Avó
(Inês)
De moça a mulher cresceu
Com o sustento da marmita
fria
Bela Avó Inês
- a bóia-fria
Da história, desconhecida
Verseja sua vivência
agrícola
Escola na qual viveu.
Brônze o corpo ao sol
de meio dia
Sentiu a semente germinar
Fez dela sua companheira
poesia
Enquanto que os pássaros
namoravam seu caminhar.
Ricos noventa anos de vida
determinados desde o nascimento
Inês vê seu sonho
amparado
Seus poemas materializados
em capa, livro e prefácio.
Declamando estrofe por estrofes
Um anjo alado os transcrevia
Inês com traços
de Coralina
Nos deixará esta herança
Santa, mais valia.
Com as moedas conquistadas
Voará nas asas da
águia
Até encontrar-se nos
céus de Brasília
Antes que desta vida parta
sem o neto abençoar.
Arrepio-me daqui com o desfecho
Ou, dizendo, para Inês,
o recomeço
Sorrindo com o neto que brincava
Abraçados às
broncas dadas
Amando-se com beijos.
©Andréa Abdala, 08/04/00