Amém, minhas rosas!
Vossa ternura esconde
Vossos espinhos...
Ainda estou aprendendo,
A cada dia menos;
Aprender é regresso,
Retorno à inocência.
Vossos espinhos
Apenas atestam
Que amor é admiração,
E quando se toca,
Se corta, se fura,
Machuca a alma;
Sei que estás ouvindo,
Já que não
falo com rosas,
Apenas entendo os espinhos,
Pois toda beleza é
intocável;
Olhai meu corpo,
Também cheio de espinhos,
Não é beleza,
é sofrimento;
Que contraste:
A beleza se defende,
A tristeza se retrai;
Similaridade? Apenas os espinhos,
Uns por pretexto,
Outros por força;
Valei-me, ó rosas...
Bondoso Deus,
As pétalas se foram,
As rosas murcharam,
O vento colheu,
O rio secou, e não
choveu;
Os espinhos, secos, ainda
ferem,
Confundidos com os meus...
Tristeza, beleza, é
tudo fruto
Deste amor compulsivo...
Malditos espinhos.
Arranca-os de mim.
Amém!
Jansey França