DIÁRIO DE UMA VIAGEM AO PARAÍSO
(3ª PARTE)
Langkawi, 19 de Fevereiro de 1999 (6ª feira)
14h30- Maravilhoso! Fantástico! AAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! Que porcaria! Ainda me dói da queda que dei! Tudo se passou esta manhã:
Eram oito e meia. A minha mãe andou a ver quando é que era o passeio à selva de Langkawi, que constava do programa . Lá encontrou num placard um Jungle Tracking precisamente às nove horas. Ela foi a correr enquanto eu acabava de tomar o pequeno-almoço, muito bom aliás. A seguir, veio chamar-me dizendo que estavam quase a partir, mas estranho era que o nosso nome não constava da lista (mal sabia ela o que iria acontecer).
Fomos com um guia todo desportivo até a uma pequena montanha. Aí, havia um caminho que ia dar a uma catarata.. Antes de continuarmos, ele mostrou-nos umas plantas, uma delas até a meti no bolso das calças. Depois disto explicou-nos que havia dois pontos onde poderíamos desistir da escalada que íamos fazer. Quando passássemos o segundo, já não podíamos voltar para trás. Então, lá começámos a subida. No primeiro ponto ninguém parou, no segundo ficaram duas pessoas já de uma certa idade. Mas nós e outros dois pares continuámos. A partir daí o caminho ficou muito mais difícil, mas lá chegámos ao topo sem ninguém se magoar. Apenas estávamos um bocadinho cansados. O regresso foi por um carreiro diferente. Ia tudo muito bem, até eu tropeçar numa raiz escondida.. Lançado em voo, tentei agarrar-me a uma árvore para não ir a rebolar pela montanha abaixo até cair nas duras rochas lá ao fundo. Porém, só consegui desviar a direcção e ir a raspar pelo chão até aos pés do guia. Fiquei com o braço todo arranhado e com uma grande dor no joelho, o que me dificultou bastante a marcha e me pôs também muito menos seguro de mim mesmo.
O guia pôs-me duas hipóteses: ou continuava pelo caminho, o que me pareceu muito difícil, ou então descia por uma encosta a pique, seguro a uma corda.. Como me custava bastante a andar, escolhi ir pela corda. Mais tarde arrependi-me da escolha, pois era muito mais difícil do que parecia e cheguei mesmo a escorregar e a ficar suspenso só pelas mãos. Para piorar, começou a faltar-me força nos braços e vi o caso muito mal parado. Felizmente o guia deu-me a mão e agarrou-se também à corda para me ajudar. Quando, finalmente, chegámos cá abaixo, respirei de alívio. Ainda estava muito assustado, mas lá me recompus um pouco, infelizmente não o suficiente para seguir calmamente. De facto, estava a tremer como varas verdes, o que me fez cair outra vez, ao menos sem me aleijar, mas como estava tão cheio de medo, entrei quase em pânico. O guia acabou por me levar ao colo até à carrinha.
Não haja dúvida, estas férias foram ricas em emoções fortes e perigo! Francamente não sei o que será pior: uma viagem cheia de azares ou uma cheia de perigos. Já tive de tudo, mas está a valer a pena. A Malásia é magnífica! Apesar de tudo, isto está a ser uma viagem ao Paraíso!
14h45- Ah, estava com sede! Soube-me bem este refresco!
Continuando o meu relato: depois de chegarmos à carrinha, dirigimo-nos a um parque natural. Seguimos por uma estrada toda às curvas, subindo por um monte acima. Era bonito aquele percurso. Então, quando chegámos ao cimo... Maravilha das maravilhas! Como Langkawi é lindo! Uma ilha muito maior do que nos parecera ao princípio, e cheia de árvores, enfim, coberta de selva! Só havia um valezinho por onde viéramos, que tinha casas e uma planície com uma pequena cidade e onde se localizava o aeroporto.
Também tive oportunidade de ver que esta ilha é rodeada de outras mais pequenas, o que forma um conjunto formidável! Que sítio de sonho! Só foi pena estar um bocadinho desconfortável por causa do que me tinha acontecido.
O almoço foi muito bom, por acaso. Escolhi uma sanduíche chamada New Club, que era enorme, com várias camadas de carne, alface e muitas outras coisas. Durante o almoço a minha mãe estava muito decepcionada por não irmos a Seven Wells, uma catarata que diziam ser muito bonita (é que o tal programa da selva a que fomos não era o nosso; esse tivemos que o pagar extra e àquele a que devíamos ter ido faltámos estupidamente). A empregada do restaurante que nos serviu, ouviu-nos falar e começou a dizer: "um, dois, três..." A minha mãe ficou espantada a olhar, mas ela explicou, em inglês, que tinha nascido nas Filipinas, e que sabia uma palavrinha ou duas de espanhol e português. Então começámos a tagarelar e dissemos que gostávamos de ir a Seven Wells, mas não arranjávamos transporte. Aí, a criada ficou pensativa, e depois disse que às 15h00 saía de serviço e podia levar-nos lá ,a pé, pois não era longe. A minha mãe ficou super - contente e combinámos logo tudo.
Mas as surpresas ainda não tinham acabado. Decidimos ir explorar o hotel e logo deparámos com uma belíssima piscina! Em cima existia uma espécie de tanque de Jacuzzi, que estreitava e ia dar origem a uma cascata que caía sobre a piscina maior. Aí era onde se nadava e havia um bar dentro de água.
Nas redondezas, vimos um anfiteatro, um bar - restaurante, a praia e uma fileira de bungalows que ficavam sobre o mar, assentes em estacas. Era tudo muito bonito, mas em todo o lado estava calor demais. Até que encontrámos uma zona mais ou menos abandonada, um bosque de bambus, onde estava muito fresquinho. É onde estou agora a escrever, à espera das 15h00, que, por acaso, já estão próximas.
21h00- Que porcaria de jantar! Foi no tal restaurante ao pé do anfiteatro, mas a comida era uma porcaria! Para compensar, a tarde foi bastante boa!
Às quinze horas apareceu a Mhel, que era o nome da moça filipina. Lá seguimos a pé até a uma linda catarata, Seven Wells, onde tomei uma bela banhoca e escorreguei pelas lisas rochas até à água. Tudo isto enquanto a Mhel falava à minha mãe de muitos dos defeitos e das virtudes da sociedade malaia e da quantidade de esquisitices, para nós impensáveis, da religião islâmica. Os rapazes andavam a tomar banho de calças vestidas, porque lhes é proibido porem-se em calções de banho! E as raparigas, então, andam de saias até ao chão e com um lenço a tapar a cabeça e até parte da cara! Afinal este país parecia tão civilizado... Como as aparências iludem! Que pena!
KLIA, 20 de Fevereiro de 1999 (Sábado)
18h00- Cá estamos nós prontos para nos irmos embora.
Passámos uma bela manhã na piscina e também na praia do hotel, que é linda. O arvoredo vai até à areia e, quando estamos dentro de água, vemos os montes cobertos de floresta tropical. É um espectáculo incrível!
Depois de almoçarmos vieram-nos buscar para o aeroporto de Langkawi. Quando lá chegámos, constatámos que os aeroportos da Malásia são todos maravilhosos. Apesar de ser muito mais pequeno do que o de KL (Kuala Lumpur) , é igualmente belo, cheio de árvores e com riozinhos e cascatas à volta.
Em vez de aterrarmos no Aeroporto Internacional de KL, fomos parar ao de Subang, o antigo, que, apesar de não ser tão moderno e arborizado, tem muitas plantas lá dentro e está muito bem arranjado. O senhor do costume trouxe-nos até aqui, onde esperamos o nosso voo para Amsterdão, pela KLM. Que seca, seis horas de espera !
KLIA, 21 de Fevereiro de 1999 (Domingo)
00h30- SCRRUNCHH! NHAM! NHAM! Ainda bem que a minha mãe foi derreter os últimos trocos malaios nestes chocolates deliciosos. Já aqui estou no edifício dos voos internacionais junto ao lugar onde o comboio pára. Uma maneira de me distrair é ver os comboios a chegarem e a partirem.
Já fui ver os aviões do lugar de observação e jantar no Mac Donalds. Não gosto lá muito, mas das comidas malaias também não, por isso comi. Estivemos a observar o rio que corria por entre as árvores do aeroporto e depois viemos para este lugar. Mas ainda falta bastante tempo para embarcarmos.
8h45- Depois de mais uma viagem de doze horas, que, de acordo com a hora local, parecem ter sido apenas quatro (devido aos fusos horários) num avião em que a comida não era grande coisa (e os filmes também não), cheguei à Holanda.
Aqui, em Amsterdão, está um frio de rachar, comparado com a Malásia, onde é verão todo o ano. Daqui a bocado vou apanhar o voo para Lisboa.
12h45- Portugal! Ainda que no Porto, já chegámos a Portugal! A Malásia podia ser muito bonita, mas o lar é sempre o "doce lar".
16h00- Adoro a nossa casa! Que bom estar aqui outra vez! O pior é que vou precisar de mais uma semana para me reabituar à hora de Lisboa.. Mas não faz mal, pois adorei esta viagem.
Decididamente foi........
UMA VIAGEM AO PARAÍSO!
Assim termina a viagem. | E se aquilo que escrevi | ||||||
Teve tanto que contar | Não foi o suficiente, | ||||||
Que foi preciso coragem | Olhem agora pra aqui | ||||||
Pra tudo isto narrar. | Pois a imagem não mente. |
(clique na etapa para ver as imagens referentes)