Não lavei os seios
pois tinham o calor
da tua mão
Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo
Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo,
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei
Nem aqueles lençois,
não os lavei,
nem os espelhos,
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraiso,
que parece que era.
Lavei, sim,
Lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só
tua
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:
donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.
Soares Feitosa
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