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(Rui Martins)
A sombra
À Ana das 3 personagens
Amo-te (se um dia
fores à pt-net)
Confesso
Amor ( excerto de um texto maior )
My best
Friend
Amor ( 1ª parte )
A Sombra
.
O homem viveu durante 3 anos
o cabelo gradualmente negro da raiz
crescia na cascata que lava
solidão diluída em silencio.
.
O mundo que o cercava continuou
inexplicavelmente feliz e bem disposto.
cidade autónoma
Não tinha importância, nunca teve
ela é apenas o subúrbio do meu quarto escuro,
cheio de ar e petróleo
na forma ausente da luz e das suas sombras mímicas.
.
As distracções constantes do cenário sem gosto nem design,
melodias e ritmos escolhidos por outros,
enervantes, absurdas, percursoras de miúdas ridículas
e cheias da moda de não estar na moda.
Alegres idiotas.
.
Existiu...
uma calorosa e viciante
.
mulher.
.
Amor lacinante, fez dele um cano roto
jorrante de água na rua, para as crianças refrescarem-se
debaixo do sol amarelo, canceroso, doente.
Tosse.
.
Não há mais água, secou tudo.
Agora tenho uma enorme e incontável quantidade de ar e escuridão,
sim, em tempos houve O Amor.
Não sei para onde canalizo agora
toda aquela celebridade celeridade de sensações
ampliadas à raiz do Deus transcendente.
- Deus tu transcendes por não existires.
Sinto-me tão perto de Ti.
.
"Doesn't matter, soon enough it will be all over."
Esboço de sorriso na verdadeira acepção de piada
que ainda escorria esporadicamente nas deambulações fantasiosas
sobrecarregadamente sentidas. vómito.
Sorriso desmoronado em risadinha de criança... não - bebé,
brinca com as palavras, dá uns toques na bola
prenuncio de um ciclo abusado vezes demais, poeta.
Alguém sem dinheiro para psicólogos
e louco demais para acreditar neles.
.
.
Por hoje a arma mantém-se virgem
e na secretária executiva só, para já, o nada.
A tesão de morrer está adiada pelo impulso
de escrever-te na cara, nos seios delgados adolescentes, prematuros,
nas pernas timidamente abertas,
na tua boca inexperiente...
de poeticamente foder-te a alma com os sonhos.
Impulso cada vez menos frequente.
.
Um quarto, uma secretária... executiva, um candeeiro... esquisito
aceso.
- Já podem sair agora, fechem a porta
mas deixem-na fechada, sem incertezas
sem mentirosas camuflagens
sem amor.
.
Vou ligar o computador e jogar
.
Saiam todos !
amanhã estarei aí a mostrar-vos o meu poema.
o meu poema
eu, o meu, cada vez mais mereço morrer infeliz.
Saiam todos , já disse !
a festa terminou.
o poema terminou
e acaba
e termina
e acaba, musicalmente
.
.
Rui Martins
mil novecentos e qualquer coisa.
À Ana das 3 personagens
.
.
Olha para a montra
o seu reflexo
corrige a tua aparencia.
Raciocina uma lista branca pontuada de reflexos correctos.
"pormenores com estilo"
Um castelo bem montado de linhas sem palavras semelhantes.
.
Marca tudo e esquece.
.
Caminha
O trajecto parte deste local preciso e seguro
a viagem é aprazivel
e termina algures na incerteza de um panorama desconhecido.
.
Procura um olhar peculiar, pouco banal.
Assume a tua face original
esse aspecto familiar e socializado.
personagem lenta, flutuante, triste.
.
Assassina, mata
.
regurgita cenários crueis e sublimes
cenários que traumatizem
se isso te excitar
se isso te devolver o teu estado emproado e arrogante
se isso te fornece sentimentos, meu pai
se esta sucessão de letras gemeas te causarem a sensação de importancia e
alarme
no meu tom de
voz.
.
Mas por favor, não sejas inconsequente com joguinhos para crianças.
Já não sou criança.
Não, não sejas tão paternal
outrora tive olhos impressionados
por obras crescentes, ritmos graduais, exponenciais
belos
puros lineares e suaves.
O meu belo charco de àguas paradas, imoveis.
Depois surpreendias sempre com um fim abrupto
com mudanças de rumo crueis, desajustadas e
confusas.
.
A confusão, o movimentos sem mistura de adjectivos com rótulos
perfumes com nomes
No desvendar- Um titulo, o avanço para outro orgasmo
um aumento na nossa conta do banco
o meu montinho de obras de arte.
Brinquedos.
.
Agora os olhos estão fechados
abertos, lentamente encerrados... cheios.
Os herois morrem, mas os pais envelhecem, degeneram, enfraquecem
os pais são exorcisados para o limbo das recordações felizes
ou então para um lar.
Esta é a época dos herois mortos
da palavra chocante, musical e antagonista
das poetizas agressivas, inteligentes e vazias.
ciosas ou com cio,
repetidas vezes frias quentes e frias e mareantes e quentes, traumatizadas.
Coxas com odor a sexo, pele humida e esticada pelos seios que rebentam.
insectos no meu jardim.
Paternais, como a moda.
.
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Rui Martins
à Ana das 3 personagens
Amo-te
.
.
Se um dia fores à pt net
cairás num banho de multidão histérica
com palavras que cortam, que afogam
que tiram todo o ar fresco.
Gente de todos os cantos do inferno
do ceu
com todos os nicks que possas odiar e amar
.
Todas com excesso de algo que despejam no canal,
o seu òdio
as asneiras que não podem gritar
a voracidade de um desejo não saciado
a solidão desesperada
a pérola que procuram dar
.
... a quem esteja disposto a ler.
.
Não te detenhas pelo ar inofensivo do teu computador
é o instrumento de expressão mais evoluido que existe.
Desenvolvido por mentes inteligentes e traumatizadas
como a tua,
segregados em quartos
rodeados de pizza e coca-cola
construiram um aparelho de emoções e frustrações mecânicas
invisiveis... quase misticas.
ideias complexas de principios simples.... zeros e uns.
.
Mas sabes....
ideias complexas de principios simples
nunca aliviaram fardos de existências vazias
as vidas em conjunto acarretam demasiados traumas
para a voz solitária e subterranea da nossa consciencia carente.
aglomerados nojentos e crueis...cidades.
Vais deparar com muitas almas desesperadas
por
-um pouco de liberdade nas mais variadas formas.
-um muito de amor
-seja o que fôr de vingança
.
... sim, deves sentir-te livre nas tuas primeiras horas
terás a real sensação de escolher a pessoa que amas à medida do teu amor
neste hipermercado de carne.
Até ao instante lucido
em que o chocolate sai do teu carro de compras
em que o leite tenta beber-te
em que a embalagem com dois livros de poesia contem um caderno em branco
e uma caneta.
.
Nesse dia, percebes que estás na estante tambem
para ser consumida
e depois vomitada noutro local longe da tua casa.
Será uma experiencia revoltante, vais arder
- a representação teatral de orçamento reduzido
do amor que te marcou algures na tua adolescencia alienada.
.
É o tempo das frases longas e enervadas
do monólogo subterraneo
de generalização desmedida.
a crueldade que nos faz chorar.
.
Mas tudo muda quando carregas nesse botão que desliga tudo.
.
Fita a TV
vê o programa que te é imposto
vai até à cozinha e come algo doce
responde a uma pergunta camuflada da tua mãe
ignora a indiferença do teu pai
e telefona a àlguem.
.
Agora sái de casa, repete tudo mas desta vez a sério
e recorda-te que os fins são sempre marcantes e inevitáveis
como este poema.
.
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Rui Martins
17-01-2000
Confesso
.
São 11 da noite e acho que
consegui parar um pouco,
por agora.
Sinto que tenho pouco tempo
antes de recomeçar a viver de novo
daqui a pouco quando me levantar.
Decidi escrever-te
esta carta, poesia.
Tenho saudades de estar só,
e de uivar em silencio
com lágrimas que nunca derramei,
tenho saudades sobretudo de amar
de experimentar contigo novos e perigosos limites
foste e és um buraco sem fundo
que absorvia toda a realidade
um vórtice negro e aglutinante
cordão umbilical que me alimentava
de tudo o que urge sentir.
.
És um mundo e um cenário
que não tenho pisado,
- estou doente poesia.
Sucumbi ao canto das sereias cobertas de petroleo
...elas apareceram-me em delirios
numa altura em que estava só e desprevenido.
Escrevo-te esta carta poesia,
Numa cumplicidade secreta que temos
a escrever ás escondidas noiva de plástico
já oiço o apelo
comecei a apagar palavras compulsivamente,
.
a vida chama-me.
Tenho de ir, e doi-me
porque tenho a certeza que
voltarei a ver-te noutro dia só, como este
só não sei se ainda me amas
ou se recordarei o caminho das almas livres.
.
o alucinado beijo das sereias
arde-me.
.
.
Rui Martins - (nome pequeno)
hoje foi dia 21/06/99 ... pouco depois do mundo ter acabado
Amor ( excerto de um texto maior )
.
.
Ontem conheci uma moça simpática - Novos traços de luz
Ela tem traços de beleza pouco habituais que me cativaram a atenção de uma
forma pouco habitual - neon
Quero voltar a vê-la mas tenho de convidar a amiga dela também para não dar
nas vistas -busca, timidez
Que roupa levo ? não esquece a roupa ... os olhos. - sedução
Sou bom , em alguma coisa. teatro
Eu
Eu
Eu
Já nos conhecemos, conversas inconscientes, iguais, banais, irrelevantes...
os olhos...o corpo. desejo
A àgua é transparente reproduz qualquer côr, amplia tudo e infiltra-se em
todos os buracos. - mel, penetrar
Portas abertas e fechadas, labirinto premeditado, sorriso.- portais
Sempre nutri um estranho e exitante desejo por meninas de farda colegial. -
átrios secretos
Uma pessoa sem segredos, transmiste a confiança que toda vida ensejamos ter.
- água
O medo do grande amor, uma sonda enfiada no esófago - infiltração,
consciencia, exposição
Um sorriso sem razão e um olhar sabido.- jogo
Ganhei - subjugação
Extremina-se os figurantes sem utilidade, eliminei as cores, olhei para ti
neste neo deserto atemporal. momento
È dificil perceber como é que algo que está parado possui mais energia que o
desejo e a urgência juntos - timming
Tenho uma infancia poluida por desenhos animados e o espectro do
hipnotizador dos meus queridos avós,
foi destilado por um super heroi de fluxos energéticos dignos de um Deus
- olhos
depois o beijo
Sempre achei a palavra lábio mais bela,
mas tudo o que é belo tem tendencia a gastar-se, a mão tem uma vontade real
Abri a boca de onde jorrou mel âmbar, do corpo delicioso vive o amante -
doçura,ternura,tacto
De corpo subitamente tomado pela atrofia dos musculos dormentes, difusos...
inexistentes - overdose emocional
A coragem e o empenho de um abraço forte
Quando encontramos algo de bom, não pensamos em mais nada e subitamente tudo
o que pretendemos é assegurar esse tesouro, mesmo que a sua beleza esteja na
liberdade que transpira - promessas
Tomados por esse impulso medroso, merdoso, interrompemos o orgasmo, com
juras e borucracias
É nestas alturas que demonstramos o idiota que já somos. - incertezas
Contudo nunca neguei o aspecto conciliador e comprometedor de algumas banais
palavras - alicerces
Lá fora, no limbo pude caminhar com ela sem a modelar ou pintar... - mão
dada
Corpo monstro que clama por mais droga, incesante o lamento silencioso -
mais tacto
hidra de duas pernas, quente e molhada - desejo erótico
Não comento, jamais me recordo deste momento, já não sou eu - avanço
exitação
contenção femenina.
contornar obstáculos
chantagem emocional
mais jogos
teatro
dissimulação
procura de fraquezas
mais água
tacto
sensação
descoberta
emoção
avanço
humidade, calor
medo
ardor
intimidade absoluta
pequenas doces cedencias
dôr, amor, noite
memória
sorriso
riso
olhos
abraço
contacto
união
felicidade
combate
gelo
vapor
fechar os olhos
e não pensar.
.
.
Rui Martins
My best friend
.
Aquela mulher
eu conheço-a
não sei se é feliz
por vezes diz que sim
outras não
mas para mim tem medo.
.
Aqui na multidão
que passa
pela sua vida, cama, alma,
ela envolve-se com suavidade
e dança, sim...
é isso que ela faz.
.
Ela adora conversar comigo
então pintamos quadros:
Escuridão, anoitecer, as trevas,
medo, depressão, dor, loucura,
morte, morte, morte
.
Outras vezes
.
Embriaguez, felicidade, lucidez,
tranquilidade, velocidade, febre,
humidade, sangue, e ilusão.
.
Nem sempre pintamos quadros iguais
mas somos bons pintores, nós os dois.
De tempos a tempos,
sentados
uma esplanada calma
vista para o Tejo
esquecemos o tempo e a realidade...
e choramos.
.
Não sei se ela é feliz
.
só conheço os quadros dela
e ela os meus.
.
Rui Martins
Amor ( 1ª parte )
.
Refugio nas lembranças
fervilhar de alternativas para sempre incógnitas
Conclusão zero
.
Chorar as perdas - Fazê-lo como a Florbela
Sentir e lamentar
esgote a voz no lamento mais queixoso
que o uivar de um lobo.
Mas evite fazê-lo ao luar,
é perigoso decorar o sofrimento individual
torna-nos vaidosos.
.
Frustração - chuto numa lata vazia
engoli a minha revolta
mas ela ransbordou pelos olhos
num conter exaltado de respiração
e raiva.
.
dor inconsequente - estado de abandono puro
piedade inevitável
solidão.
.
antes filha do acto - Impotencia de males que já se instalaram
Agarrados a nós
como um tumor.
.
colete de forças - dormencia
atrofia séria dos sentidos
olhar desajeitado e nervoso para o relógio
mau estar estampado
.
Grito - AAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAAAHHHHHHH
Solta a voz
deixa o som navegar livre
no espaço limitado em que te encontras
ECOAR
oiçam o doce som do cristal que quebra
o ar entrou, fresco.
.
revolta - Uma urgente e crescente necessidade de vomitar um chorrilho de
ofensas
.
urgencia - Sem palavras,
Sem perguntas
Acto.
.
força, velocidade, alteração, energia
.
trocas - Resultado muitas vezes rendilhado de
propostas construidas perpendicularmente.
.
armadilhas inconscientes -
.
ausencia de noção - Abstração de matéria
falta consumada de propósito lógico
Incógnita geográfica
Já sei , portal difuso enevoado
.
razão - Profundo exterminio de ideias erradas ou menos certas
.
sensação - poema
.
comoção - lágrima
.
ironia - Pedaço de merda colado na sola do sapato de Deus.
.
deleite - Segundo nivel de extase recentemente descoberto pelo rapaz na
puberdade.
.
confiança - Estado de maturidade avançada de um idiota.
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imagem - Olhos, côr, ilusão surreal
Quadro sem palavras, dor sem remorsos
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Adamastor - Um velho de barbas e cabelo cinzentos com olhos azuis e voz
grossa.
Um velho com catarro que me manda buscar um maço de cigarros.
Um velho nunca serei.
Um velho.
.
corte, acutilancia - Punhal virtual, cortante falado cuspido
Estado de fraqueza, aresta aberta de areia da praia causadora de prudencia
Injecção desprevenida de realismo.
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toque - Palavra que não existe.
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Ódio - Um dragão purpura que monto nos meus dias negros.
Desfile carnavalesco de ostentação ironico, irritante.
O lado oculto.
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noção - O que tentamos mostrar constantemente.
Circulo colorido de ritmos e diagonais muito claramente ambiguos.
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desfalecer - Inércia, Rebeldia, anti-vida.
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desfalecer - Inércia, Rebeldia
.
desfalecer - ...
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morte, desejo de descer - perdoa-me ó guardião da cripta, tantas vezes
comparei o sono absoluto,
o nada
com estados de espirito ridiculos.
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inércia da alma - Preguiça intelectual , disse-me ontem um tipo que se
achava bom.
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foi-se a confiança - Estado final de maturidade de um idiota.
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Rui Martins ( exemplo de um idiota em estado avançado de decomposição )
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