Dores da Riqueza

Por onde andará a simplicidade
maior recompensa ao coração
Tudo que percebo, me desanima
Puros conflitos, dores e compulsão.

Homens de asas na corda bamba
Não mais felizes moleques de circo
Optaram pelo depressão onerosa
Consumo elevado do viver oprimido.

Neste faz de conta perigoso
sem rede de proteção e tranqüilidade
Deixam com estes jogos ardilosos
expressões fechadas de infelicidade.

Passeando neste desenho animado
Vejo vencer o materialismo atrasado
Os sonhos e as fantasias viraram
irreconhecíveis bonecos adestrados.

Vale mais um cordão a ouro banhado
do que um passeio pelo parque?
Sabe-se que nenhum shopping enfurecido
levará suas lojas para a eternidade.

Imagino a riqueza do milho doce
do açúcar deixando a boca melada
Lambuzar meus olhos e lábios com amor
do que padecer neste grão, ajoelhada.

Enquanto este filme estiver em cena
Nenhuma poltrona vazia estará
E mesmo que esta fita se estrague
Virá outra tirar-nos do nosso lugar.

©Andréa Abdala, 01/04/2000


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