Foi no beco mais escuro
Voou o meu futuro
Nas asas da ilusão;
Tudo acabou,
O que era belo apodreceu,
O fim tão trágico
reconheceu
Que amor puro
Não podia existir;
E assim, as florestas são
desertos,
Meu céu tornou-se
inferno,
E meu outono abriu portas
pro inverno,
Parou mais cedo meu coração,
E o amor tornou-se féu,
vinho amargo,
O que restou foi a ferida,
a qual trago,
No peito esquerdo sem pulsação;
A alegria tornou-se tristeza,
Já enegreceu em mim
a pureza,
Agora sou pecado qual todo
mortal,
Sou mais um no meio deste
mal,
Que antes posto alto foi
ao chão;
Pois sem amor sou só
o vento que espalha,
Sou qual a chama que se apaga,
Sou do corpo a parte fraca,
A desventura da razão;
Sem amor, sou só badalo
impertinente,
Sou um caixão com corpo
sempre ausente,
Sou capa fingida que a vida
educou,
Sem amor, sou só ciúmes
inconstantes,
Sou guia cego de outro cego,
Sou meio poeta a viver sem
se perder,
Pois todo poeta só
o é sem se achar;
Faltando amor, sou qual dia
só com noite,
Sou um escravo sem açoite,
Sou uma janela sem cortina
pra fechar.
Jansey França