DO SONHO À REALIDADE
A fixação das populações nesta região foi aumentando e, a partir de certa altura sentiu-se a necessidade de uma Ermida , até porque estas gentes eram de princípios religiosos Cristãos. A capela já existente na Lagoa da Palha indica-nos a presença de religiosos nestes sítios.
Conta-se que, pelo ano de 1869 um desses colonos, o religioso Adelino de Jesus sonha com uma capela na localidade de Pinhal Novo, onde se iria mais tarde ensinar a religião aos filhos de todos. Vem contar esse sonho ao seu amigo António Domingos Macau e logo pensam concretiza-lo.
Vão falar com José Maria dos Santos que, encantado com a ideia logo se prontificou a apoiá-los, mandando para o efeito escolher o local que mais convinha. Assim, em 1871 escolheram a fazenda que é hoje o Largo José Maria dos Santos para ser destinado à Capela e às festividades do povo.
Em 17 de Julho de 1872 foi feita a cedência ao povo , da referida fazenda com escritura. Entretanto é constituída uma comissão para a Capela que sem perda de tempo iniciam uma subscrição pelo povo para poderem dar inicio às obras da tão desejada Capela, tendo sido Esta começada em Julho de 1872.
A primeira missa foi celebrada em 2 de fevereiro de 1874, dias após se terem concluído as obras. A capela foi sendo melhorada até 1890 com poço, campanário e sacristia e acrescentada naquele ano , depois de demolido o alpendre antigo. As colunas do alpendre vieram do Convento de Brancanes e foram oferecidas por um benfeitor de Setúbal. Nesse mesmo ano começaram as obras da sacristia sempre custeadas pelo povo e, em 1890 a Capela foi acrescentada sendo demolido o referido alpendre.
Em 1887 foi criada na localidade a Escola Oficial que funcionou primeiramente na Sacristia e foi seu primeiro professor João Gouveia da Silva de Palmela, sendo começada a Casa própria da Escola em 22 de Junho de 1891 por Manuel Azenha e Manuel Escoural e custaram cerca de 1 conto de reis, vindo a fixar-se a 24 de Outubro de 1911 (?).
O Largo José Maria dos Santos é de domínio público há 103 anos. No entanto quando foi implantada a República o Estado chamou a si a posse do respectivo Largo. Mais tarde, já depois da morte de José Maria dos Santos (conta o senhor Manuel Godinho de Matos), o Prior de então, que usufruía do rendimento proveniente da farmácia (funcionando esta junto da Capela), temendo perder esse rendimento, move influências junto da casa dos Herdeiros.

Santos Jorge, sem qualquer intenção de lezar o Povo mas sim de garantir ao Padre esse rendimento e manter o Largo e a Igreja na pertença do Povo, seu verdadeiro possuidor, entra em demanda com a Câmara de Setúbal e veio a ganhá-la chamando a si a posse do referido Local.
O Tribunal, segundo se diz, por sentença de 2 de Janeiro de 1915 alegou que o Povo não tinha Personalidade Jurídica o que hoje já é discutível.
Sabe-se que foi feita nova escritura de oferta ao Patriarcado, no entanto para o Povo que tem desconhecido todas as diligencias, têm-se mantido na boa fé, julgando-se únicos possuidores por vontade expressa de José Maria dos Santos e por só conhecerem a primeira escritura que lhes deu a posse do Largo.
A nova escritura da oferta ao Patriarcado de 5.000 metros quadrados, que se diz existir, foi feita no mais completo sigilo. Só oito anos mais tarde o Povo tomou conhecimento, no entanto para estes, os termos da primeira escritura são bem claros quanto ao tempo da doação e há que honrar a memória de tão Grande Homem fazendo valer o seu desejo.Uma questão se levanta: a Junta de Freguesia tem poderes para receber bens imóveis por doação, explora-los, etc. sendo Esta representante do Povo não estará resolvido o problema da personalidade Jurídica?Todos estes problemas e desentendimentos culminaram com um levantamento popular corria o ano de 1974, sendo decidido oficialmente que o Largo seria unicamente destinado a zona verde, pelo que iria ser incluído no plano de Urbanização e colocado em haste pública.A prová-lo esteve a comparticipação do Estado de 224.000$00 para o seu ajardinamento comunicado à Câmara Municipal de Palmela, corria o ano de 1974.
Última actualização: Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999