Em algum lugar do passado

Nas estradas,
nos caminhos e desencontros
dos meus ventos,
Nas suas vozes que se perdem
no silêncio
dessa ausência que me falta,
vejo o rosto
que não tenho, entre as máscaras
que fui.

E, no vento,
vejo a sombra que restou do meu presente.
O momento
que, entre sonhos e desejos, de repente,
como a luz
das cidades numa noite sem corrente,
acabou.

Restam as lágrimas
de um oceano que já existiu em mim.
O reflexo
das certezas e esperanças que perdi.
Mas, de tudo,
é o passado que me faz chorar assim,
Pois dos sonhos
esperanças, incertezas e alegrias,
Dos amores,
das tristezas da minha vida e dos meus dias
Sou somente
o passado que vivi e que esqueci.
Sim, somente
as lembranças das lembranças que chorei.
 

©Brenno Kenji, 27/05/2000


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