Os Cirros  (Símbolo)

 

C irro – Do latim cirrus (= cacho de cabelo), que tem por abreviatura Ci, é uma das três formas básicas de nuvens, que pertence às camadas altas. Forma-se e circula normalmente entre 9000 e 12000 metros, mas também é vista até  altitudes mais extremadas, entre 5000 e 13700 metros. É a nuvem mais alta de
todas, excepto quando o topo das “bigornas” dos cúmulo-nimbos cresce demasiado.
  Ao contrário das nuvens das camadas médias e baixas, os cirros não são formados por gotículas de água.  É que, quando uma massa de ar quente e húmido sobe repentinamente para uma grande altitude acima do ar frio, o vapor de água não se converte em água: ocorre uma sublimação imediata, devido a uma brusca diminuição da temperatura, para valores na ordem dos 40º negativos, provocada pelo resfriamento adiabático*. Para se congelarem, as gotas têm de se fixar a uma partícula sólida, chamada núcleo de congelamento (poeira, partículas de fumo, sal arrancado ao mar pela evaporação...). O núcleo é o primeiro a gelar, seguindo-se as periferias da gota. Quando a água contida entre essas duas camadas se congela, a gota estoira, formando muitos cristais de gelo, em forma de agulhas, que vão compor a nuvem. Graças a esta constituição, estas nuvens são semitransparentes, e a luz do Sol pode passar através delas. Depois de gelar, os cirros não costumam evaporar, mas pelo contrário, aumentam e são das nuvens com maior duração.

  Este tipo de nuvens aparece sob a forma de filamentos, parecendo um penacho, um gancho, uma pena, ou um véu remendado, com as extremidades enroladas. Tem uma textura fibrosa, sedosa, ou até ambas.

  A forma de gancho e os enrolamentos, são rastos de pequeníssimos cristais de gelo que se vão separando do resto do cirro. Por isto e por serem tão delgadas e apresentarem uma tonalidade branca, parecem plumas a flutuar no céu.

  Algumas pessoas chamam aos cirros “caudas de cavalo”, pois é o que parecem quando são arrastados por ventos muito fortes (a que estão quase sempre associados). Quando se encontram destas nuvens isoladas no céu quer dizer que vai ocorrer uma mudança de tempo dentro de 24 horas, geralmente para pior, com chuvas de frentes quentes e de baixas pressões. Observando-as no seu percurso podemos até saber de onde virá esse mau tempo.

  Existem vários géneros de cirros, os cirrus unicus, os cirrus fibratus e os cirrus spissatus. De todos, os únicos que não anunciam mau tempo são os cirrus fibratus, que apenas vagueiam sem terem nenhum significado em especial.

Cirrus Unicus Cirrus fibratus
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Cirrus spissatus

  A partir dos cirros podem formar-se outras nuvens.

  Desenvolvem-se a partir dos cirros e, como eles, têm a cor branca, a forma de um véu, ou um lençol fibroso, e também são inteiramente constituído por cristais de gelo. Como acompanham quase sempre os cirros na aproximação de chuvas quentes, também se pode dizer que são indicadores de tal fenómeno meteorológico. Só que podem apresentar uma forma mais irregular e serem mais transparentes do que a sua nuvem mãe, tendo um aspecto mais nebuloso, o que leva a serem confundidos com uma neblina ou bruma. A luz do Sol e da Lua, ao atravessar os cristais de gelo dos cirrostratos, provoca halos de luz muito característicos destas nuvens.

Cirrostratos e um halo de luz

  Estes, também chamados nuvens do céu “encarneirado”, resultam da degeneração de cirros e cirrocúmulos, e geralmente andam junto a estes, embora tenham algumas diferenças. Por exemplo, enquanto que as outras têm um desenvolvimento horizontal, estas têm um crescimento vertical. Assumem a forma de um lençol, mas composto por bolas brancas e pequenas (os carneiros), que geram um efeito ondulado e rugoso. Várias tiras dos “lençóis”, quando batidas pelo vento, dão ao céu uma textura escamosa, pois as ondulações da nuvem parecem-se com escamas de peixe.

  Mas, tal como as outras nuvens da sua família, são constituídas por cristais de gelo, e também mostram de onde vem o vento, embora de maneira diferente das outras duas. Para isso basta ver a direcção das tiras, pois o vento bate-lhes perpendicularmente.

  É o tipo de nuvem mais raro de encontrar, e é muitas vezes confundido com alto-cúmulos.
 

Cirrocúmulos Alto-cúmulos e Cirrocúmulos

  Há ainda mais outro tipo de cirros, mas que se localiza no planeta Neptuno. É semelhante em quase tudo aos cirros, mas em vez de conter água gelada, é feito de metano gelado, pois as temperaturas em Neptuno são tão baixas que tudo o que lá está gela, incluindo o metano.

  Estes cirros não andam dispersos, concentram-se todos numa grande aglomeração, a Patineta, que sobrevoa livremente Neptuno.

FIM

 

* Quando o ar sobe em altitude vai encontrando cada vez menor pressão atmosférica, o que faz com que o volume do ar se expanda. Como isso requer energia, é utilizada a do calor do ar, e por isso a temperatura desce. A este processo chama-se resfriamento adiabático.

 

 

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