.

   Inicialmente o interior das igrejas era usado como teatro, mas, quando as peças se tornaram mais elaboradas e exigiam mais espaço, e também quando foram proibidas dentro dos templos, passaram para o adro da igreja.

   O clero não estava interessado em representar o berço de Natal ou o sepulcro da Páscoa em reproduções autênticas, mas como representações de carácter espiritual intemporal, daí que tudo fosse mais ou menos simbólico.

   Os cenários também eram extremamente simples: uma porta simbolizava uma cidade; uma pequena elevação, uma montanha; uma boca de dragão, à esquerda, indicava o inferno; uma elevação, à direita, o paraíso.

   No final do século XII, o comprimento total da igreja podia ser ocupado com múltiplos loca, áreas onde eram concentrados os símbolos visuais necessários para que as passagens da narrativa bíblica pudessem ser identificadas. Adjacente a eles ficava a plateia, a zona aberta de representação, não localizada. Os espectadores provavelmente sentavam-se nas alas laterais, embora não fosse esse o melhor local para ver o espectáculo, nem sequer o de melhor acústica.

   Fora dos templos, primeiro no adro, depois nas ruas, nos mercados e nas feiras, às vezes, grupos de populares improvisavam o palco sobre carroças, que se deslocavam de uma praça para outra. Este método deu origem a estrados que  se montavam sobre rodas. A audiência permanecia no mesmo lugar, enquanto os actores passavam diante dela, faziam a sua actuação e continuavam para outro local, onde repetiam a peça para outra gente  Mas, na maioria das vezes, as peças eram representadas sobre plataformas fixas, e era o público que se deslocava.

   No caso das representações muito longas e com muitas cenas, podiam ser usados vários estrados, e os espectadores iam de uns para outros, para assistir às várias cenas. Isto quando a representação era de milagres ou mistérios. No caso  das moralidades sempre se usou um só estrado, fixo.

   Nos finais do século XII, em França, há já notícia da existência de palcos rudimentares, com uma cortina, atrás da qual os actores podiam preparar-se e esperar as suas deixas.

 

Voltar