Quero um homem que me conheça,
Que me penetre, não só a carne,
Mas principalmente o coração,
Com força, vigor e paixão.
Quero que me devore e me beba,
Não só o gozo do sexo,
Mas o prazer de estar junto,
De ser cúmplice e complexo.
Que me prenda e me enrosque,
Não só os braços e pernas,
Mas a alma, com abraços e toques,
Que ultrapassem barreiras externas.
Quero que me jogue na cama
E me use, não como objeto,
Mas como a outra metade,
Indispensável para ser completo.
Que me faça arrepiar e arder,
Não só de desejo e loucura,
Mas da febre de possuir e poder
Compartilhar sua candura.
Que me tateie e percorra,
Que aprenda meus caminhos,
Me oferte sua intimidade,
Me sufoque de carinhos.
Que desvende meus segredos,
Não todos, senão perde o mistério
E a indefinição que dá medo,
Que atrai e tira do sério.
Não quero ser sua vadia, sua meretriz,
Mesmo de forma carinhosa, de paixão.
Porque ele não admite que sua voz
Profane a pureza de minha devassidão.
Não quero ser seu espelho e nem seu reflexo,
Porque
ele não precisa ser orientado, nem de adulação.
Está comigo por afinidade e pele,
Por saudade e por satisfação.
Quer compartilhar meus momentos
Ao meu lado, sem mudar meu rumo jamais.
Quer ser amigo, meu porto seguro,
Mesmo que nunca venha a ser o cais.
Quero um homem que se mostre mortal
E felino, livre e escravo de meus olhos,
Atento e sincero, idoso e menino,
Rude e gentil ao dilatar os poros.
Quero um amante que me seduza,
Fúria e abrigo, calor e aconchego,
Dentes e lábios, pêlos e dedos,
A rolar na grama, a morder os seios.
Quero olhos e pálpebras piscando,
Gozo suado e mãos dadas,
Sexo e nexo, amada amando,
Liberdade e vidas atadas.
Rio, 06/08/00
Lílian Maial