"Percorrer hoje o velho casco urbano é partilhar um pouco da história portuense, é perscrutar épocas ao mesmo tempo tão longínquas e tão próximas: as casas com a porta larga que se abria para a loja e outra estreita que dava acesso aos pisos superiores; ruas como a dos Pelames (nela viviam os surradores), da Bainharia, Ferraria, Mercadores ou Caldeireiros onde predominavam os ofícios mecânicos mais ou menos arruados; a malha labiríntica do Barredo com os seus recantos, escadarias, ruelas apertadas, mas também com alguns notáveis edifícios dos séculos XV e XVI; os cobertos de Miragaia; a ferida que vai sarando pela reconstrução do bairro da Lada; o mercado de levante da Ribeira, um pouco como réplica do mercadejar antigo; o que resta da função portuária perdida que deixou velhos os carrejões e estivadores; as oficinas dos mesteirais, agora transformadas em casas de comércio, profusamente espalhadas pelo tecido antigo, compondo um ambiente peculiar tão bem retido por Pereira de Oliveira: « Pelas paredes e nos vãos das portas, e por vezes no próprio pavimento das ruas se vêem estendais de inumeráveis artigos (...) tudo sob o colorido esvoaçar da roupa posta a secar, pendente de velhas sacadas de ferro forjado, floridas de sardinheiras ou cruzando as ruas com estreitos abraços alvos a absorver as nesgas de Sol que a custo penetra. »".