Quem sou?
De onde veio este meu corpo?
De que lugar, este gosto amargo
que trago na língua?
De quem será minha boca?
Pra quem guardo meus beijos?
Quantos sóis e luas ainda terei que esperar
por quem há de um dia chegar?
Quantas interrogativas usarei?
Quantas exclamativas?
Quantas alternativas terei?
Não sei. Realmente não sei nada.
Do corpo que tenho, nada possuo.
Concluo que não sou dono de mim mesmo.
Cuido-me para dar-me aos outros.
Doar-me a quem procure abrigo.
O mundo é cruel e sinto-me uma fortaleza,
mas para mim mesmo sou fraco.
De vidro e depois caco
Sou chão.
Tapete a ser percorrido.
Pano imundo para a limpeza do mundo.
Sou grão.
Sou nada.
©Edinaldo Santos