado federal, de 1891 a 1899, e outros cinco de senador, até 1923; em dois dos quais renunciaria para ocupar os cargos de Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas do Presidente Rodrigues Alves, em 1902 e de Ministro das Relações Exteriores do Presidente Hermes da Fonseca, em 1913.
        Ainda voltaria a se eleger Governador de Santa Catarina em 1918, dentro de uma composição política havida para não cindir as forças republicanas do Estado. No entanto renunciou ao mandato antes de tomar posse, possibilitando a ascensão de Hercílio Luz, conforme previa o acordo.
        Das suas administrações como Ministro, destacam-se as grandes obras realizadas no Rio de Janeiro, com vistas a sua modernização, e a melhoria do seu Porto quando Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas. Como Ministro das Relações Exteriores, cabe destaque ao seu trabalho diplomático de integração das nações sul-americanas, o que lhe valeu o título de "Apóstolo da Solidariedade Sul-americana ".
        Sua popularidade como homem público e orador emérito, e o reconhecimento da sua notabilidade como homem
de cultura lhe propiciaram a eleição para a vaga aberta na Academia Brasileira de Letras com a morte do acadêmico Barão do Rio Branco. Em 16 de agosto de 1917 foi recebido na Academia.
Faleceu a 30 de julho de 1926 na cidade do Rio de Janeiro e seus conterrâneos o consideram merecidamente o maior dos catarinenses e o grande itajaiense.

                                                             Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d'Ávila

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Última revisão: Maio 26, 2000.


                                        

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