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 |FLAT_BEAT|  (José Pinto)
 

 





 

 













 
À ESPERA DE VOAR
.
passa dias 
sem ver o Sol,
na mente brilham as estrelas 
de uma alma sem igual
outra vez arremetido 
pela crueldade da rotina
o amor está longe
separado pelos pássaros 
que voam debaixo de nosso pés
sentindo que algo de mau 
se possa passar, e o coração
não possa mais sonhar.
o mundo de ilusão
é o melhor sobrevivente 
à rasteira fluente.
impludirei ou espalharei
a minha dor como todo o mundo
sem que ouçam uma palavra,
na esperança que ouças uma
palvra minha dizendo,
que te amo
na esperança que tu 
a entendas e a guardes 
para sempre.
a flor que cresce 
espera conformada
que a vida a pise ou 
simplesmente deixe de lhe alimentar
morrendo lenta e serenamente
no sonho em que alguém
ouviu a sua última palavra
tuas mãos me pareceram
seda, quando tocaste minha alma,
e como vinda do nada
a ti me entreguei
ainda hoje sem saber 
porquê ? ...
mas sabendo que
vieste para partilhar
a minha dor contigo
sem que te faça sofrer.
e o sol novamente
brilhou nas pétalas murchas
e deram vida de si.
quando os pássaros deixarão 
de voar debaixo de nós
não o sei, mas o mar
nunca mais será o mesmo
porque tu estás comigo
e eu sei que tu 
nos teus sonhos me levas
no teu coração
dizendo-me adeus 
sem te ires embora, porque
daria a vida para te ver
só por mais uma vez.
quando a onda me vier buscar,
esperarei o teu último grito
a angústia de perderes
aquilo que foi teu.
a dor de veres partir 
a quem pertenceste.
quando o chão se levantar
e os pássaros voarem por cima
de nós levando todos 
os sonhos suicídas, eu gritarei
para todo o mundo, indiferente à 
sua compreensão, eufórico ao 
teu amor pelo qual tanto
esperei...
.
(1998)
José Pinto

 


 

 

FUGIREI POR TI
.
Se o Sol pudesse tocar a terra
eu fugiria, para bem longe
Disfarçado de mau na pele de um monge,
Encontrado depois no leito de uma fera.
.
Tu serias minha musa, minha inspiração
ficaste Rainha no meu coração
Ninguém apagará este livro apaixonado
Que pelo bom destino, há muito foi marcado.
.
Teu sorriso o imagino em tudo de alegre que vejo
Sonho de dia e noite com o sabor do teu beijo
Sonho esse que me destrói a esperança
De não te poder tocar, abraçar-te e ficar criança.
.
Chora meu amor, chora comigo
choraremos todo um mar
e fugiremos,
fugiremos para poder ficar contigo.
.
É grande a tristeza
que enconbre esta felicidade
o desprezo me chama,
A esperança me conforta,
O amor me leva ao colo
para onde não o sei,
não voltarei atrás
Estes braços me fazem viver
Preciso deste conforto, preciso de te ver.
.
(1998)
José Pinto

 


 

GAIVOTA
.
Mar que envolves com tua brisa
porque gritam as gaivotas
se eu estou calado ?
Desce, oh brisa, sobre mim...
.
Que me gelas as mãos 
e não me aqueces a alma!
Sai daqui vai-te embora
parte e não tragas memórias
.
Emerge o verde do verde que vejo
trepando o céu cinzento
onde o azul eu desejo
mais que um Sol brilhante
.
Verde esse que nada tem
comtemplativo a meu olhar
inútil me é sua vida
Mas que raio estou Eu a pensar ?
.
Porque passa este barco,
se eu estou parado ?
Serás tu indiferente
e eu apenas desolado
.
Vai-te embora, vai !
Não vês que me atormentas ?
Será o calmo mar que quero
ou também desejo a tormenta ?
.
Elas chamam por mim (as gaivotas)
sobem alto e emergem em meu ser.
P´ra mostrar que não está tudo cinzento
Para aquele azul, aquele... eu poder ver
.
Mas quem pediu que me mostrasses ?
não posso eu ver com minha alma ?
OH meu Deus...
Congela meu sangue e digo Adeus
.
Que inútil me sinto
que me prendes e não posso sair daqui
Mas a vida é minha
Vai-te embora gaivota, deixa-me ser...
.
Para onde foste, bicho do Mar ?
Já não posso ouvir teu canto
Que dizias tu afinal ?
Ai que me regela o pensamento
.
Azul que te escondes 
mas seu sei que estás aí
Tenho apenas um vazio
Algo que me faz sentir
.
Invado a mente com tudo o que sei
Ocorre-me o branco, fico sem ser
"Mas que quero pensar ?"
penso eu antes de morrer ...
.
Vai lá, então, estúpida gaivota
que me abristes a porta 
e eu não quis entrar
Fogo! Chuva! Sol! Tormenta! medo de amar...
.
Entrego-me a ti
Verde mar, azul cinzento
Já não sou eu, sou tua brisa
Enfim, posso agora viver
.
.
(2000/01/25)
José Pinto


 

 

IMPLOSÃO
.
O ódio penetrante 
De não poder soltar estes gritos mudos
Verdades que se achariam mentiras
Como a vida que cresce noutros mundos
.
A onda gigante que cresce dentro do mar
Grito, choro, falo, esqueço ...
Nasce a flor da imcompreensão
A vontade é maior, mas eu obedeço
.
O furacão que cresce e destrói
A flor goza a leve brisa da manhã
As lágrimas que ninguém limpa hoje, nem amanhã
Só porque ninguém sabe que isto dói
.
O fogo grassa forte
Todos respiram o doce fumo incolor
Maldita flor que cresces
E me deixas morrer com esta dor
.
O trovão que estala e não se ouve
A chuva que cai e não os molha
A destruição que não os fere
Porque se o Sol nascesse de noite...
Ninguém iria compreender
.
(1998)
José Pinto

 


 

 

NA ESPERANÇA DE TE AMAR
.
Os dias passam 
Sem te ver
Tocam-me como
Flechas quentes
Que ardem no meu coração
Sentido esta amargura
Que me penetra e
Se espalha sorrateiramente
Por toda a minha alma
Sem me deixar combater
Para me levantar outro dia
Vendo o tempo a passar
Vejo-te chegar
Tento agarrar-te
Com os olhos de Deus
Disfarçando o meu sofrimento
Olho-te com alegria 
Receando o teu desprezo
Oculto-me no meu sonho
Onde sou feliz
Porque gosto de sonhar
Que consigo voar
Que consigo te amar
Onde tu me abraças
E me agarras para sempre
Quem espera sempre alcança
Onde faz acordar a minha 
E a tua lembrança
De tempos que foram 
E que virão, onde é difícil
Mas seguimos o coração
Onde a flor exibe
As suas mais lindas pétalas
Para esconder o seu veneno
Repleto de medo
Onde queria gritar
Para tu me ouvires
Mas vivo onde não posso
Porque gritar seria 
Acenar para sempre
Ai que foi um pouco meu
Quando a água corre
Por tuas mãos e
Passa suave por teus dedos
Quando tu não tinhas
Sede,
Um oceano inteiro
Correrá por ti
Sem saberes que
Terás sede, deixarás passá-la
Ouvindo quase todos
Os seus gritos
Despertando a beleza
Que corre dentro de si
Passando tempos sem fim
Tocando tuas mãos
Tornando-se pura
Fazendo crescer
Sentimentos de esperança
Onde um dia tu saberás
O quanto te amei
O quanto te amo
O quanto te vou amar
Até que um dia o rio
De amor
Encha de esperança 
A sua última gota
Que cairá nas tuas mãos
Sempre na esperança ...
.
.
(1998)
José Pinto


 

 

NOCTÍVAGO
.
Aqui sentado nestas trists ruínas ...
apercebo-me que tudo passa ...
quando quis o Sol, a noite forte sorria,
quando me tornei morcego a mesma luz me feria.
Tiro à sorte o meu destino marcado
quatro faces da moeda caiem a meu lado
Mais forte que a criação
é a arrogância por esta solidão
nas ruínas me sentei,
o Mar me engoliu e para ti olhei
choraste a chuva destruidora
agora é tarde, talvez outrora,
morcego me tornei
e para a noite fugirei, e viverei...
.
(1998)
José Pinto


 

 

Jogando com tudo o que a vida oferece
Os outros pensam que ninguém merece
Será a chuva que cai e não os molha ?
Errado, é o rosto cruel que ninguém olha!
.
Capacidades extraordinárias virão
Acima de tudo o que se pode chamar razão
Rindo eu encho o meu peito
Lisonjeando tudo o que foi feito
Olhando triste o fecho do dia
Sabendo o que a noite pediria
.
Agora que já sei toda a verdade
Guio a minha alma sem crueldade
Unido estarás sempre com o meu coração
Incompreensível será esta solidão
Acamado em esperança que alguém te acolha
Respeitarei sempre a tua escolha
.
Partiste sem me deixar responder
Instável agora será o meu viver
No possível sonho de te olhar
Tenho medo mas quero voar
Ouviste ? quero voar para te poder olhar ...
.
(dedicado a Joël Conceição)
.
(1998)
José Pinto 

 


 

 

TU NUNCA MAIS VAIS VOLTAR
.
leva de mim este engano
que só me faz sofrer,
pois tal foi o engano
que só desejo gritar, esquecer,
sonhar...
com aquela que se foi
com o vento,
com a onda que partiu
e não voltou,
na tortura de um lamento
que um dia nos separou.
estou na praia sozinha,
vejo na noite negra
a tua doce imagem que me cega,
e apetece-me gritar, voar,
correr atrás dela.
dizer-te que pares,
não digas adeus,
que não vás embora...
mas tu vais, tu andas, tu anvanças.
que eu grito tu não me ouves,
agora só ouves as vozes
daqueles que te chamam,
lá do outro lado
da outra margem...
avisto uma onda no mar sereno,
ainda distante...
e tão bem sei que ela vem p´ra te levar
como sei que nunca vais voltar.
--PÁRA !!!- grito com força.
no meu mundo,
todas as árvores que ali estavam
desabavam num tornado,
toda a areia se levantava no céu,
o ar escasseava,
todos os seres vivos padeciam 
e eu já não respirava.
e num ápice, tudo desaparecia...
restáramos eu, tu e a onda.
mas tudo isto era apenas o meu mundo,
em que me sentia perdida...
no teu mundo,
a onda e o mar desapareciam
e as vozes do outro lado chamavam-te
... mas só tu as ouvias.
a onda aproximava-se
e tu, hipnotizada, caminhavas...
disse-te adeus.
um adeus magoado e sem esperança
que me pudesses ouvir,
mas para ti eu deixara de existir
e essas vozes bloqueavam a tua mente.
a onda chega
e tu partes ao relento,
como aquela que passa
mas não se esquece,
vento...
deste um último passo
para a onda fatal,
qual mortal abraço 
cheio de prazer.
nada podias faze,
com apenas uma certeza para continuar:
tu nunca irias voltar
VAI !!!
vai ao mar,
larga a vida,
ouve as vozes... segue-as !
e depois,
depois deixa passar entre os dedos
todos os amigos,
todas as pessoas que te adoram,
que te amam
os corações que te chamam
e sofrem por ti.
incluindo eu, que te vi,
a partir para não mais voltar.
desde que se cruzaram
soube que irias com ela,
soube que não voltarias.
FOGE!
e refugia esse medo
nas vozes que ouves p´ra lá,
p´ra lá da realidade.
lá na terra do sonho, da magia,
onde todos somos irmãos
erguendo as mãos em conjunto
num clima de paz agreste.
Oh! meu Deus, como pudeste ?
talvez as vozes te digam
o que eu não fui capaz,
o que te tentei dizer
senda já tarde demais.
e rompendo o pensamento
desprezando este lamento,
quis que voltasses do mar.
então gritei à saudade
que contra a tua vontade
não te podiam levar!
mas agora quando olho o mar
escorre-me uma lágrima nua,
pois sei na verdade crua
tu nunca mais vais voltar...
.
.
(1995)
Cátia Batalha

 


 

 

SE UM PÁSSARO NÃO PUDER VOAR
.
Se um pássaro não puder voar,
Ficarei inquieto a olhar ?
Pensando se fosse eu ?
Única missão seria desprezar
.
A dotação do meu "eu"
Será tão profunda assim ?
Que não consigo lá chegar
Não posso ficar aqui...
.
Partir, viajar,
Todos pensam como eu,
Que há para descobrir ?
Uma Julieta, um Romeu
.
Poderá o ser isolar-se ?
Tanto desejar quando tudo despreza
Será ignóbil este Dom ?
Afinal que nos espera ?
.
Que grande labirinto
Que fácil desculpar o caminho errado
Que estúpido errar de novo
Quem está do outro lado ?
.
Sim, tu, que tudo vês
Que não tens paredes
Se te domina infinidade
Ficarão teus olhos verdes ?
.
Porque vês e te calas ?
Fazes acreditar-te
Para quê ? Para quê ?
Deixarás encontrar-te
.
Libera-me deste espírito
Posso voltar atrás ?
Fecharei os olhos
Assim o coração não sente 
.
(1999)

José Pinto

 


 

 

Será que estou desinibido ?
porquê a vida não me quer ?
e eu quero tanto a vida...
serei rock, serei rei ?
neste mundo de ninguém !
para mim só teu...
só tu me exaltas da escuridão
só tu me pecas na perfeição
mas eu amo-te
e isso é mais perfeito
amo-te e quero-te amar
mas não quero...
quero viver,
mas não quero chorar
.
(1998)
José Pinto

 


 

 

PENSANDO ...
.
Pensando que o tempo não passava
abandonei a razão que esperava
Para não te ver partir e chorar
Onde eu lutava para rir e te amar.
.
Pensando que o dia chegara
levava ao alto o pensamento
onde a primeira imagem eras tu
permanecendo em mim todo o momento.
.
(1998)
José Pinto

 


 

 

REVOLTA
.
esperando que o tempo passe
vejo-te partir sem fazer nada
entras-te na minha vida sem pedir
mas eu não reclamei
tua beleza me pareceu infinita
quando me pentras-te com teus olhos frios
um ardor me atravessou
e uma lágrima se escorreu de fio
abdiquei de todas as promessas e sentimentos
a parti para o meu sonho onde era feliz
feliz contigo, onde te abraçava e me possuías
quando a lua se puser cheia numa só noite
seremos um só.
tua partida quebrou meu coração rachado
que sofre lentamente este amor torturado
dias que passam em branco vendo tua imagem
fixada dentro de mim
levam um pouco do que me resta
pelo teu toque de magia
meu coração se apaixonou
e a minha alma a tua amou
quando puses-te teus pés na água
fizeste o mar se levantar e mostrar
todo o seu interior que se escondia por trás
de pequenas e leves ondas escondendo
toda a sua tempestade de revolta
agora, londe de ti só me resta
sofrer e esperar que o destino
te tire do meu coração e o guarde
na minha alma para sempre ...
.
(1997)
José Pinto


 

VENUS
.
Apenas vi do dia a luz brilhante
Pelos destinos meu primeiro instante
Em sanguíneo caracter foi marcado
Que a pouco e pouco as ondas têm minado.
.
Vagando a curva terra, o mar profundo,
Minhas faces com lágrimas inundo.
Cesse a ríspida voz que em vão murmura
Deixa-me apreciar minha loucura
.
Queres que fuja de Vénus bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.
.
E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,
Dormisse no teu seio inviolável,
Noite sem termo, noite do Não-ser !
.
(1998)
.
(poema elaborado com versos soltos de Bocage)