PSYCHOSIS
Principal ] Voltar ]

 

 PSYCHOSIS  (António Manuel Martins)
 

São estes os sons 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 São estes os sons que escorrem nos dedos irados;
 Os tambores que batem no teu corpo, desgastado,
 As chuvas que arrancam fragmentos de terra, vermelha,
 Panóplias de ideias indistintas, vulgares ideais,
 Entre as montanhas de teu corpo, oiro frustado de desejo,
 Exíguas cabanas de paixão, metal da tua pele,
 Dura e em vão meus beijos, palavras em gritos soletradas,
 Espuma, saliva que dilapidam tua face, árida ao meu toque,
 Inacessível ao que sonhei para nós, tão vulgar como ridículo,

 Mas, entrava em ti, achava, como quem é esquecido,
 E agora sei, que dormias nas tuas fantasias, cristalinas,
 Nas águas dos teus beijos, querias alguém, um corpo,
 Uma essência, um lago que te espelhasse, lodo, algas estranhas,
 Pedras lisas e demasiado perfeitas, só tanto como tu vês,
 Quando contemplas tuas janelas verdes, cor de terra molhada,
 Flauta que assobia e fere, concha que guarda, vidro que protege...