As primeiras ocupações humanas

O Período Mesolítico (10.000-6.000 a.C.)

Introdução

        O homem dependia ainda basicamente da caça e da coleta de frutos, nozes e mel. Com as presas das caçadas supria suas necessidades de peles para vestimentas e cobertura de cabanas, da carne e gorduras para alimentação e dos ossos para seus utensílios e armas. Por isso, as variações climáticas acabavam condicionando as ações humanas.

        Por volta de 8.000 a.C., terminava a última glaciação alpina e o clima continuava a se tornar cada vez mais agradável nos milênios iniciais do Mesolítico. Iniciava-se a fase climática Pré-Boreal (8.000 a.C. a 7.000 a.C.), um clima temperado e seco que elevou as temperaturas nos fundos dos vales e regiões mais baixas, causando o aumento das matas de pinheiros e a proliferação de espécies de pequeno porte, como coelhos e roedores. Com o crescimento do bosque, os animais maiores não podiam se movimentar e saíam em busca das pradarias nas regiões mais altas.

        Por esse motivo, os caçadores viviam nos fundos dos vales, onde o clima era mais ameno, e saía para os altiplanos para caçar. Construíam acampamentos de caça nas montanhas, sob as rochas e protegidas do vento por peles, ramas e folhagens. Buscavam locais próximos a fontes de água, onde podiam matar a sede e emboscar os animais que viessem saciar-se.

        Nos acampamentos, fabricavam os instrumentos necessários para as caçadas, esquartejavam e preparavam a conservação da carne. É possível que as mulheres e crianças ajudassem nessa tarefa.

        Em seguida, a fase Boreal (7.000 a 5.500 a.C.), quente e seca, tornou ainda mais quente a Europa setentrional, provocando a aumento da vegetação nos vales e das coníferas nos altiplanos.  Por fim, a fase Atlântica (5.500 a 3.000 a.C.) leva as florestas também às altitudes. Os grandes animais rareiam, uma vez que buscam as terras mais altas, onde o solo era mais pobre e não produzia alimento suficiente para os animais. As manadas reduzem de tamanhos. Assim, faz-se necessário complementar a alimentação com os animais de pequeno porte que se procriaram nos vales: lebres, ursos, lobos, gatos selvagens e martas. A indústria humana nesse período evoluiu e conseguiu produzir ferramentas líticas muito menores e de uso mais fácil, os chamados microlitos, mais adaptados a essa necessidade.

        Os assentamentos nos vales tinham estrutura de madeira, coberta com ramagens, galhos de árvores ou peles de animais. Também aqui escolhiam locais próximos a espelhos de água, de onde apanhavam moluscos, peixes, pássaros aquáticos e seus ovos.

        As comunidades mesolíticas adotaram a prática da inumação dos cadáveres em abrigos rochosos, como se vê nos sítios mais representativos do período: Balzi Rossi (foto), Arene Candide, em Colli Berici (Covolo della Paina), em Capri (Grotta delle Felci) e em Positano (Grotta della Porta), a maioria delas costeira ou nas montanhas.

        O norte da península, menos afetada pelo contato com povos orientais, permaneceu mais atrasado até o V ou IV milênio a.C., com economia baseada apenas na caça. Na Ligúria, os grupos humanos continuavam ocupando cavernas e abrigos rochosos para moradias e sepultamentos.

        Na Apúlia começavam a surgir os primeiros aglomerados de pessoas por volta de 7.000 a.C., a maioria constituída de acampamentos em terreno aberto.

        Uma novação foi encontrada numa caverna em Addaura, no monte Pellegrino, perto de Palermo. Ali, entalhes datadas de 8.000 a.C. apresentam não apenas figuras de animais, mas também humanas, algumas mostradas como um grupo. Essa gente foi provavelmente ancestral dos sículos, cuja presença na Sicília data de 5.000 a.C., mais ou menos.

Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva