Saudade


Doce ilusão és tu, saudade amiga
Que faz lembrar um bem que já passou;
Faz reviver ternura tão antiga,
Faz recordar quem foi e não voltou.

És muita má, querendo repassar
Todas as dores; quem veio e quem deixou
Em nossa vida um rastro a demonstrar
Que o riso veio, brilhou e se apagou.

Mas não pranteies, não chores, oh saudade.
Não te consumas, pois és a companheira
Da alma triste, cheia de bondade;
Da pomba nobre, livre e altaneira.

Pois quem na vida não viveu momentos
De amor, ventura ou de felicidade,
Jamais terá um sonho entre tormentos,
Jamais sentiu, nem sentirá saudade.

©Fernando Tanajura Menezes in RETRATOS - Editora Scortecci - 1990


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