Little_boy
Um
sem título
Desconhecida
Passei
muitas noites...
Um
sem titulo
Oh! Como eu gosto de gostar
num jeito de primavera
a vida inquieta
colorida borboleta a voar
a gostar de voar.
Oh! Como eu gosto de gostar
de um sorriso
tão preciso como o sol
gostar é ficar maior
é girassol no peito.
Oh! Como eu gostaria
de não deixar de gostar, um dia
indiferença, desamor, é escuridão
gostar e' quase oração
oração gloriosa.
Little_boy
DESCONHECIDA
Eram cravos vermelhos teus sorrisos
das flores brancas teus gestos de ternura
era de mar o teu olhar
e de marés a tua inquietação
de raizes o teu amor
e de pedra a tua solidão
- pedra, onde cantava uma fonte -
Era a que trazia violetas no peito
e nos braços ramos de hera
num desenho de ponte
amante de impossiveis
de quebrar tantos espelhos
onde há mais de mil anos se via
a correr ou de joelhos
ansiosa de encontrar a casa concebida
por fada ou feiticeira
jamais prisioneira
Era a que tecia, sem jeito, a vida
com fios dourados de esperanças
e cordas de silencios
a que trazia dentro de si o mundo
numa prisão contida
morta num reino de crianças
a sonhar estar viva
e o sonho não tem medida.
Little_boy
Passei muitas noites...
Passei
muitas noites
a ouvir o mar
- possante cavalo de sal
e verdes algas - tomando
de assalto a praia
inundando-me a vigilia
com ondas macias
com mãos cheias de buzios
e frutos marinhos.
Aprendio de cor o seu murmurio
nem sempre cordial
a sua raiva contra a falésia
e tantas vezes confundi
solidão com maré vazia,
revolta com temporal,
alegria com mar ameno.
Tantas vezes me afoguei
em delirios de maresia
vendo os distantes barcos
rasgando o horizonte.
Agora penso mar
e por cada onda que rebenta
em Outubro ou em Abril
por cada seixo polido
no lito das dunas
descubro um braço mais
para a nossa faina
um novo mastro
rubra vela sobre as águas
e sei ao certo: quando
o mar invadir a praia
já ninguém o poderá deter
e seremos então nós
a ordenar os ciclos das marés.
Little_boy
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