Deus da leitura em nossa solidão
ensina-nos a ler, ler tudo.
Separar o que é bom
como separamos o joio do
trigo.
Ensina-nos a sentir
pela força do trabalho
a especificidade do livro
para que novas formas
de poesia desabrochem.
Ensina-nos a ver
a estética da palavra.
Quantas vezes jorrou a luz
de uma imagem nova
em simples brochura.
Ensina-nos a compreender
a unidade poética,
ao mesmo tempo
a diversificação
da poesia.
Ensina-nos a assimilar
lendo com sabedoria,
degustando palavras.
Ensina-nos a mastigar as palavras.
A bebê-las em pequenos
goles,
a saborear verso por verso.
Ensina-nos o bom desejo
de comer , de beber e de
ler.
Assim, já de manhã
, diante dos livros
acumulados sobre a mesa,
faço ao deus da leitura
a minha prece de leitor voraz:
A fome nossa de cada dia
nos dai hoje...
Dúnia de Freitas