"Monumentos
arquitectónicos dizendo do Barroco palavras suas, muito legitimamente
suas, pela via do granito em que o Porto se reconhece. Cidade que foi
berço do Infante D. Henrique e de uma plêiade de patriotas,
de homens da Ciência, das Letras e das Artes.
Configuração
urbana de raro perfil. A Torre dos Clérigos apontando para o céu
uma vontade do Porto, num traçado de Nazoni. Palácios burgueses
surgindo entre japoneiras centenárias. Sussurro de fontes dissimuladas
nas profundas sombras dos arvoredos, lá para os lados de um Museu
Romântico.
Os
jardins emoldurados pelas fachadas de azulejos, e mais, sempre mais azulejos
cobrindo vastos panos exteriores de igrejas e capelas voltadas para o
bulício de uma cidade fervilhando de manhã à noite.
E
no olhar, no lado de lá do Douro, ao fim do dia, o Porto é
um deslumbramento nas mil incandescências alaranjadas com o Sol
mergulhando para o lado do Oceano.
A
Ribeira deixa-se vencer por lenta e crescente sonolência.
A
imagem que nos fica, essa é imorredoira."
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Júlio de Resende -
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