Wondoa
(Joana)
QUERO
SER O EU QUE SOU
Fado
Acordo
na Vastidão do nada
Sou eu que te amo
AMANHÃ LOGO SE VÊ...
EU
QUERO SER O QUE SOU!
Roi
e corroi a alma,
ascende
até à revolta
de
uma gota de ódio
que
desliza na encosta ao longe...
destroi
o distante que vive
na
aura de uma pura vivência.
Roi
e corroi o grito incapaz de falar.
Destroi
uma calma que pestaneja.
Roi
o invólucro que me protege
de
uma guerra que luta lá fora...
ou
de uma guerra que
no
íntimo de mim luta...
Luta
por uma genuína sinceridade,
por
uma busca pela tão impaciente pureza
que
voa de flor em flor...
Quero
roer eu,
quero
corroer esse eu que roi
e
me impede de ser eu.
Quero
escapar-me assumidamente
e
gritar o orgulho que me faz ser eu.
Quero
ser eu a voar.
Quero
ser eu!
....um
segundo passou...
e
não parou...
Adormeceu...
no
ódio da guerra em si.
Joana
Fado
Fado,
cantado por instantes...
Rimado
com a alma
que anseia
seguir rumo.
A alma
que rodeia o amor
que não
sabe que ama.
Ama o
desamor que pergunta se sente.
É
o fado,
sentido
com uma garra perdida,
escondida
na tristeza
de uma nuvem que passou...
Sonhou
com o feliz luar.
O luar
que sempre lembra a saudade.
Lembra
uma humilde magia
que desta
vez não iludiu ninguém...
Não!
Não
serás mais o eterno passo em falso
que pisa
e repisa
a possível
onda do mar que se revolta
contra
uma falsidade arrependida.
Deixarás
de ser a lágrima
que por
ti chora.
Desaparecerás
no dia
em que
o vento contenha a força do ódio
e atravesse
a ponte da raição...
ou não...
Joana
Acordo
na vastidão do nada
e corro diante ti...
busco o sempre de uma lembrança tua.
Desesperadamente anseio roubar o teu ser ao nada e saciar-me de ti,
compensar o tempo longínquo,
esconder-te no eco onde
o bater do coração soa...
soa por ti...
pela saudade...
pelo passado que foge sem medo de se perder.
Ao fundo avisto o fim,
um fim que não pensa,
mergulha no desãnimo
que deixa escapar a última gota de esperança.
Caio... Choro... grito por ti.
Não vens.
Onde fica a morte?
O
desespero procura-a
num momento que passa....
que fica na vontade de saber onde ela te esconde.
Novamente uma lágrima desagua
na dor que expulso.
Novamente grito e tu não vens.
A fé desvanece-se numa lágrima
que consolida,
congela abraçada
à última esperança que já escapou...
Cobardemente abandonou o pedestal...
talvez fuja contigo e me leve
um dia para onde no nada te escondes...
de mim?
Será?
Não!...
da constãncia do inevitável.
Joana 22-11-99
Sou eu que te amo.
Sou eu que te canto o nome
numa paz tranquila ao ouvido.
que te embala numa pura nuvem
viajante pela vida.
Sim. Sou eu que te odeio.
que te grito e expulso
do meu íntimo crepúsculo.
Sou apenas eu.
O monstro tranquilizador ou
o anjo que se trai?
Hoje quero sonhar sozinha.
Quero sofrer a dor das chamas
que ardem o sol e me invadem
numa desenfreada mágoa.
Quero sentir um infindo misticismo de mim
e arrepender-me.sozinha.
Quero sufocar na minha própria e única solidão
e lançar ao ar a alegria que se finda.
Sou eu outra vez.
a que te ama.
a que te odeia.
a que vive enfim
na inevitável contradição de si.
20/05/99
Joana- Wondoa
AMANHÃ LOGO SE VÊ...
Vivo a apatia que se esconde...
que se envergonha do ser que a atormenta...
- Vai embora! Deixa-a dormir!...
Podes descansar agora;
o que restava dele já foi...
- Pensas tu! Inocente Criatura!
O que restava ficou
O resto nunca sobra.
O resto existe,
floresce em cada abraço que partilhas,
em cada beijo evitado...
vive cada passo que damos...
que dás, porque o resto existe em ti,
numa vida que é tua
e que amas mais que tudo.
O resto desinibe-se, estabiliza-te
e torna-se o sol constante que brilha.
O eu torna-se o resto que ilumina a noite no alto...
O eu vive contigo o dia de festa
e esconde-se no amanhã
porque não pode ser visto bêbado,
embriagado de tanta felicidade...
Não é assim que a lua faz?
Cobarde!
Sim! Cobardemente renuncias
o teu ser e humilhas-te
ao negar a tua própria existência...
Sim! Cobardemente adoro o dia de festa,
o hoje, o agora... e o amanhã??
Não existo mais.
Perco o direito de amar.
Desvaneço-me num nevoeiro cerrado
que me separa do sol que aquece e ilumina.
Assim o escolhemos.
Assim o preferimos não foi?
Não! Assim aconteceu...
Assim escrevemos a nossa sentença.
Assim aconteceu... e acontecerá sempre...
até ao dia...
Mas amanhã logo se vê...
22/12/99
Joana- Wondoa
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