Tentei gritar, não
consegui
Minha voz, perdi
tantas eram as vozes que
gritavam
dentro de mim.
Defronte a um espelho, meu
rosto
procurei na massa disforme
da minha face
E foi assim sério,
com tal desgosto
que descobri, então,
o meu disfarce
Não tinha um rosto,
mas tantos rostos!
Embaralhados, tal como cacos
de vidro que, em mil pedaços,
ora sorriam, ora choravam.
Dentro de mim, todas as vozes
gritavam em coro. Oh, tantos
coros!
E tantos rostos, quando choravam
eu bem sabia que me matavam!
Sim, eu morria, mas era um
sonho!
Sim, eu morria, e o meu sonho
que, em pedaços, se
contorcia,
com tantas vozes e tantos
rostos,
também morria!
Mas era um sonho, somente
um sonho!
Um sonho triste, tão
moribundo
Tudo morria! Mas em tal sonho
nem nome eu tinha:
eu era o Mundo
que, então, morria...
Brenno Kenji - 04/11/99