
Pinhal Novo é filho de José Maria dos Santos e dos caminhos de ferro. Estes podem ser considerados como os motores de arranque. O resto do percurso, até aos dias de hoje, foi conseguido pelo bairrismo que une cada pinhalnovense.
As primeiras referências à região datam de 1806. Pinhal Novo era então uma região coberta de mato e de vinha pertença do Barão de S. Romão que habitava o palácio da Lagoa da Palha. Por esta altura são conhecidas também as Sesmarias da Fonte da Vaca, Terrim, Montinhoso e Arraiados. O Barão morreu em 1820 deixando os bens à viúva e ao filho.
José Maria dos Santos entra em cena nos anos vinte ao casar
a), não se sabe ao certo se com a baronesa ou a neta. Em 1830 começa a plantar mais pinhal e mais vinha nas proximidades de Lagoa da Palha. A História de Pinhal Novo começa a ganhar fôlego com o início da construção do ramal de caminho de ferro entre Pinhal Novo e Setúbal. Aliás, é devido à construção de uma estação dentro do pinhal que a região passa a ser conhecida por Pinhal Novo.José Maria dos Santos cedo se apercebeu das vantagens económicas que um caminho de ferro podia trazer. A madeira, os vinhos, o arroz e a preparação do carvão iriam chegar rapidamente a Lisboa. Mas nada seria conseguido sem mão-de-obra, foi preciso colonizar a região. O movimento migratório foi protagonizado pelos "caramelos" (gentes, talvez, da Figueira da Foz-Caramulo) e pelos "ratinhos" (gentes das beiras e do Alentejo). O empreendedor José M. dos Santos morre em 1913. Dois anos mais tarde é erguido um busto em bronze no Largo que ainda hoje tem o seu nome.
O Pinhal Novo nos anos 60Outros factos ocorridos ainda no século passado vão marcar profundamente a História de Pinhal Novo - a fundação, em 1896, da Sociedade Filarmónica União Agrícola e a construção da igreja, em 1874. Esta última é tão importante para os pinhalnovenses que a data foi comemorada 100 anos mais tarde. Em 1974 assinalou-se o 1º centenário da criação da paróquia de Pinhal Novo. A igreja tem ainda mais relevo uma vez que foi na sacristia, em 1887, que funcionou a primeira escola oficial.
A partir do início do nosso século Pinhal Novo desenvolveu-se rapidamente, agarrado ás origens mas sempre com os olhos postos no futuro. Em 7 de Fevereiro de 1928 é oficialmente criada a freguesia; nos anos setenta aparecem os primeiros jornais; nos anos oitenta ganha uma estação de rádio e é elevada a vila a 11 de Março de 1988; nos anos noventa quer ser concelho.
João Paulo Silva In Jornal do Pinhal Novo, Ano 1, Nº1
a)
Nos anos vinte JMS não havia nascido ainda, uma vez que ele nasceu em 1831, quanto ao casamento há quem duvide que ele tenha casado ou diga que não é conhecida a data do seu casamento.![]()
ORIGEM DA POPULAÇÃO
A localidade de Pinhal Novo começa a progredir com a inauguração do caminho de ferro, desde 1856.
Nessa altura eram raros os habitantes e todos trabalhavam na agricultura, para o dono do Palácio da Lagoa da Palha.
Existiam apenas três casitas; uma do lado sul da linha onde se vendiam comidas aos passantes e duas do lado norte.
No ultimo quartel do séc. XIX, os grandes proprietários da região começavam a colonização da zona para cultivar as herdades, destinando parte delas ao emparcelamento, cedendo pequenas parcelas aos colonos em regime de foro, transformando-se em seguida em propriedade particular.
A colonização foi feita por colonos sazonais, imigrantes que vinham trabalhar nos arrozais do Sado e da margem Sul do Tejo e também vindos para trabalhar no caminho de ferro, os caramelos.
A eles se juntaram os ratinhos e trabalhadores agrícolas do Alentejo, na esperança de virem a ser proprietários. Mas, a já reconhecida insuficiência de mão de obra na região fez com que o grande agricultor, José Maria dos Santos contratasse também pessoal da Beira Litoral e Vale do Mondego.
Estes trabalhadores vinham normalmente com um contrato, findo o qual, regressavam às suas terras sendo chamados depois com novos contratos. Eram por isso chamados de "caramelos de ir e vir". Outros porém, também chamados de caramelos fixaram-se na região, sendo suas descendentes algumas famílias bem conhecidas dos Pinhalnovenses.
O termo "caramelo" está relacionado com "caramuleiro" oriundo do Caramulo. Mas, ao certo ainda não sabemos realmente quem foram os primeiros habitantes destes sítios, nem de onde vieram ou quando.
Muitas histórias se contam. Diz-se que a Sesmaria da Lagoa da Palha seria pertença de um Administrador Espanhol do tempo da ocupação Espanhola. Esta Sesmaria e a da Venda do Alcaide seriam habitadas por uns raros protegidos dos seus titulares. Trabalhavam na agricultura e seriam filhos de famílias desconhecidas, oriundos de terras longínquas.
Sabemos que por aqui também passavam os Espanhóis, dirigidos à Moita do Ribatejo com as suas mercadorias destinadas a Lisboa, utilizando para o efeito uma estrada desde Badajoz, a qual ainda hoje é conhecida por "a estrada dos Espanhóis", que passava por Águas de Moura, Pinheiro de Sete Cabeças, Areias Gordas, Palhota, Venda do Alcaide e Pinhal Novo (actualmente Rua Infante D. Henrique), onde se encontram as casas mais antigas da Vila.
O caramelo, gente de princípios religiosos, foi-se fixando e crescendo, arroteando e cultivando os terrenos.
Os seus contactos com os povos já existentes nos arredores, mais propriamente nos lugares da Carregueira e Lagoa da Palha levam-nos à necessidade de criar um Centro Sócio-Religioso.
As primeiras manifestações organizadas por estas gentes acontecem por volta do ano de 1833, com o aparecimento do Círio da Carregueira, mas a grande força de imigração deu-se a partir de 1850.
Os Caramelos, originários de uma zona profundamente religiosa, trouxeram vários hábitos e costumes, mas quando chegados a esta região rapidamente os abandonaram.
Viviam num mundo à parte. Os rituais do casamento chegavam a prolongar-se por três dias. Ao principio casavam entre si, mas depois os cruzamentos foram inevitáveis.
A matança do porco é também motivo de festança, com jantarada, música e baile, em que confraternizavam os vizinhos.
Os funerais também tinham o seu ritual próprio e até foram criadas Irmandades com corpos gerentes, associações que faziam os funerais. São conhecidas duas Irmandades : a Irmandade de S. José na Venda do Alcaide com capas brancas e a do Senhor dos Passos com capas rochas. Ambas foram extintas em 1970.
A linguagem do Caramelo é bastante característica. O homem Caramelo é seco, rude, trabalhador. A mulher é anafada, de rosto corado, pele tisnada pelo sol e trabalhadora. É desconfiado, mas correcto nas suas obrigações para com credores e benfeitores. Tem uma natural propensão para o negócio e, por natureza também é divertido, gostando de festas e Romarias.Diz-se acerca dos Caramelos: "... gente religiosa e respeitadora, cumpridora dos seus deveres ".
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Última actualização: Segunda-feira, 22 de Março de 1999