Vejo a vida como um louco:
Minh'alma sofre,
e grito, rouco,
à dor do Tempo que,
então, me foge
das mãos e do sangue
que em mim corre.
Sinto a vida (e ainda morro!)
como uma luz. Não!
Como uma chama!
que a todo o Ser em mim inflama;
E ainda, em vão, tão
sem socorro,
atendo à voz que,
então, me chama...
Uma voz tão meiga,
e pura, e...muda!
E eu a ouvia assim, tal como
ouve
o som das águas, em
meio à chuva,
em desespero, um barco em
chamas!
Mas voz tão bela ainda
engana
a mim e encanta
a mim e a todos
os que acreditam que vida
assim
pertença àqueles
que se acham loucos!
Loucos de vida, insanos, loucos!
os que acreditam na voz dos
sonhos
que, mudos, clamam, não
atenção;
De todas as forças,
clamam vontade!
pois o que é a Realidade?
Sonhos de vida, insanos sonhos!
Sonhos sem vida. Sim, somos
loucos!
Loucos que sonham, sonham
na vida!
e vêem a vida com tantos
olhos
e tantos sonhos, tanta vontade!
Loucos que somos, acreditamos
que a vida é aquilo
que sonham os loucos;
Pois é de sonhos
(e de vontade)
que, loucos, vivem
(mos)
a Realidade...
Brenno Kenji - 29/12/1999