3 POEMAS de Agostinho da Silva

Morrer dormir dormir talvez sonhar
pode não ser mais nada senão verso
ou destino a querer até inverso
quando por minha vez eu lá chegar

poeirinha de céu gota de mar
em constante mudar me vejo imerso
na própria vida em sonho me disperso
e livre no que seja vou entrar

talvez nunca me lembre ter vivido
talvez nunca me pense renascido
mas alma em rio eterno que flui

diferente de todas me afirmando
e num golpe de luz recuperando
o marinheiro e monge que não fui.
Quanta coisa quis fazer
e quanta coisa não fiz
de um lado Deus permitiu
de outro lado Deus não quis

ou então não percebi
o que me dizia Deus
desatento a Seus projectos
por só me ocupar dos meus

ou nem isto nem aquilo
rodou assim o destino
puxem a corda que queiram
e a gosto badale o sino.
Bem quereria saber
e não o leves a mal
a que é igual Einstein
esse teu sinal de igual

só outros traços de igual
iguais lhe poderão ser
tudo é igual ao igual
e toda a visa é morrer

se toda a morte renasce
na vida que principia
aporte a Deus o seu sol
que ilumina noite e dia.