Em algum lugar do passado

Protesto inútil
A chuva desce fragorosamente
alaga, encharca minha rua escura,
vindo somar-se à noite de amargura,
que nesta hora inunda minha mente.

Tento buscar consolo no passado,
conforto ao meu ser deserto e nu,
nos sonhos em criança acalentados,
que eu guardava no fundo do baú.

Tento buscar alívio para o tédio,
e no baú vou procurar remédio;
as esperanças não consigo achar;
só restam sombras, cinzas, nada mais

E quando ao baú vou reclamar,
alega que o tranquei com cadeado;
a chave joguei fora no passado
e só me resta carregar meus ais
 

©Maria Esther Torinho


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