The_Eclipse (Ana Freitas)
A
lua brilha...
Mais
uma vez o dia se tornara noite...
A
lua brilha...
Consegue-se ver tudo...
Os olhos dele brilham de alegria... prazer.
Sentei-me ao seu lado, tudo deixou de existir.
Era apenas ele e eu... o mundo e a lua.
Olhámos fixamente e passamos a ser um sonho...
O nosso sonho.
Voámos para longe...
Ultrapassamos todos os sonhos e desejos.
Sentimos cheiros e prazeres.
Desfrutamos do Mundo..
Era a nossa vez de o fazer.
Abri os olhos e tudo fluiu em mim...
Os cheiros, as luzes os desejos...
Era apenas eu, o Mundo e a Lua...
Ele era um ilusão que se esvaziou pelo vazio...
Foi consumido pelo silencio da noite...
E mais um vez...
Apenas sozinha...
... senti a dor...
Mas era tarde...
Tudo acabou...
Ana Freitas
Mais
uma vez o dia se tornara noite...
Sentei-me, pudia ver tudo á minha volta...
O silêncio da noite engolido pela azafama da cidade.
Respirei e desejei, chorei e por fim sorri...
Sabia que nada daquilo era o meu mundo,
Mas dava-me imenso prazer poder desfrutar de tudo aquilo...
Deitei-me em cima da cama, mais macia do que nunca...
O toque das mãos dele é inexplicável...
Laços de cetim envolvem-nos a alma...
Por fim...
... suspiro...
Abro os olhos e tudo desapareceu...
Já não havia mais as mãos dele nem os laços de cetim...
Apenas ficaram as nossas almas...
Soltas... em espaço incerto...
Levantei-me... os passos lentos...
... faziam com que o chão se transforma-se em areia...
... todo o meu corpo lutava contra aquilo...
Não queria... O meu sonho tinha de ser verdade...
Pus-me em frente á janela...
O cheiro da cidade invadia-me as narinas...
A prostituição ressuscitava de novo...
Mas o sonho teimava em esmorecer...
O meu corpo começava a fraquejar...
... abri a janela e respirei fundo...
... dentro de tanta ofuscação encontrei o ar puro...
Fechei pesadamente os olhos, tinha de voltar ao sonho...
... então... de súbito o meu corpo ressuscitou...
Saiu voando pela janela fora... havia me transformado...
Pudia voar... conseguia voar...
Sentia-me imensamente agradecida...
Senti-me realizada, desejada... imaculada e virgem...
Continuei voando até lugares incertos...
De súbito o ar começou a ficar poluído...
Todas as estrelas que serviam de luz...
... transformaram-se em nada.
O céu que servia de candelabro às estrelas quebrou.
As estrelas caíram do candelabro...
E a Lua... ficou imóvel, perdeu o brilho e a magia.
Enquanto tudo morria... eu voltei á janela...
... não pudia continuar num sonho onde as estrelas morriam.
Abri os olhos...
As estrelas continuam suspensas no seu maravilhoso candelabro,
O céu estava realmente mais belo do que nunca...
E a Lua... continuava imóvel....
Mas a magia retornou e o brilho também...
Segundos depois descobri que as estrelas...
Eram apenas pedrinhas brilhantes...
Fruto de uma grande pedra, a Lua...
Que descansa no leito do infinito céu...
Afinal... a janela sempre esteja fechada...
Apenas voei com o pensamento... mas voei...
E sonhei e sorri......
Finalmente havia conseguido voar...
08-03-2000
Ana Freitas |