Agamoto (Agamoto Munroe)
Lembras-te
da última vez?
Castelo
do silêncio
Lembras-te da última
vez?
Da última vez que ao cantar dos pinheiros
Na falésia sobre o mar,
Onde ondas enraivecidas desfaziam-se
Com a fúria de mil trovoadas,
Ameaçando entrar por terra adentro,
Os nossos lábios se toucaram?
Lembras-te da Lua adormecida
Na sua cama de estrelas,
Velando pelo nosso amor
Na noite em que por uma última vez
As nossas bocas se beijaram?
Lembras-te do frio
Que arrepiava a própria noite
E morria ao contacto dos nossos corpos?
Lembras-te?
Lembras-te ainda das gotas de chuva
Que mais pareciam poesia
De tão perfeitas que eram,
Com que a Deusa nos presenteara?
E do vento? E do vento Ororo?
Lembras-te do vento fugidio
Envergonhando-se com as nossas brincadeiras
E que rodopiando suavemente
Nos trazia cheiros e sabores
De um paraíso chamado África?
Lembras-te deste último toque de almas
Numa vida que não esta,
Há muito tempo atrás
Num tempo ainda por vir?
Agamoto
Castelo do silêncio
Encontro-me aqui neste castelo vazio
reinando sobre o meu reino!
Os meus súbidtos,
silênciosos e impalpáveis
Apenas a mim veneram!
A minha rainha,
outrora linda e divinal
há muito se calou,
deixando-me a mim e a meu reino
neste silêncio sepulcral!
Neste castelo do silêncio
onde reino como rei
apenas o silêncio se faz ouvir!
Já não há mais gargalhadas,
os passáros há muito se foram
e a vida há muito morreu!
Sou rei supremo neste castelo!
Abro-vos agora as portas dos meus salões
e desejo que neles encontres
algo mais e menos silencioso
do que o silêncio!
Agamoto Munroe
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