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" O piloto do Spitifire estava congelado, por quatro horas de vôo em meio à tormenta. Foi preciso arranca-lo entumecido da carlinga, enquanto os mecânicos, com jatos de vapor, derretiam o gelo nas presilhas dos aparelhos fotográficos. As fotos mostravam o fiorde OFOT e no meio dele, um petroleiro de 6.000 t, protegido por um anti-torpedeiro pesado, um quebra-gelos e três naves de escolta com boa artilharia anti-aérea ( possivelmente destroyer´s ). A missão foi planificada cuidadosamente, discutida com calma, como se tratasse do lançamento de uma nova marca de alimentos para cães. Na base, a paz é quebrada. Os mil e duzentos homens, aturdidos pêlos alto-falantes que soam no canto de cada barraca, despertam. Um trator arrasta vários carrinhos com compridos e pesados foguetes explosivos semi-perfurantes de vinte e sete quilos. Os mecânicos põem em marcha, esquentam e revisam os motores Rolls Royce 25 dos "Mosquitos VI". Depois, uma pesada jamanta cisterna, rebocada, percorre aparelho pôr aparelho, completando as cargas de combustível. Nos fogões, membros do Serviço Feminino auxiliar da RAF preparam ovos com presuntos "porridge" para quarenta pilotos e navegadores que intervirão na incursão. As tripulações são reunidas na sala de conferencia. O comandante explica: " o QG considera de suma importância destruição deste barco, que transporta gasolina de aviação de elevada graduação octânica para os doze aeroportos que a Luftwaffe tem no norte da Noruega. A previsão meteorológica não é muito boa, haverá neve e ventos gelados. Em compensação, talvez isso contribua para diminuir a atividade dos FW-190. Voaremos em formação de combate: seções de três e quatro. É preciso que não se atrasem, pois com esse tempo cachorro, perderão qualquer contato. Uma vez sobre o objetivo, "Revolver" atacara em primeiro lugar. Imediatamente, e somente no caso do alvo não ter sido destruído, atacara " Shark ". apontem, sem picar demasiado, a trezentos metros da base das chaminés, e seus foguetes explodirão na linha de flutuação." Se forem atacados pôr caças inimigos, circulo defensivo, reduzam a velocidade e fechem a curva. Se estiverem sozinhos, não há senão uma tática: mergulhar nas nuvens a toda velocidade, sem esquecer que tem quatro canhões de 20mm no nariz. Podem usa-las. alguma pergunta?...Bem, então e tudo...Boa caçada..." As 12;30 chove a cantaros, o mar se dilue na bruma e a neve se funde nos pára-brisas. Os aviões cerram a sua formação. Os olhos tratam de varar a neblina para descobrir a traiçoeira costa da Noruega, com seus blocos de granito cortantes. quantos aparelhos já se espatifaram contra estas arestas de " Skajaergaard " sem chegar ao objetivo... E isso que pensam todos os pilotos, quando a voz do comandante soa: - Guia de Revolver, chama... Procurem navio no setor 11 na proa de " Shark ", afundem-no antes que utilize o radio... Entre duas nuvens cinzentas descobrem a figura incerta de um pesqueiro, é preciso destrui-lo antes que denuncie o rumo dos "Mosquito". >" Shark " ataca e quatro projeteis deslizam debaixo de suas asas. Wuuuuuuffffffffff!!!!!!!!!!!!!........... Chamas se espalham sobre a água.... O pesqueiro partido em dois.....Restos, jatos de vapor......o barco afunda....... - " Vamos!!!!" ordena a voz do comandante. Os aviões planam mansamente rumo a semi-obscuridade das noites boreais. Os diálogos se entrecruzam: -" Girar a bombordo <<Revolver , rumo zero , um ,cinco". -"Maldito tempo! " -"Alvo á proa em dez minutos, comandante! " Passam sobre a ilha Barroy, com seus semáforos, sua estação de radar e seu farol de faixa branca e pretas. Uma bateria de 88mm dispara contra eles, sem conseqüências. Porem, entrementes, os alarmes começam a soar nas bases de Narvick e Elvegaard. Os Mosquitos roçam os restos de um torpedeiro alemão afundado a 13 de abril de 1940, o mar está muito próximo...o mar e também Narvick com seus pesqueiros, seus telhados negros e a torre de madeira da sua igreja luterana. -" Cuidado! fogo anti-aéreo !!!" - grita o comandante. De súbito, aparece o anti-torpedeiro. Seis aparelhos se lançam sobre ele. quarenta e oito foguetes o destroem em meio de fogos de artificio. Porem a artilharia anti-aérea de 88mm e 20mm disparam, dois aviões explodem . Um pára-quedas se desprende de um terceiro, que perdeu a asa. Os três navios de escolta são o próximo alvo. Outro mosquito se despedaça ao mesmo tempo que uma das naves começa a ir a pique. O fiorde e um turbilhão terrível! o inferno inteiro num caldeirão de paredes rochosas! Camuflados com listas brancas e pretas, o casco baixo e alongado o petroleiro descansa escondido no fundo do fiorde, alguns mosquitos conseguem franquear a barreira de fogo cruzado dos dois barcos de escolta restantes. -"Armar foguetes...todos" - ordena o comandante. As baterias anti-aéreas continuam disparando furiosamente. Vinte FW-190 aparecem no teto do fiorde e, a setecentos quilômetros pôr hora, se arrojam sobre os aviões ingleses. Um mosquito incendiado, se precipita contra uma torre de um barco de escolta. A nave começa a arder. Os projeteis anti-aéreos golpeiam o aparelho do comandante, o navegador está morto, um dos motores solta fumaça e o comandante esta ferido no estômago. O Comandante, perseguido pôr quatro caças alemães, roça o mar. Um FW-190 voa e vinte metros do mosquito disposto a dar-lhe o golpe de final e dispara a queima roupa. Os projeteis destroem a fuselagem. O segundo motor começa também a fumar e incendeia-se. Outro FW-190 dispara, seus projeteis explodem sobre o avião, mas também sobre o casco rajado no petroleiro. O comandante roça o gatilho e os oito foguetes partem, explodem, perfurando as paredes do petroleiro. O estrondo da explosão repercute no fiorde, o petroleiro voa pêlos ares. Um pouco mais adiante, o Mosquito do comandante se estraçalha contra os abetos da costa. Na pequena baia o espetáculo esmaece, restos do navio, uma grande mancha de petróleo sujo onde bracejam alguns homens com coletes salva vidas amarelos... um torpedeiro estraçalhado... e 36 fuselagens de mosquitos carbonizadas... ( Texto : retirado da coleção " A Segunda Guerra Mundial Nº 84 " editada em 1966 ) |
Ficha Técnica do Mosquito
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