Ao abrir a janela,
depois do acordar
cai sobre mim a imagem
de um gato negro
com duas asas de corvo,
espreguigando-se do seu dorso.
Todo aquele tom de vazio
serve de coiraga,
a tudo o que lhe pretence.
Ao olhar-me, estremeço,
perco a noção de tempo e espaço,
perco a noção de mim mesmo.
O silêncio aperta-me o coração
e apura-me os olhos e ouvidos.
Oiço-o, a respirar, calma e profundamente,
nos seus olhos já me perdi há muito.
A sensação de sermos dois actores,
mas só um com o guião estudado.
Não ha uma, mas duas janelas,
uma delas para o mundo extra-sensorial.
O improviso segue o seu rumo,
espero agora o cair do pano.
O ultimo olhar marcou-me,
quando acordo, abro a janela...
Lem Obelha