Ruas molhadas são tamboriladas
pelas serpentinas prateadas
que desabam do céu.
Os verdes já não
são mais verdes.
O amarelo antigo misturado
ao ferrugem que termina em
sépia
fazem o figurino outonal,
neste longínquo hemisfério.
O ar abafado do final do verão
sufoca ainda mais minha ansiedade,
como acontece quando lá
fora faz sol
e alguém se fecha
na sombra.
A voz aveludada da Nana
penetra em meus poros,
me alimenta devagar.
Minha saudade me varre
de um hemisfério a
outro.
Meu corpo grita a primavera
do Brasil.
Meu cio de poemas está
em flor.
Quero florescer contigo.
Estou embrulhada em versos
para te abraçar.
Dúnia de Freitas - 09/99