Tantas águas vivendo,
gotejando ou rolando
no ar, no mar, nas ruas.
Estrada de água: o
rio,
Rio na minha estrada: a rua.
Vamos para o mesmo fim: o
ralo,
e me ralo na aspereza da
saudade.
Grande a saudade como o grande
mar
onde morrem os doces rios,
túmulo seco de certas
águas.
Salgada lágrima que
sai dos olhos
ocaso fervente, embaçado,
erosivo,
turbilhão de águas
o suor da alma,
do amor que era tão
profundo
como o mesmo grande mar
onde morrem os doces rios.
A felicidade evaporou-se,
a saudade virou nuvem,
saturou-se do sofrer
e chove em dor na vida.
Gabriel Ribeiro - 08/03/99