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As primeiras ocupações humanas

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tit_paleo.gif (3784 bytes) O Período Paleolítico (730.000 - 10.000 a.C.)

Chegam os primeiros italianos ...

        A ocupação humana na Itália começou pelos territórios do norte, pois os primeiros hominídeos não dominavam as técnicas da navegação. Ela, entretanto, esteve condicionada às brutais variações climáticas da fase inicial do Período Quaternário, há cerca de 500.00 anos atrás.italia_fis4.gif (92952 bytes)

        As geleiras alpinas e apeninas sofriam expansões e retrações lentas e progressivas, que podiam se prolongar por milênios. Os fluxos humanos tinham de se adaptar a esses movimentos da Natureza. Nos períodos interglaciais, a temperatura subia e tornava possível a vida nas montanhas e vales. Os animais vinham buscar alimentos e, no encalço deles, vinham os bandos de caçadores paleolíticos. Os animais mais lanudos buscavam as temperaturas temperadas das áreas mais altas e os demais procuravam as áreas mais quentes dos fundos dos vales.

Paleolítico Inferior (730.000-120.000 a.C.)

        Os povoados pré-históricos italianos mais antigos remontam ao Pleistoceno, na fase inicial do Período Quaternário (cerca de 500.000 a.C.). Eram bandos de humanóides do gênero Homo Erectus.

        Dois sítios dessa época foram encontrados: um em Pineta di Isernia, datado de cerca de 730.000 a.C., e outro em Quinzano (Verona), com cerca de 400.000 anos.

        No sítio de Pineta di Isernia não foi encontrado restos humanos dos Homo Erectus que o utilizaram. Todavia, ali estavam inúmeras ferramentas ósseas e líticas, quase todas toscas, e uma impressionante quantidade de restos de animais, tanto bichos de grande porte (mamutes, rinocerontes lanudos, hipopótamos, leões, bisões, cervos, ursos e javalis) quanto de pequeno porte (roedores e lebres). Os ossos mostram sinais de terem sido descarnados com ferramentas. Alguns foram sistematicamente quebrados para extração do tutano.

        Outros sítios importantes desse período estão em Imola (Valle del Correcchio), no Lácio (Torre in Pietra, Fontana Liri, Anagni, Arce), no Abruzzo (Teramano, Maiella), em Basilicata (Venosa), na Apúlia (Gargano), na Campânia (Capri) e na Ligúria (Balzi Rossi).machadoMuster.jpg (12973 bytes)

        A seguir, tribos de caçadores e coletores do gênero Homo Sapiens ocuparam o território por volta de 170 mil a.C., deslocando a população antiga. Trouxeram consigo a tecnologia lítica acheulense, isto é, a capacidade de produzir ferramentas de lâminas bifaciais.

        Os grupamento humanos geralmente se estabeleciam em cavernas nas regiões costeiras ou lacustres. Já dominavam o uso do fogo, que permitia a sobrevivência mesmo nos períodos glaciais.

        Do Paleolítico Inferior não se encontrou muitos fósseis humanos, apesar dos vestígios indiretos representados pelas ferramentas e ossos de animais. Os sítios mais destacados desse período no centro da Itália estão em Serbaro e nas proximidades do rio Foro, no Abruzzo.

        No Abruzzo, restos materiais da cultura Clactoniana foram encontrados nos aluviões do rio Alento, em Madonna del Freddo, e em Terrazzi Zannini e datados de 350.000 anos atrás.

        Até o momento não foi encontrado qualquer indício da presença do Homo Erectus do Paleolítico Inferior na Sicília.

Paleolítico Intermediário (120.000-36.000 a.C.)

        O período Paleolítico Intermediário ou Médio é caracterizado pelo período interglacial de Riss-Würms e por parte do período glacial que o seguiu (Glaciação de Würms).

        Nessa era chega à Itália a espécie conhecida como Homo Sapiens Neanderthalensis. Eles traziam a técnica lítica conhecida como lavoiseana, caracterizada pela presença de lascas grosseiras retocadas em um só lado, inserida num contexto cultural maior que foi batizado de mousteriense.

        Medições antropométricas mostram que esses homens tinham altura entre 1,50 e 1,65 metros e caminhavam perfeitamente eretos.

        Também caçavam herbívoros (cabritos montanheses, mamutes, cervos e alces), dos quais aproveitam a pele, ossos, carnes e tutano. Pescavam e recolhiam frutos e mel silvestres.

        Em alguns sítios, há sinais de canibalismo e de rituais mágicos entre eles. Seus mortos eram sepultados em fossas escavadas no solo argiloso do interior das cavernas.

        Restos dessa gente foram encontrados em toda a Itália. Nas cavernas de Circeo (Lácio), nas terraças do vale do Tibre (Roma), nas costas de Salento (Grotta Romanelli) e em Gargano (Apúlia), bem como na Ligúria ocidental (Balzi Rossi e Finalese) e outros locais.

       No Paleolítico Médio, populações neandertais da Cultura Mousteriense habitavam o Vêneto e Aldo Adige, na região nordeste da Itália. Ali deixaram objetos de sílex, de feitura muito tosca, encontrados em diversos pontos do litoral: Carbonara, Cortelà e Valnogaredo.

Paleolítico Superior (36.000-10.500 a.C.)

        O período Paleolítico Superior é dividido em quatro fases, em harmonia com as técnicas líticas utilizadas em cada uma delas:

        No Paleolítico Superior, os Neandertalenses foram progressivamente desaparecendo diante da chegada de nova espécie à Itália: os Cro-Magnons provenientes do Oriente Médio, do gênero Homo Sapiens Sapiens. Isso ocorreu nas fases finais da Glaciação de Würms, isto é, num quadro de deterioração do clima, que teve seu clímax há cerca de 20.000 anos.

venusBalziRossi.gif (27187 bytes)        Desses novos hominídeos ficaram abundantes restos em sepulturas e em objetos líticos. Surgiram, nessa época, as primeiras manifestações artísticas, tais como os talhos e grafitis nas cavernas de Monte Pellegrino e Levanzo na Sicília, as da Grotta Romanelli nas costas de Salento e as de Balzi Rossi na Ligúria (na foto, uma Vênus achada nessa região) . Há também as estátuas como as das moças de Savignano e Chiozza di Scandiano, na Emília, e as figuras de Venus de Balzi Rossi.

 

 

 

 

A ocupação do norte

        No vale pré-alpino de Riparo Tagliente, nos montes Lessini (Vêneto), há sinais de ocupação humana desde o Paleolítico Inferior.

        Do período mais recente, foram encontrados ferramentas de pedra da técnica Aurinhaciana, anterior ao período pleniglacial de Würms II, que cobriu as montanhas e vales de fantásticas geleiras.

        O período pleniglacial que o seguiu, tornou impossível a vida de animais e homens na região, que foram lenta e progressivamente empurrados rumo ao sul. Na Ligúria, se achou material da fase Gravettiana. No Vêneto, são poucos os traços dessa época: sítios nos montes Bérice (perto de Vicenza) e Lessini.

        Após esse período pleniglacial, animais e homens voltaram a frequentar Riparo Tagliente, levando para a região a indústria lítica Epigravettiana. E dessa fase se achou uma sepultura humana e pedras com figuras entalhadas de animais.

        Pela quantidade de lascas, num canto do abrigo teria funcionado uma oficina de ferramentas de pedra. E, em meio aos ossos de animais de pequeno e grande porte, foram encontradas conchas marítimas procedentes do mar Adriático com orifícios centrais, que talvez tenham servido de ornamento. Pelo menos parte do abrigo era decorado, por pedras que se soltaram do teto trazem sinais de terem sido pintadas com ocra.

        Nesse sítio foi identificado o uso de cristais de rocha e ocra amarela.

        Os Gravettianos parece que acreditavam numa vida pós-morte, pois conferiam solenidade ao culto funerário. Um homem adulto foi ali enterrado de costas, na posição norte-sul, com os braços estendidos ao longo do corpo. Sobre o cadáver, foi depositada uma laje com esboços de um grande felino (um leão?), de um boi selvagem já extinto, de enormes chifres.

        Também ali se acharam ossos com incisões geométricas e com a representação esquemática de um bisão. Seixos com incisões paralelas aparentam indicações numéricas.

A ocupação da zona central da Itália

        No Abruzzo, foram encontradas ferramentas das fases Aurinhaciana e Gravettianas, estas  datadas de cerca de 25.000 anos. Durante a fase Gravettianna, vivia-se nessa região a dita Cultura Bertoniana (identificada em Montebello di Bertona) e dessa gente fora encontrados esqueletos de caçadores na gruta de Fucino ( o chamado Homem Marsicano).

        A gruta de Maritza era também frequentada por caçadores bertonianos, que ali sepultaram um garoto. E um adulto também ficou nessa gruta, apanhado de surpresa por um desmoronamento. Após o desmoronamento fechar parte da gruta, as  câmaras que ficaram foram utilizadas para sepultar os mortos das comunidades locais.

        Um cova com uma oficina lítica foi encontrada em Riparo Ermanno di Pompeis, perto de San Bartolomeo.

As comunidade sulistas

        O calcanhar da bota italiana já era habitado no Paleolítico Superior (cerca de 40 mil anos atrás). Ali seus habitantes deixaram objetos de arte parietal (isto é, sobre pedras e ossos de animais). São esculturas ou incisões de formas humanas, zoomorfas, animais ou figuras geométricas. Em Parabita (província de Lecce), foi encontrada uma caverna, a Gruta das Venus (Grotta di Veneri), com artefatos musterianos, associados aos neandertais e outros do repertório da Cultura Uluziana, intermediária entre o Musteriense e o Paleolítico Superior, datados de 31 mil anos atrás.

         Apesar da pequena quantidade de objetos do Paleolítico Superior encontrado na área, principalmente em Castelnuovo e Cortelà, fica patente a continuidade da vida na região.

        Na gruta de Parabita (província de Lecce), há traços materiais do Homo Sapiens do gênero Cro-Magnon. Em particular, duas sepulturas numa fossa elipsóide, datadas de 18 mil anos, escavada sobre um depósito Gravetiano. Era um casal de idades entre 30 e 35 anos. Dessa cultura devem ser as duas estatuetas feitas em osso de figuras femininas em avançada gravidez, datadas de 20 mil anos atrás, ali encontradas e que deram nome à gruta. Essas estatuetas foram interpretadas como de exaltação da maternidade ou culto da fertilidade.

        Em Bisceglie (perto de Molfetta) e em Santa Croce, na Apúlia, também foram recuperados restos humanos do Período Paleolítico. Aquele de Santa Croce, conhecido como Homem de Limoncelli, era do sexo masculino e tinha cerca de 30 anos de idade. Era um Cro-magnon e apresentava traços comuns com os fósseis de Predmosti, na Europa oriental.

        Na Sardenha, arqueólogos encontravam vestígios humanos datados de 14.000 a.C. numa caverna em Corbeddu (Oliena). Seriam caçadores vindos quer da África, da península ibérica ou, mais provavelmente, da península itálica.

       

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Introdução  Índice Geral da Itália Período Mesolítico

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Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva